De: Cristina Santos - "Colonialismo II"

Submetido por taf em Quinta, 2008-03-27 15:50

Um pouco no seguimento do post de António Alves, é preciso dizer que ao preço a que pagamos a electricidade, o gás, o carbono, o combustível e outros meios produtivos, não conseguimos vender os nossos produtos nem sequer em Portugal, não há hipótese. Os lucros de EDP, da Brisa dão rendimento aos accionistas, mas prejudicam a economia, os recursos, a competitividade.

Somando ao custo dos meios produtivos a carga de impostos que temos que suportar, as coimas, multas acessórias, não há produtor ou empreendedor que se aguente. O exemplo que vos dei ontem, fábrica de enchidos em Baltar, a passos da fronteira, onde a maioria dos trabalhadores são portugueses, onde se produzem enchidos que no mercado ficam mais económicos que matar um porco em casa, isto é o cúmulo, e levanta uma pergunta: se os trabalhadores são na maioria portugueses, se há tanto terreno livre em Trás-os-Montes, tantos supostos incentivos, porque é que os espanhóis não construíram a fabrica 5 km dentro do nosso País? Só nos meios produtivos fazem uma economia que arrasa com qualquer tentativa de produção made in Portugal, alimentar o porco deste lado da fronteira custa mais do que comprá-lo morto, limpo, esventrado aos espanhóis.

Basta ir à Galp a escassos km da fronteira para pagar o combustível mais barato, é no mínimo revoltante, um gozo pegado com os portugueses, e vem aí mais peso para as nossas costas, Quiotos, Regras, Normas, e Portugal à deriva sem qualquer investimento que permita aos portugueses equilibrar a situação. Acrescento o exemplo da saúde no sector privado: em Espanha por uma consulta com todos os exames (cardiologia, oftalmologia, prova de esforço, radiografia, ecografia, radiografia pulmonar) sem seguro paga-se 75€, em Portugal paguei por 5 minutos com um médico sem especialidade, 5 minutos com um especialista, 2 radiografias, 1 injecção e o tempo do enfermeiro 267€, na Casa de Saúde da Boavista. Só me lembrava das grávidas de Chaves e na eventualidade de terem que recorrer ao tal privado que lá vão montar, ou os velhotes, coitados quando perceberem a que preço está a saúde em Portugal, bem aguentam as 2 horas e tal para chegar a Vila Real.

O equilíbrio é só para o Estado, um Estado abusivo, desorientado, que vive sobretudo à custa do mais fraco. Não podemos suportar isto por muito mais tempo, temos que fechar fronteiras e fazer a regionalização, arranjar novos protagonistas, votar nos independentes que não têm qualquer partido e que por eles não se deixam representar. Os partidos de hoje não nos merecem respeito e não podemos ter esperança que a situação vai mudar, não vai, os protagonistas actuais são uma vergonha para a réstia de respeito que poderia haver pela política em Portugal.

Cristina Santos