De: Cristina Santos - "O empresário pode pagar o que se paga em Espanha?"
Na reabilitação urbana de momento vive-se a situação inversa.
A reabilitação urbana exige uma formação contínua da mão de obra, leva-se 1 ano a transformar um Pedreiro de «obra nova» em Pedreiro de obras de restauro, 5 anos a formar um quadro de pessoal capaz e polivalente nas diversas áreas.
Nos últimos dois anos os preços dos serviços não aumentaram, em contrapartida os custos aumentaram o normal. Até aqui tudo bem, reduz-se a margem de lucro quase a 5%, o IVA para estas obras é também 5%, aumentam-se os quadros em 3%, e assim se vão fazendo as obras contratadas em 2003/2004 à espera que passe a crise.
O pior é que no último ano os trabalhadores não resistem aos 1500 Euros mensais + regalias oferecidos por Espanha, e por muito que se diga que qualquer trolha faz a obra – isso não é verdade muito menos quanto se investiu na formação desses trabalhadores que hoje são peritos.
O que é que uma PME faz nesta situação?! Quando vê os seus esforços irem por água abaixo pela concorrência desleal que vem de Espanha?! Como se podia suportar um ordenado de 1500 euros + regalias + segurança social + seguro + medicina no trabalho + impostos e continuar a prestar serviços?
É impossível porque raras são as pessoas que ganham 1500/mês para depois poderem suportar um restauro em que a mão de obra do obreiro custa esse valor por funcionário.
E assim, perante trabalhadores cada vez mais exigentes, aguardamos que os ordenados de todos os portugueses subam para esse valor para então poder remunerar os nossos com igual quantia.
A propósito venho agora do sapateiro, em conversa disse-lhe que tinha muitos clientes porque tinha na loja muitos sapatos, o senhor respondeu-me:«não, menina, vou mesmo fechar, aqueles sapatos são de pessoas que não têm dinheiro para comer, quanto mais para virem levantar os sapatos que mandaram arranjar...»
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Cristina Santos