De: Alexandre Burmester - "Abuso"
Hoje uma vez mais a cidade do Porto voltou a ser invadida pelo abuso e pela incompreensão. Uma vez mais e a propósito de um passeio de bicicletas, toda a cidade nas suas principais vias de circulação, entre as quais a Ponte de Arrábida, a VCI, as marginais do Douro de Porto e Gaia, e as zonas costeiras da Foz e Nevogilde, foram interrompidas ao trânsito e consequentemente à circulação dos Portuenses e a toda a população em geral quer seja das cidades limítrofes como de todos os visitantes que a atravessam nestas principais vias.
Julgo que quem o permite não fará ideia do que será ter crianças ou idosos dentro de um carro horas a fio, compromissos assumidos sejam de trabalho sejam quais forem. Não fará igualmente ideia do que ouvem os agentes de trânsito que têm que cumprir as estúpidas ordens, e a raiva de quem quer usufruir de um fim de semana, sejam os Domingueiros, seja qualquer outra pessoa apanhada neste imbróglio mal organizado e sinalizado.
Já não bastassem as inúmeras maratonas que se organizam, as pobres e ridículas paradas militares e outras, para incomodarem quem ao fim de semana procura sossego, que ainda se inventam tantas outras, que para gáudio de uma minoria chateiam todos os demais. E tudo isto afinal vem a propósito do quê? De um passeio de bicicleta, onde os participantes por 15 euros ficam com a bicicleta e contribuem para a indústria chinesa? Para perceber que o Povo faz qualquer coisa se lhe derem qualquer porcaria? Para chamar a atenção de todos os desgraçados que não têm outra alternativa do que se fazer transportar em veículo próprio, até porque os transportes públicos são maus? Ou porque a propósito do uso de um transporte ecológico e salutar, que por acaso nem sequer é compatível com as ruas da cidade, pela ausência de ciclovias e pela sua topografia, fazem justificar o gasto de combustível das filas que proporcionam, e pelos trajectos que estes desvios obrigam? Ou para contribuir para o enriquecimento da população da cidade, contribuindo com uma bicicleta chinesa? Ou contribuindo para o seu gasto de combustível? Ou contribuindo para a impossibilidade de chegar ao trabalho e produzir?
Basta destas patetices política e aparentemente correctas, porque mais não passam de demagogia e de falta de respeito. Querem proporcionar passeios? Vão para onde a ecologia vos deve empurrar, para o campo, e não no meio do trânsito. Querem gastar dinheiro? Então façam o aeroporto de Lisboa e o TGV. Mas por favor deixem em paz os habitantes do Porto e arredores, respeitem o sossego e os seus direitos, e vão fazer barulho e confusão para outro lado.
Alexandre Burmester