De: F. Rocha Antunes - "A polícia não faz o que lhe compete há anos"
Meus Caros,
Estou como a Cristina, não percebo este súbito aplauso a uma instituição que tem falhado redondamente a sua missão na cidade, a Polícia de Segurança Pública. Moro há anos na Baixa e nunca senti a polícia em nada que não seja a caça à multa e mesmo essa já foi transferida (e bem) para funcionários municipais, que só têm o problema de não trabalharem fora da hora de expediente, enquanto a necessidade de regulação do estacionamento é uma actividade permanente.
Ao longo de anos de obras e complicações de trânsito era raro ver um polícia a ajudar nas situações mais complicadas. A vigilância das ruas e praças é nula e a sensação que se tem é a de que estamos entregues a nós próprios. Eu não percebo qual é o conceito de segurança que existe no Porto, mas sei que, admitindo que há um, não resulta.
Há muitos anos que se sabe que é fundamental ter presença policial para conter a escalada do pequeno delito, e mostrar que se está atento às pequenas transgressões que criam a sensação de impunidade que levam a que, anos depois, andem aos tiros no meio da rua na maior das calmas. O livro de Myron Magnet, o Paradigma Urbano, explica como se deve fazer. Todas as cidades do mundo que pretendem ficar mais seguras seguem as recomendações da experiência de Nova Iorque, que tem por base essa ideia e resultados mais do que demonstrados. Este problema não é só da Baixa, é de toda a cidade e de toda a área metropolitana. E aqui, como em tantas outras coisas, o espectáculo televisivo não resolve nada, só o trabalho prolongado e sistemático no terreno. Na Rua, onde se ganha ou perde a batalha da segurança.
Francisco Rocha Antunes
Vendedor de lanternas
4.12.2007@gmail.com