De: António Alves - "Concessionistas II"
Caro F. Rocha Antunes
Considera o argumento do prazo fraco. Eu considero-o forte e já disse porquê. Não estou sozinho. Existem muitos outros que partilham a minha opinião. Divergimos nesse ponto. É a vida, nada a fazer.
Nunca, em lado algum, poderá ler algo escrito por mim em que digo que me oponho a concessões a privados. Neste caso, como sabemos, e digo-o mais uma vez, acho o prazo excessivo.
Eu não faço insinuações. Limitei-me a dizer que aquilo que Pacheco Pereira disse se aplica perfeitamente a este caso. Sobre a opacidade das resoluções e soluções considero-me bem acompanhado por, por exemplo, Rui Sá, pessoa em quem nunca votei mas cuja honestidade está acima de qualquer suspeita. E relembro que no meu post, aproveitando as palavras de Pacheco Pereira, sublinhei apenas o facto de alguns governantes agirem como se o património público fosse deles. Alienar o Bolhão, com todo o simbolismo que ele encerra, por cinco décadas, sem consultar previamente os seus legítimos proprietários, parece-me claramente um caso desses.
Nunca tive a pretensão de apresentar uma solução. Sugiro apenas que se dê voz à população da cidade, porque sou de opinião que esta maioria não teve mandato para alienar património como o Mercado do Bolhão por 50 anos. A população que decida se quer mesmo concessionar o Bolhão por meio século ou, em alternativa, procurar uma nova solução, podendo esta passar por ser a cidade a suportar a recuperação ou enveredar por um diferente tipo de parceria com privados. Para recuperar o Bolhão outras soluções são possíveis e de modo nenhum excluem a iniciativa privada. Esta não é a única. Em resumo: alguém tem medo da Democracia?
Também costumo ler os seus textos com muita atenção e, acredite, tenho aprendido bastante com eles.
António Alves