De: Cristina Santos - "Paulo Morais II"
Caro Francisco
Sempre com o respeito pelas suas opiniões, digo-lhe que na minha visão o povo não pode ser demissionário, se um político levanta este tipo de questões, não podemos à partida considerá-lo inconsequente, cumpre-nos querer saber e apurar as razões dos argumentos apresentados, exigir que se investigue e que, no caso de existirem provas, nos seja possível valermo-nos delas para reduzir o défice que existe entre os direitos e as obrigações dos portugueses.
Repare-se que é conduta do Governo acusar todos os Portugueses de infractores, incumpridores, essas acusações nunca tem nomes, nunca denotam responsabilidades em relação as anteriores políticas desses mesmos governantes, mas são acusações consequentes, em prol delas o povo é punido e nunca o povo chama ao governo cobarde, porque na verdade o povo sabe que as acusações podem não ter nome, mas existem, podem resultar da má politica anterior, mas são acusações plausíveis.
Por outro lado, e com a noção da corrupção, o Governo vai fingindo casos políticos de incumprimento, que esses sim são sempre inconsequentes, mas também é culpa nossa.
Ora neste caso, em que é um Político se levanta e que está disponível para assumir as responsabilidades das suas afirmações, não devemos espezinhá-lo, devemos apoiá-lo sob pena de qualquer político temer trazer a público a verdade, porque ao trazê-la o povo ainda o enjeita. As acusações de Paulo Morais podem servir-nos para equilibrar a reciprocidade na democracia.
Podemos dissertar sobre os interesses pessoais de Paulo Morais, se é um filósofo ou litúrgico, mas isso não nos interessa, o que nos interessa é que de alguma forma seja possível atenuar o peso do Estado, com base no mesmo método que o governo preconiza.
Paulo Morais pode ter sido um mau vereador do urbanismo, mas estava muito bem no pelouro da Habitação. A mudança para o urbanismo podia ter resultado caso este vereador estivesse reunido de uma forte equipa de informação e planeamento. Sem equipa tinha no mínimo que adoptar uma postura prudente, ver aquilo que a sua formação lhe permitia ver e não aprovar aquilo que não tinha a certeza de ser possível.
Penso que não foi Paulo Morais que se auto nomeou para o cargo - impingir-lhe toda a responsabilidade não me parece justo, dado que o urbanismo é com certeza um pelouro difícil, mal gerido durante anos, com mau equipamento humano e físico.
Não interessa, já passou, o que interessa é que há um facto:
Um dos nossos políticos locais, (que pode não ter a capacidade de expressão comparável aos políticos lisboetas, nós povo nortenho também não a temos), está a denunciar uma situação que todos compreendem que existe, que nos prejudica, que cria desigualdades e prejuízos para a cidade. Que vamos fazer? – Vamos dizer que não merece a nossa consideração porque foi um mau vereador – ou vamos ouvir e exigir que se investigue e que se reponha a igualdade dos direitos que nos assistem?!
Pode ser uma oportunidade única.
Um abraço
Cristina Santos