De: Nuno Quental - "Devagar... se vai ao longe"
Interessante o relato do Alexandre Gomes. Pena que a cidade de Dresden ou governo Alemão tenham optado pela construção da Auto-Estrada, mas fico apesar de tudo satisfeito com a "punição" da UNESCO. Ou muito me engano ou casos semelhantes começarão a ser mais comuns, a não ser que a atitude face ao património comece a mudar. É bom que aqui no Porto tenhamos este caso em consideração. Quero ver o que acontece se perdemos o título... Seria realmente gravíssimo. Acho que ninguém o quer, por isso devemos ter um cuidado redobrado com as intervenções na área do património mundial (lembro-me agora do projecto do Sr. Menezes do teleférico, que me parece uma ideia algo peregrina).
Já agora uma nota para o Correia de Araújo relativamente ao seu "devagar, devagarinho". Achei graça. É certo que há diferentes concepções do modo como a cidade deve evoluir, respeitar o seu património, espaços verdes, etc. Para alguns qualquer obra se justifica em si mesma, sem mais explicações. Outros põem outros factores na balança. Outros há ainda que olham de esguelha para essas grandes ideias que nos impingem, tantas vezes cheias de nada (por ex., aquela ideia abstrusa da nova cidade em Paredes).
Já reparou, Correia de Araújo, que, ao contrário do que sugere, se calhar as ideias malucas que aparecem por aí e acabam por ser concretizadas podem efectivamente explicar parte do nosso subdesenvolvimento? Quem é que hoje em dia considera que a construção dos 10 estádios de futebol para o Euro 2004 foi benéfica para o país? Por que é que as pessoas que alertaram para isso em tempo útil foram ignoradas?
Como disse outro dia o Vítor Silva, em face do nosso historial de erros temos todas as razões para ficarmos desconfiados quando nos querem vender mais uma dessas ideias sensacionais que vão mudar o país. Não vão, e o mais provável é que nos tornem ainda mais pobres, se as críticas fundadas forem, como costume, ignoradas...
Nuno Quental