De: TAF - "Notas breves"

Submetido por taf em Quinta, 2008-10-23 22:27

Sem tempo para escrever, aqui ficam algumas notas breves sobre vários assuntos.

1 - Este blog é público. Não tem uma causa, uma agenda. É apenas um espaço em que cada pessoa pode escrever sobre o Porto obedecendo a regras mínimas de civismo. Há implícito um apelo à tolerância, a deixar passar alguns excessos que por vezes se verificam. A tolerância é isso mesmo: aceitar conviver com aquilo que se acha ter passado um pouco as marcas, sem que tenha atingido uma gravidade relevante. Quem sente a falta de que se trate algum tema, tem bom remédio: escrever sobre ele. ;-)

2 - Nem tudo o que é escrito aqui tem qualidade nem, principalmente, haverá nunca consenso sobre o que é "qualidade". Aliás, nem só de "qualidade" é feito o mundo - um dos méritos que o blog tem, como resultado da participação de todos nós, é precisamente permitir o convívio entre quem escreve bem e quem escreve mal, entre especialistas e amadores, entre "figuras públicas" e "cidadãos anónimos", entre Executivo e Oposição, ... Ninguém é especialista em tudo ao mesmo tempo, ninguém tem opinião formada sobre todo e qualquer assunto: vamo-nos completando.

3 - Tenho com frequência recebido informação importante sobre questões diversas da vida da cidade, seja com origem anónima, seja por parte de pessoas que preferem não se expor publicamente. Já há dias expliquei a minha posição sobre esse assunto. Cada pessoa sabe de si e não quero com este comentário substituir-me à consciência de cada um. Limitar-me-ei a partilhar uma reflexão pessoal. É que alguma dessa informação diz respeito a casos de comportamento pouco ético, ou mesmo ilegal, que chegou ao conhecimento de quem me escreve. Eu compreendo os inconvenientes que uma denúncia pública, devidamente assinada, traz a quem a faz. Mas, não tomando essa atitude nem assumindo as suas consequências, não estaremos a prescindir da nossa liberdade? Não estaremos agarrados ao nosso conforto profissional? Não teremos passado a aceitar como inevitável aquilo que consideramos errado? Noto também que parte significativa dessas denúncias privadas que recebo (certamente bem intencionadas, não é isso que está em causa) partem de quem terá certamente qualificações superiores. Ou seja, partem de quem estará preparado para, individualmente ou em conjunto, se defender dos problemas que veja a sofrer por causa de uma postura mais activa. Afinal não estamos propriamente na lei da selva! Por muito que a Justiça demore, a exposição pública das situações (blogosfera, jornais, televisões, etc.) ajuda à defesa de quem resolve agir. Além disso uma denúncia clara, assinada, é uma arma muito mais poderosa do que informação passada discretamente. O mundo é aquilo que nós fazemos dele. Se "amolecermos" num país como o nosso onde, apesar das imperfeições, há Democracia e se respeitam os Direitos Humanos, o que aconteceria num contexto realmente complicado, onde verdadeiramente fosse precisa coragem?