De: Pedro Bragança - "O veneno envenenado"
Caros, tinha prometido a mim mesmo não voltar a falar aqui n'A Baixa do Porto do assunto da Escola Soares dos Reis; temia estar já numa excessiva posição de (quase) propaganda mas ao assistir a tamanha demonstração de desconhecimento de causa e incongruência discursiva do meu 'colega' Luís de Sousa não resisti voltar ao tema. Este discurso – esse sim – absolutamente contaminado com um cinzentismo anti-Sócrates ou anti-qualquer-coisa de que a escola perde isto e perde aquilo e vamos todos cair na Barca do Inferno é tenebroso, terrível e faz-nos ficar imóveis. A verdade é que estamos perante aquele que é – não duvido – o melhor investimento púbico para o país a longo prazo deste governo (renovação do Parque Escolar).
Como por várias vezes já referi, também eu sou ex-aluno da escola Soares dos Reis (do grupo dos que passaram horas a ajudar na logística da nova escola) e vivi as instalações da rua da Firmeza como vivo a minha casa, ou agora a faculdade. Conheço também muito bem o projecto e toda a nova escola Soares dos Reis do arquitecto Carlos Prata que aproveito para felicitar. Todos podem utilizar os mais criativos argumentos – e pela experiência já os conheço quase todos – para desacreditar o fabuloso investimento público na nova Escola Soares dos Reis mas a verdade é que os alunos saíram do entulho para vir a ter aulas numa das melhores escolas a nível europeu. Resta-me informar que praticamente todas as salas estão dotadas de projectores, computadores, a biblioteca é fabulosa… Tudo mais. Além de mais, trata-se de um lindíssimo espaço arquitectónico dotado com uma inigualável exposição solar, por exemplo.
O discurso do meu caro Luís de Sousa sobre os acessos ao 10 ano da escola é tão ridículo quanto inacreditável. Se uma escola rejeita 200 dos seus 400 candidatos não significa que está a prestar um bom serviço público, porque a educação deve ser universalista principalmente em áreas tão restritas com o Design de Produto, Comunicação, Audiovisual e Artística. Mas bom, este discurso não é novo. Está, de resto, em total acordo com as bacoradas sobre a mobilidade dos alunos na Baixa do Porto. Isto como se eu, ou todos os meus colegas que saíram da ESSR para a FAUP, deixassem de frequentar a cidade do Porto no seu centro porque agora estudamos no Campo Alegre.
O discurso que baseia a escola nos professores completa todo o comentário que eu não compreendo. Enfim, basta-me dizer que durante as obras, possivelmente, mais alunos ajudaram o processo do que professores e que no meu último ano organizaram-se conferências, concertos de jazz e tudo mais de que o senhor primeiro-ministro falava e bem do 'Espírito da Soares' enquanto muitos professores continuavam irresponsavelmente passivos ou, até, estupidamente activos contra quem se movia. Felizmente há os bons e os óptimos a contrariar os tumores do sistema de ensino português. Mas a altura é de festa e convém relembrar que:
"Está-se bem na Soares" - José Sócrates
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Nota de TAF: Calma, calma... ;-)
A questão dos professores parece-me relevante, porque não há boa escola sem um bom corpo docente, estável quanto baste. Não é suposto os alunos serem apenas autodidactas colocados em boas instalações. Acresce que José Sócrates é, infelizmente, um péssimo exemplo de carreira académica, alguém que deveria ter algum pudor quando fala em exigência e qualidade no Ensino...