De: Luís Filipe Pereira - "Concessionistas III"

Submetido por taf em Segunda, 2008-03-10 12:54

Caro António Alves

Concordo consigo que um referendo é uma forma de lançar a discussão e estimular o espírito crítico e a interligação e empenhamento da sociedade civil. No entanto a nossa concordância termina aqui. De facto, conforme refere F. Rocha Antunes, insinuar que todas as concessões "são negociadas em gabinetes fora do escrutínio de todos" é insultuoso. Considerar que tudo segue a mesma cartilha do casino de Lisboa, não é sério. Só por má fé ou falta de argumentos se poderia querer, de alguma forma, comparar o processo de concessão do Bolhão com o processo de concessão do Casino de Lisboa.

Quando às críticas que faz quanto ao modelo de concessão, gostava de perceber quais são as alternativas que defende, bem como quais são as suas propostas relativamente aos pontos que criticou.

1 - Qual o prazo a atribuir à concessão? 5 anos? 7, 10, 12?

2 - Propõe que a Câmara possa terminar o contrato a qualquer altura sem necessidade de indemnizar o concessionário? Repare que no limite o que está a dizer é que os actuais comerciantes do Bolhão e os novos que se venham a instalar, estariam sempre condicionados à vontade dos políticos que estivessem na Câmara. Então onde é que está a independência face ao guarda-chuva do Estado? A capacidade de desenvolver micro, pequenas e médias empresas sem ter sempre o Estado a bisbilhotar e a emperrar a iniciativa privada? A possibilidade de desenvolver e prosperar negócios familiares? Fica tudo dependente da boa-vontade dos políticos? Outra vez?!

Gostava que me conseguisse explicar como se conseguem fazer obras de reabilitação do Mercado do Bolhão, e concessionar o imóvel apenas por 5 anos. Não se incomode em tentar arranjar uma solução. Eu digo-lhe qual é a solução. Endividar a Câmara até ao tempo dos seus bisnetos! Ainda temos coragem de criticar uma solução que ao invés de deixar dívidas para o futuro, faz a reabilitação do Bolhão de uma forma financeiramente equilibrada, pois ao contrário de contrair dívidas a pagar pelas gerações futuras, cria uma fonte de receitas futuras para a cidade? Sejamos sérios!

É muito fácil agitar e incitar o medo nas pessoas, mais difícil é discutir as questões de forma séria e rigorosa, mas só deste modo se contribui de forma construtiva para o desenvolvimento da nossa região. Tudo o resto serão "gritos mudos"... Quanto à questão da ter medo ou não de Democracia, acho que a questão não é essa, Antes deveremos perguntar se respeitamos ou não a Democracia?

Cumprimentos,
Luis Filipe Pereira

--
Nota de TAF: Caro Luís Pereira, parece-me pouco produtivo, ou até contraproducente, defender muito agressivamente o ponto de vista de cada um de nós. Quando eu me disponho a debater algum assunto, parto sempre do princípio de que os meus interlocutores estão de boa-fé, caso contrário o diálogo nem faria sentido. É esse, aliás, o hábito que tento induzir aqui no blog. Quanto ao tema em questão, lembro apenas uma alternativa que diminui significativamente o investimento inicial, e portanto encurtaria radicalmente o prazo de concessão: não fazer o parque de estacionamento subterrâneo.