De: Carlos Manta Oliveira - "Re: «Porto Sequestrado»"

Submetido por taf em Segunda, 2008-07-21 12:01

Caro Carlos Ruben e Tiago Azevedo Fernandes (entre outros)

Quem esteve sequestrado do Domingo não foi o Porto. Quem esteve e está sequestrado são aqueles que dependem demasiado do transporte automóvel.

Não participei na edição deste ano do Porto Bike Tour, mas participei na do ano passado. Eu moro em Gaia e no Sábado estive em Matosinhos. Obviamente que usei a Ponte do Freixo, e não vi nem 20 metros de "bichas". Esta é uma iniciativa que ocorre uma vez por ano apenas (infelizmente), e é amplamente publicitado durante meses.

A logística que envolve é enorme, dado o número de participantes. Desde as inscrições, distribuição de equipamentos e garantia de transportes, dado que os participantes se deslocam primeiro à chegada e só depois são transportados ao local de partida, onde os esperam milhares de bicicletas que estiveram toda a noite a serem montadas e preparadas.

Se a prova "incomoda" os que não participam? Sim, é verdade. Trata-se de um Domingo, logo não perturba a actividade produtiva, mas claro que limita a circulação automóvel. Mas desculpem lá que vos diga, mas esse é precisamente o objectivo! O objectivo é incomodar, é despertar atenções, é mudar mentalidades, é fazer ver que o Rei vai nu, é mostrar que sim, é possível andar de bicicleta no Porto, a geografia não é obstáculo, desde que houvessem ciclovias.

Será assim tão dramática perturbar a circulação automóvel num único Domingo por ano? Amigos, vejam o percurso da Maratona de Londres ou da de Nova Iorque (para não falar das duas de Lisboa). E já agora, façam algum desporto, andem de bicicleta. E não me refiro às estáticas dos ginásios de IVA reduzido, nem a passeiozecos na praia em que se transportam as bicicletas quilómetros em cima de um automóvel. Se queremos inverter o paradigma actual da dependência do automóvel e do petróleo temos que pelo menos tolerar incómodos uma vez por ano. Se não o queremos inverter, estamos condenados.

Rogo-vos por um mínimo de tolerância e de bom senso por uma iniciativa tão louvável, privada, independente, e que promove o desporto e hábitos saudáveis.

Carlos Manta