De: Daniel Rodrigues - "Estação de S. Bento II"
Apenas duas notas:
Em todas as cidades europeias a Estação Central funciona como ponto nevrálgico da cidade. Com comércio, movimento, centros comerciais, sendo a porta de entrada para a Baixa todo o comércio tradicional. Na Suíça e Alemanha, países que conheço melhor, não há uma estação que não contenha valências comerciais, numa escala muito superior à existente no Porto. Não só cadeias de fast food, mas livrarias completas, lojas de recordações, farmácias, supermercados, lojas de conveniências, casas de chá, lojas de roupa, lojas de arte, lojas de electrodomésticos, etc, etc. Muitas são uma pequena extensão de lojas maiores que se encontram saindo da estação e caminhando pelo centro. O meu aplauso para transformar S. Bento neste sentido: tornaria a estação mais acolhedora, mais movimentada, mais utilizada, mais aprazível. Claro que compreendo quem queira ter um museu vivo, calmo e tranquilo para apreciar os fantásticos azulejos, mas a meu ver são opções a tomar, e que há muitos outros núcleos museológicos igualmente interessantes e cativantes para os turistas à procura de apreciar em paz obras de arte. A Estação tem vida própria, e não podemos lamentar o facto de ser empurrados por um turbilhão de pessoas enquanto estamos de boca aberta a admirar os painéis de Jorge Colaço.
A segunda nota vai para sermos responsáveis, e em vez de discutir como evitar a construção do centro comercial, exigir contrapartidas para a brutal rentabilidade que ele vai ter. De imediato, recordo uma: um acesso directo à estação de Metro. Não encontro outra palavra que não seja "ridículo" o facto de não existir ligação directa, subterrânea, protegida das intempéries, à linha amarela. É demasiado óbvio para não ser concretizado. Podemos apresentar esta aberração como parte do "pitoresco" Portugal, mas se queremos começar a tornar a nossa cidade mais aprazível, podemos começar pelas pequenas coisas. A isto chama-se "integração" de recursos.
Melhores cumprimentos,
Daniel Rodrigues