De: Pedro Aroso - "Resposta a Vítor Silva"
Caro Vítor Silva
Contrariamente àquilo que possa ter ficado a pensar, não tenho rigorosamente nada contra a utilização das bicicletas como meio de transporte. Devo até confessar que estou a pensar seriamente nessa alternativa, porque a distância entre minha casa e o escritório é inferior a 2km e, com alguma frequência, faço esse percurso a pé para me manter em forma. Mas eu não sou exemplo para ninguém porque, nesse aspecto, sou um privilegiado: sou um arquitecto que trabalha única e exclusivamente em regime de profissional liberal, que não tenho patrão nem empregados, não tenho horários e, por norma, nunca ando de gravata. Como sabe, não é esse o caso da maioria das profissões. Além dos problemas que o TAF refere no seu artigo publicado no JN, andar de bicicleta tem outras implicações e constrangimentos, entre as quais destaco uma preparação física adequada, bem como indumentária e sapatos apropriados. Isto são realidades que não podemos ignorar. Além disso, também convém não esquecer o tempo da viagem. Actualmente, de moto, demoro entre 12 a 15 minutos a percorrer a distância (cerca de 7km) entre o meu escritório e a Câmara Municipal do Porto, onde me desloco com alguma regularidade. Não sei quanto tempo demoraria de bicicleta porque, apesar de nunca ter fumado, os meus 56 anos já começam a pesar…
Dir-me-ão que é uma boa alternativa para os mais jovens. A esse respeito, não tenho dúvidas. Faça um inquérito e pergunte aos estudantes universitários, de qualquer faculdade, quantos é que utilizam os transportes públicos. Como muito bem sabe, a grande maioria vai de carro. Acha que os convence a trocar a comodidade do automóvel pela bicicleta?