De: Nuno Coelho - "Metro no Parque da Cidade"

Submetido por taf em Quarta, 2009-05-20 12:21

Bons dias, tardes, noites

Esta proposta de atravessamento do metro no Parque da Cidade é bem reveladora do modo de pensar cidade por parte dos nossos governantes e alguns dos nossos cidadãos. Já repararam que para construir um mamarracho tenebroso em frente ao mar que nem se sabia muito bem para que serviria não houve a mínima dúvida (e a novela que foi passar uns anos a coçar a cabeça a pensar que uso poderia ter... ridículo - constrói-se sem saber mas não há problema), mas agora para tentar manter um parque fabuloso e o nosso único é preciso levantar tanto alarido? Mas onde chegamos?

Não se acha anormal construir pontes pedonais a 200 metros de outra ponte, nem prédios a tapar a vista de mar de um parque urbano nem mais uma via a cortá-lo. Não, isto é tudo normal. É apenas o betão a seguir o seu sagrado curso.

Concordo com tudo o que o Nuno Quental disse. Aliás, fundamentalista é achar que não podemos nem devemos nos opor a mais um projecto que vai cortar mais uma porção dum parque fantástico. É para isto que o parque foi construído? Para ser um terreno mais ou menos bem relvado à espera de ser urbanizado num futuro mais ou menos próximo, em porções mais ou menos extensas? Não. Não foi para isto. O parque é um património valioso de toda a cidade e não está a crescer. Nem deve ser diminuído de modo algum.

Uma faixa em cada sentido é mais que suficiente para os carros que passam na marginal. Se não podem passar a 90 km/h, vão mais devagar, aproveitam e cumprem o limite de velocidade. E sempre podem atravessar de metro. Não é aceitável que por causa de utentes de transportes individuais que não aceitam perder mais uns minutos a usar uma estrada alternativa, ou a atravessar o parque usando o viaduto actual, tenhamos nós todos, tripeiros, matosinhenses, turistas, etc, de sofrer mais uma amputação do espaço verde. Aliás defendo que a instalação do metro deverá ser acompanhada de medidas que desincentivem o trânsito na marginal. O parque, a marginal e as praias são bens preciosos que temos para usufruir e para oferecer a quem nos visita.

Já chega de termos vias rápidas em frente a casa em vez de ruas agradáveis, canteiros em vez de parques, estradas com passeios em vez de ruas com vias. Temos de exigir aquilo a que temos direito!
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Nuno Miguel Gabriel Coelho
Ottawa - Carleton Institute for Environmental Engineering (OCIENE)