De: Manuel Leitão - "As contas fazem-se no fim porque o jogo tem 90 minutos, ou o Bolhão, etc."
Tenho cá para mim que certas analogias, mesmo usando as maiores vulgaridades da linguagem do mundo futebolístico, podem servir para ilustrar ideias e clarificar conceitos mais ou menos "torcidos". As recentes decisões (as anunciadas...) da Câmara do Porto sobre o Bolhão são certamente animadoras, pelo menos até determinado ponto. Também me parece que o novo programa rompe com o destrambelhamento de até há pouco tempo atrás, com todo o tempo (e dinheiro...) perdido com o folhetim TramCroNe. Mas não vai ser possível esquecer que tal se deve não à súbita iluminação dos espíritos do executivo camarário, mas sim - é mesmo importante ter memória, tenham lá paciência os que estão prontos a esquecer as malfeitorias passadas - à oposição da opinião pública da cidade, que mostrou à evidência as contradições do que aqui em tempos classifiquei de "projéctil", que a própria CMP se viu obrigada a desistir da sua teimosa entrega do Bolhão aos delírios tramcronistas. Mais uma vez fica, pois, provado, que o exercício da cidadania, não sendo garantia de respeito por parte da equipa de RR, é certamente a melhor forma de enfrentar e vencer as suas asneiras. Não há pois que bater palmas às novas promessas da CMP, há sim que continuar a vigiá-la para que cumpra o que promete, particularmente nos aspectos que parecem ser mais consensuais. Um que não o é, seguramente, é o da gestão do mercado: numa perspectiva casmurra de privatização a torto e a direito, lá vem esta de novo à baila, agora por motivos e com fins que devem ser explicados aos portuenses. E mais ainda numa época em que as notícias que chegam só nos trazem, quase minuto a minuto, factos e números arrepiantes do grande descalabro que varre a economia dominada pela tão enaltecida iniciativa privada e que consigo arrasta para o desemprego e a miséria diariamente milhares. Esperemos, então, pelo fim do jogo para ver se há palmas para bater ou "puxões de orelhas" para distribuir.
P.S. - O jovem marroquino (e muçulmano, D. Policarpo) que, segundo a imprensa, arriscando a vida, foi o principal responsável pelo salvamento do homem que ia morrendo afogado na Foz, merece, acho eu, ser aqui enaltecido: também ele é um cidadão do Porto, no que de mais valioso os tripeiros têm: a sua generosidade.
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Nota de TAF: a referência a D. Policarpo é injusta, ou melhor, provavelmente resultado de uma leitura apressada e de desconhecimento do que ele tem feito neste campo. Mas isso são outras questões para outros blogs. ;-)