De: TAF - "O anonimato no blog"
Caro Francisco
A questão que levantas é relevante e merece uma análise cuidada. Eu não tenho exactamente a mesma opinião que tu sobre este assunto, e passo a explicar porquê.
Para mim anonimato, só por si, não é sinónimo de irresponsabilidade. As regras que eu tenho seguido aqui n'A Baixa são as seguintes.
1) Em geral os posts são assinados e eu não faço nenhuma verificação da identidade do autor. Ou seja, aceito como verdadeiro o nome que me é apresentado, pois é esse o pressuposto de boa-fé que mantenho em relação aos participantes. (Já aconteceu que, a posteriori, vim a perceber que essa boa-fé tinha sido só da minha parte, mas não foi grave... - ver ponto 3.)
2) Já algumas vezes (não muitas) alguns participantes preferiram não expor publicamente a sua identidade. Contudo, informaram-me do seu nome real e escolheram um pseudónimo para efeitos de publicação. Não recomendo esta opção como regra geral, mas há casos em que me parecem aceitáveis os argumentos invocados (mesmo que eu, eventualmente, não tomasse esta atitude em circunstâncias semelhantes). Não se trata de desresponsabilização porque, por exemplo, em caso de processo judicial o próprio autor - ou mesmo eu - tomaria a iniciativa de revelar a sua verdadeira identidade. Trata-se apenas de manter a privacidade e, frequentemente, de focar a atenção nos argumentos que são apresentados (que é o que realmente interessa!) e não em quem os usa.
3) Quando algum texto faz afirmações graves (por exemplo que pudessem ferir a honra de pessoas específicas, ou levantar suspeitas sérias sobre instituições), eu faço uma verificação fiável da identidade do autor (mesmo que eventualmente aceite o anonimato público). Ou seja, o participante está perfeitamente identificado perante mim e portanto assume a responsabilidade do que escreve.
4) Este caso da SSRU é ligeiramente diferente dos casos anteriores. Fui contactado por alguém que não se identificou, e que me anunciou a existência do blog que possui. Não sei de quem se trata, apenas que afirmou ser uma iniciativa de um grupo de pessoas ligadas ao Centro Histórico. Atendendo a que se trata (pelo menos aparentemente) de um projecto sério de análise do que se passa nesta zona da cidade, expresso em termos civilizados e serenos, considerei que era um caso semelhante aos que enquadrei no ponto 2). Um blog é uma forma de "identidade online", tantas vezes mais relevante do que a identidade no "mundo real". Se porventura viesse a cair numa situação como a descrita em 3), aí eu não publicaria nenhum post nem referência sem antes confirmar a identidade real das pessoas envolvidas.
Continuo a achar que importantes são as ideias, e não as pessoas. Casos especiais, como os relatados acima, serão tratados de forma igualmente especial. Na minha modesta opinião, esta política editorial não prejudica o debate. Pelo contrário, em alguns casos permite melhorá-lo.