De: Nuno Brito Jorge - "Barragem do Foz Tua"
Caro José Ferraz Alves
Não tenciono criar discussões e lamento que se tenha sentido ofendido pela utilização da expressão "(des)informação" na minha mensagem de ontem. Se procurar um fundamento para a projecção das imagens de animais seguramente o encontrará nas medidas compensatórias. Até o Lince Ibérico podia vir projectado numa barragem, mas não me parece relevante nem adequado discutir as estratégias de comunicação e publicidade utilizadas seja por que empresa for... Apenas falei em (des)informação porque algumas das informações que referia o eram na realidade. A zona da foto não será submersa e a parede não terá 200 metros de altura.
Quanto ao desenvolvimento da região pela ligação da linha do Tua à linha do Douro e posterior ligação a Sanabria e Madrid, seguramente terá mais conhecimento sobre esse projecto do que eu. A verdade é que a linha funcionou muito tempo e não foi aproveitada para os efeitos que refere. E agora está desactivada há bastante tempo e a sua reactivação para fins comerciais também não é reclamada. O principal valor parece-me ser o do Património cultural/natural, que também a mim me dá muita pena perder... As promessas abandonadas depois dos factos consumados são verdade em alguns casos, mas é com a experiência que se aprendem as lições e se reparar existem na DIA de Foz Tua obrigações de dar continuidade, definir estatutos, elaborar planos de acção a largo prazo, fazer monitorização, etc.
Aproveito, porque partilhamos a visão de regiões mais fortes em lugar de um país centralizado, para lhe dar uma dica e fazer uma pergunta, que penso que podem ser úteis para o trabalho da Rede Norte.
- - Seria importante que organizações como a vossa pudessem ter um papel activo nas consultas públicas deste tipo de empreendimentos, promovendo um papel proactivo mesmo fora da Blogosfera. No caso de Foz Tua por exemplo está prevista a criação pela EDP da Agência do Desenvolvimento Regional do Vale do Tua. Acredito que a Rede Norte possa ter sugestões de valor a fazer neste caso.
- - As quantias astronómicas pagas pelos donos das obras (EDP, Iberdrola, Endesa, por exemplo) por terem ganho o concurso (à parte de pagarem tudo o resto) não deveriam reverter para o desenvolvimento das regiões onde se situam as barragens? Se existisse regionalização isto funcionaria de forma diferente?
Uma nota para concluir, não percebi o porquê da inclusão das mini-hídricas, são realmente um exemplo (imagino que de um desastre nesses casos de que fala) mas não servem de exemplo para as barragens, nem da referência ao modelo eólico Dinamarquês porque na Dinamarca não há praticamente energia hídrica (0,2%) pelo que são obrigados a encontrar outras formas de aproveitar a energia eólica se querem atingir os 50% de objectivo que se auto-propuseram. Do ponto de vista de gestão do sistema eléctrico, as barragens são na verdade uma óptima solução.
Esclareço que não quis tomar parte de barragens, ecologistas, nem de empreiteiros ou empresas, apenas participei porque gosto de consultar este fórum onde por vezes são debatidos assuntos importantes para a nossa região e país. Pareceu-me importante esclarecer alguns pontos.
Com os melhores cumprimentos,
Nuno BJ