De: TAF - "Bolhão: defesa do Mercado ou defesa de um projecto de arquitectura?"
Cara Rita Byne, agradeço os seus esclarecimentos. O que me parece negativo é juntar a defesa do Mercado do Bolhão à defesa de uma proposta específica de arquitectura para ele, como se fossem coisas equivalentes. Três notas adicionais.
1) Sobre a aprovação formal do projecto de Massena, na sequência do concurso de 1992, pelo que agora é o IGESPAR, a única informação sobre isso no respectivo site é "O Projecto de Execução para a Reabilitação do Mercado do Bolhão, seguiu critérios de defesa do Património (neste caso em Classificação no IPPAR), utilizados em Portugal e nos Países desenvolvidos.". Tendo o Mercado sido classificado imóvel de interesse público só em 2006, presumo que a anterior aprovação, existindo, já não seja válida, até porque as restrições agora serão maiores.
2) A introdução de pisos de estacionamento subterrâneo, de escadas rolantes e de uma galeria intermédia (propostas de Massena e também da TCN, julgo eu) implicam obras de grande vulto. A minha pergunta é: serão mesmo indispensáveis? Não podemos prescindir do estacionamento e optar por um projecto muitíssimo mais simples (e barato), mantendo o que está, apenas com a reparação estrutural que for absolutamente indispensável? E limpando, pintando, "refrescando"? E ocupando os espaços vazios? Isto que eu digo não é inovador, já aqui e aqui, por exemplo, foi sugerido.
3) A perspectiva de reservar espaços para as Artes, sendo muito agradável do ponto de vista do visitante do Mercado (e poderia até, em teoria, criar novos públicos), deixa-me muito preocupado quanto à sua viabilidade económica. A oferta já é bastante grande (tantos sítios em Miguel Bombarda, na Constituição, no Centro Histórico, junto à Faculdade de Belas Artes, em Gaia, em breve mais 5000m2 na Fundação José Rodrigues no Alto da Fontinha, depois a iniciativa da Fundação da Juventude no Largo de S. Domingos, etc., etc.) e eu não vejo nem procura de Arte nem tantos artistas com qualidade suficientemente elevada que justifiquem tamanha fartura. Infelizmente.