De: António Alves - "País sempre torto"

Submetido por taf em Quarta, 2008-11-05 19:04

Tabela de rendimentos


Aqui há uns meses escrevi um post que continha a tabela acima. Com ela eu pretendia demonstrar que a Região Norte não ganha nada, antes pelo contrário, em estar agregada ao estado português. Somos a região mais pobre e no entanto, nas contas do deve e haver com o estado, acabamos a perder. E não é pouco: cerca de 100 euros por habitante. Estes valores, principalmente o rendimento disponível, são muito mais importantes que o PIB per capita porque representam o que na realidade as famílias têm para gastar.

Dados do Eurostat  Dados do Eurostat

Fonte: Eurostat regional yearbook 2008

O Eurostat veio em meu socorro e confirma os dados que apresentei. A imagem acima representa a diferença entre o rendimento primário e o rendimento disponível em algumas regiões da União Europeia. Como podemos verificar, apenas as regiões Centro e Alentejo dispõem de um rendimento disponível superior ao seu rendimento primário. A Região Norte, apesar de ser a mais pobre (em valores per capita), cujo rendimento primário - que resulta do seu próprio trabalho ou dos seus investimentos - é cerca de 30% do rendimento nacional, nada ganha com a redistribuição efectuada pelo estado. Aquilo que ela paga em impostos e contribuições sociais é superior ao que recebe de volta. É paradoxal, contrário aos princípios do estado social, da solidariedade e redistribuição de riqueza, mas é um facto. E não parece que se vá alterar.

Ao contrário do que muitos gostam de propalar, a Região Norte não recebe nada da Região de Lisboa nem de qualquer outra. Sustenta-se a si própria e ainda ajuda a sustentar o estado (que reside em Lisboa). Cada um que tire as ilações que quiser.