De: António Alves - "Os presidentes de bairro"
Claro que lamentar a instalação de um centro comercial a 10 minutos do cento do Porto não faz sentido nenhum. Na realidade ele está no Porto; no grande bairro portuense localizado a sul do rio; ainda bem que assim é; pior seria se ele não viesse de todo. Mas também não é isso que se discute. O que se discute são o tipo de opções que os distintos "presidentes de bairro" tomam. Um faz opções que levam a que o seu bairro seja cada vez mais activo e cheio de gente; o outro faz precisamente o contrário: faz tudo para que as pessoas e as formas de vida económica moderna fujam do seu bairro. Aliás, este segundo comporta-se mais como presidente de quarteirão - o quarteirão da Baixa - do que presidente de bairro.
O Porto (bairro imediatamente a norte do Douro) não é nem nunca será Veneza. Não poderá nunca viver somente do "carisma" e do "postal romântico" que se vê do lado de Gaia. Há por cá - por enquanto! - muita boca a necessitar de sustento que não poderá alimentar-se exclusivamente de carisma e postais românticos. Quanto mais pujante for a economia dos restantes quarteirões do bairro Porto Central, mais meios (€uros) existirão para recuperar o quarteirão da Baixa. Não é preciso ter roçado os fundilhos das calças pelos bancos de qualquer faculdade de economia para concluir isso. Não há nada de bairrismos bacocos nisto.
António Alves