De: Cristina Santos - "Nem todos são sapateiros"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-16 23:32

Atenção que nem todos os portuenses são sapateiros.

A reabilitação urbana é um bem essencial à qualidade de vida em centros históricos – portanto é uma área com viabilidade a curto prazo.
A reparação de edifícios e eliminação de anomalias tem um mercado enorme nas periferias.
A manutenção de edifícios é quase um bem de primeira necessidade numa área urbana como a do Grande Porto.

Portanto aqui do lado da reabilitação ninguém está assustado, sabemos no que investimos e, melhor que isso - antecipamo-nos na experiência em relação às grandes empresas, que ainda não conseguiram redireccionar a sua actividade nessa área.

Os trabalhadores do restauro são poucos e é necessário formá-los, acompanhá-los hora a hora, as grandes empresas ainda não os têm.

Os técnicos superiores estão encantados pela criatividade que um restauro exige, pela variedade de soluções, estão disponíveis e dispostos para a área. As obras de reabilitação são poéticas, cativam também a população, no Porto qualquer vizinho da obra é encarregado de bancada, isto é favorável. Há empresas de restauro que afixam cartazes com slogans de evocação ao Porto, só por isso são bem vindas à urbe.

Na área da reabilitação o trabalho é personalizado, os trabalhadores trabalham com gentileza, sabem que um compressor desafinado pode deitar abaixo 3 edifícios no Centro Histórico. As condições de trabalho são condignas, equipas pequenas, gozam os fins de semana, as férias, os feriados, as pontes, sabem quem é o chefe e quem é o patrão, estão nos quadros de empresas que têm futuro assegurado.

Portanto o êxodo dos trabalhadores é um obstáculo a contornar, talvez tenhamos que passar a dedicar-nos a ensinar os ucranianos... Mas é a crise, quando passar já adquirimos a experiência no terreno, precisamos só aguentar-nos mais um pouco. Como se costuma dizer na area: Nunca se deita abaixo aquilo que se pode sustentar.

Bom fim de semana
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Cristina Santos