De: Cristina Santos - "Os imobiliários e os proprietários também são culpados"
Caro António
Nunca aceitaria que Gaia, uma cidade enorme, não se modernizasse, mas isso não implica que o Porto tenha o mesmo tipo de modernização. Nós Porto vamos crescer para onde? Nós temos que crescer no mesmo sítio como uma árvore, alimentarmo-nos das raízes, da conservação do ar e do solo.
O Porto, mesmo estando parado, sem actualizações de maior, sem qualidade de vida, os proprietários continuam a exigir por casas velhas e sem condições milhares de euros, e assim não podemos ter mais gente, imagine que tínhamos instalado cá o Corte Inglês, suponho que os proprietários em torno aumentavam o preço para o triplo.
O que é que acontecia?
As pessoas continuavam a comprar casa em Gaia e a vir de metro ao Porto, os trabalhadores continuavam a ganhar dinheiro aqui mas a pagar direitos de propriedade em Gaia, os consumidores iam directamente ao shopping (que não é nosso) e não davam nada a ganhar a ninguém.
Estamos parados sim, o Presidente do nosso bairro anda um pouco desnorteado, onde já se viu deixar de recolher o lixo, andar a fazer peixeiradas com os jornais, não informar o povo, não justificar o futuro que pretende, abandonar os projectos de informação – isso é tudo verdade – mas convenhamos que é difícil, não conseguimos baixar o preço da Habitação e ao mesmo tempo não conseguimos valorizar a envolvente a ponto de justificar os preços pedidos.
Queremos ser Paris, mas falta-nos a tecnologia, o rigor, o que é certo é que todos continuam à espera do ovo no rabo do galo, quer-se restaurar e empreender e não se consegue negociar, com estes homens de pasta armada a exorbitarem os preços e a condenarem-nos à ruína.
Quantos jovens desejam cá morar e vão ver o preço de uma casa que necessita de uma reformulação geral e lhe pedem 100.000€ por 80m2 e 4 paredes ao alto que nem sequer podem subir?! Das duas uma: ou começam a deixar subir as casas velhas, ou então têm que baixar o preço, os vendedores imobiliários têm que ser controlados de uma vez por todas, as taxas que pedem acrescem muito dinheiro ao preço de rigor.
Portanto, António, admitindo que parte da culpa é do Presidente do Bairro porque não valoriza as envolventes, aceitando que o resto da culpa é dos imobiliários e dos proprietários, e que o Corte Inglês poucas mudanças traria, não se ofenda com o meu discurso, porque olhe que o meu bairrismo chega ao ponto de considerar que o Sr. Menezes devia falar pior na TV que o nosso Presidente… Ultimamente isso não acontece, claro que entendo que é um benefício regional, ao menos um que se pronuncie, mas lá no fundo e na primeira ripada encontro logo um senão em Menezes que mais não seja a gravata chegar-lhe às virilhas, que as casas de Gaia não tem isolamento acústico, bla, bla, bla., é-me muito difícil aceitar que nos tenham ultrapassado.
Mas, como dizia, a culpa é do Presidente, dos imobiliários e dos proprietários … e também da Sr.ª D. Laura, agora tem muito pouco que ver com o Corte Inglês.