De: Artur Gomes - "Condomínio do Aleixo seria desastroso para a Baixa"
Quando se fala de realojar habitantes de bairros problemáticos, não nos podemos esquecer que os problemas principais não estão no bairro em si, mas antes em alguns ou muitos dos seus habitantes e frequentadores. É certo que no Aleixo há trabalhadores sérios, mas também há muitos indesejáveis.
Colocar esses cidadãos na Baixa do Porto é péssimo para a Baixa do Porto, haja coragem para o dizer. Alguém foi perguntar aos habitantes da Baixa do Porto se querem ter traficantes e consumidores de drogas duras como vizinhos? Este negócio do Aleixo pode interessar imenso aos promotores imobiliários, mas não interessa nada aos resistentes que estão na Baixa do Porto. O projecto até é bastante simples, tiram-se os habitantes indesejáveis daquela zona da cidade, valorizando com isso aquela zona em detrimento da Baixa, que sairá prejudicada e desvalorizada. Claro como a água.
Traçando um paralelismo, acham que a Câmara de Lisboa teria feito bem em transferir a comunidade Africana e cigana da Quinta da Fonte para a Baixa Lisboeta? Ninguém no seu perfeito juízo diria que tal solução seria boa para Lisboa, felizmente para Lisboa não tiveram por lá um Dr. Rui Rio. Só nos resta esperar que este presidente da Câmara saia o mais depressa possível.
Realojem os habitantes do Aleixo no Aleixo. Eu não quero a Baixa do Porto transformada num acampamento cigano, numa feira de droga com cenas de tiroteio frequentes e com vítimas. Os cidadãos da Baixa têm que reagir. Querem transformar o Aleixo num condomínio de luxo às custas da degradação social (e não só) da Baixa. Vergonhoso. E no título digo seria desastroso para a Baixa, porque acredito que este projecto será travado.
Artur Gomes
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Nota de TAF: Não conhecendo o detalhe do plano, transcrevo a minha opinião publicada há já mais de 3 anos: «O "armazenamento" de um número elevado de pessoas com recursos financeiros reduzidos num único local, de algum modo segregadas do resto da sociedade, é em si mesmo inaceitável do ponto de vista ético. É, além disso, gerador de conflitos e amplifica as desigualdades sociais. (...) Saliento que a "população problemática" não é nem de perto nem de longe toda a gente que vive no bairro actualmente. É a minoria que de facto está marginal em relação a um convívio social saudável. É preciso "misturar" as pessoas do Aleixo com o resto da cidade, e vice-versa. O Aleixo tem que deixar de ser um território à parte.» Cada agregado familiar é um caso diferente e devia ser tratado separadamente.