De: Rui Valente - "Aeroporto de estufa"
Cada vez me convenço mais que neste cantinho à beira mar plantado quando alguma coisa corre bem, resulta mais por obra e graça do divino espírito santo, do que por critérios de rigor e competência. A competência de muitos profissionais parece-me muito mais pontual do que lata e, às tantas, é aí que reside o problema.
Um leigo, como é o meu caso, imagina que alguém que se especializou numa determinada área de formação académica e profissional terá de ser pessoa mais avisada, mais preparada para os prós e contras relacionados com certos trabalhos.
Um especialista deve estudá-los muito bem, saber exactamente o fim a que se destinam, se vai servir a comunidade, se uma só pessoa, se os materiais previamente escolhidos são os de melhor adaptação ao projecto, se o ambiente e o clima a ele se ajustam e vice-versa e, só depois de pesados todos os aspectos tomar a decisão final.
Se a obra lhe é recusada pelo promotor, por questões de ordem económica ou financeira, e lhe é sugerida a alteração dos materiais adequados a fim de baixar o preço para poder adjudicá-la, sacrificando a qualidade e a segurança, o responsável do projecto só tem um caminho a seguir: recusá-lo!
Este critério trivial mas responsável, não pode ter sido seguido na caso do Aeroporto de Pedras Rubras que ainda há dias elogiei (parece que em má hora).
O TAF, mais uma vez, observou com toda a pertinência outro caso espantoso de fiasco no resultado global de uma obra, como é a do Aeroporto, em que não foram devidamente estudados todos os aspectos, nomeadamente o da climatização e de alguns materiais. Isto, até prova em contrário, claro.
Aqui está mais um caso em que o aspecto das coisas não pode confundir-se com o da sua qualidade.
Rui Valente