De: Rui Valente - "Nota positiva para Oliveira Marques"

Submetido por taf em Quinta, 2006-06-01 19:14

Dizem que a memória do povo é curta, mas eu preferia dizer que a memória de certo "povo" aviva-se ou apaga-se consoante o grau de satisfação das suas conveniências. Aqui, provavelmente por razões diferentes, subscrevo em parte, o que diz F.Rocha Antunes sobre a motivação dos berros "terem mais a ver com a adaptação à novidade, do que a uma recusa consciente da mesma".

Porém (não sendo adepto dos berros), dei logo comigo a pensar o que seria de alguns direitos laborais hoje "adquiridos" (como subsídios, 13º/14º mês, folgas, aposentações, etc.) se não fossem as greves, ou os berros mais ou menos ruidosos dos grandes movimentos populares promovidos pelos sindicatos. Provavelmente (salvo honaribilíssimas e raríssimas excepções de alguns patrões) ainda estaríamos com regimes sociais medievais, se às entidades patronais fosse confiada a defesa dos interesses das classes mais baixas.

Não precisam de me lembrar que já há quem comece a pôr em causa os tais "direitos adquiridos", mas tal como referi mais acima, essa será outra questão onde a memória do "povo" funcionará de acordo com os interesses de cada um: copo meio cheio para uns, meio vazio para outros e (o que é mais sério), vazio de todo para a uma grande maioria.

E é apelando à memória de alguns que hoje mandei de férias a crítica negativa (por menos tempo do que desejaria, mas esse não é problema meu), e resolvi abrir mais uma janela de ar fresco, daquele que tonifica a esperança, para vos falar de novo do Metro do Porto.

Fui baptizar-me na nova linha do Aeroporto e repetir a rota da linha Amarela até S. João de Deus, em Gaia. Continuo com a convicção de que tanto o Metro como o próprio Aeroporto, fechando tolerantemente os olhos a umas poucas "ratoeiras" (a grandeza destas obras justificam-no), foram as obras de maior significado realizadas nos últimos tempos na nossa região. E isso ressalta, não apenas da evidente melhoria de locomoção para os habitantes do Grande Porto, como sobretudo pela vida que veio emprestar a zonas da cidade, ainda há bem pouco tempo praticamente desertas. Há locais onde o movimento chega a ser impressionante e as pessoas se cruzam, naquele frenesim próprio das grandes cidades, e se misturam sem olhar a classes ou a caprichos. Acresce dizer que há por aí muito comerciante que poderá, enfim, respirar de alívio e (se tiver olhinhos) pode aproveitar esta oportunidade para se regenerar dos prejuízos causados pelas obras e partir para uma nova vida.

Cometeste erros, decerto. Poucos, na minha modesta opinião. É humano, mas terás corrigido outros tantos, o que só te engrandece. Mas, só por isto, bem hajas Oliveira Marques, a ti, e a toda a tua equipa de trabalho. Vais provocar ciumeira, não tarda muito, mas a vida é assim... e sabes uma coisa, não te conheço de lado nenhum, a não ser do lado pelo qual toda a gente te conhece.

Rui Valente