De: Cristina Santos - "Ainda Rennes"

Submetido por taf em Sábado, 2006-05-20 21:26

Continuando com o assunto do seminário - o tema mobilidade como ponto de partida para a qualidade de vida e competitividade - curiosidades.

Rennes:

Estacionamento

  • - Foram criados 5700 lugares de estacionamento em 11 parques no centro da Cidade.
  • - Os moradores do centro da cidade têm tarifas especiais para ocupação desses parques, por trimestre pagam por ocupação 24 sobre 24 horas entre 150€ a 226€.
  • - Existem dois parques de estacionamento estratégicos GRÁTIS para os utilizadores Metro+Bus, basta que tenham bilhete ou passe devidamente validado para sair do parque sem pagar. (Tudo em nome da qualidade de vida).
  • - A primeira medida anula a necessidade de os edifícios possuírem garagem e a segunda incentiva o uso de transportes públicos, gera economia e qualidade de vida.

Metro + Bus + Star nuit

  • - O metro (central) circula com uma frequência entre 2 a 4 minutos, de estação a estação demora 1 minuto.
  • - Há uma linha de transportes especial estudantes e uma linha nocturna às quartas, quintas, sextas e sábados até às 4.30.
  • - Todas as estações têm ascensores para o acesso a deficientes.

Bicicletas

  • - 128 km de ciclovia, com 140 postos de aluguer e entrega situados na imediações das linhas dos BUS – uma alternativa ao uso da viatura.

Aeroporto internacional / TGV

  • - O Aeroporto tem em média 450.000 passageiros ano (embora tenha capacidade para o dobro).
  • - Voos directos para várias capitais, o que permite a esta cidade ficar apenas a 2.30H de Milão, Zurique, Madrid, Londres, Amesterdão.
  • - O TGV tem ligação de Rennes a Paris em 2 Horas (21 linhas com horários fixos) e 4 ligações directas para o aeroporto Roissy - Charles de Gaulle.
  • - As viagens de negócios podem ser realizadas num só dia, o que torna Rennes uma cidade acessível, a ligação desta cidade a Paris aproxima das condições essenciais à competitividade.

Auto estradas

  • - Aqui não percebi bem, mas acho que o orador afirmou que Rennes se ligava às cidades mais afastadas com auto-estradas gratuitas, sem portagem...

Place de la République – exemplo de erro de planeamento - Avenida dos Aliados

Durante a oratória foi-nos apresentada a Place de la République, uma praça central da Cidade como exemplo de erro de planeamento - aquando da instalação do Metro tinham optado por alargar os passeios e impedir o estacionamento, mas perceberam em pouco tempo que este espaço continuava a sofrer de excesso de tráfego viário, de uma agravada decadência do comércio da envolvente e de má qualidade do ar/ambiente.

Como solução essa Praça foi recentemente reordenada, o trânsito automóvel ficou reduzido a 1 faixa de um só lado da praça e 2 faixas para o Bus. Embora os comerciantes tenham reclamado de início, posteriormente verificaram que a estação do metro e interface bus tinha aumentado o número de utilizadores e transeuntes.

O orador dizia-nos que admitiam ter sido um erro colocar na Praça uma estação de Metro e continuar a permitir que o automóvel ocupasse a maior parte do espaço, que esse erro de planeamento provocou um custo de milhares de euros.

Ora a Praça referida tinha semelhanças inequívocas com a nossa Avenida dos Aliados e a segunda proposta era idêntica, se não igual, à do nosso arquitecto Pulido Valente.

O nosso Tiago Azevedo não se conteve e dirigiu-se à mesa, dizendo que a última solução para a Place de la République era idêntica à proposta pelo nosso arquitecto Pulido Valente para a Avenida dos Aliados, e que ninguém ainda tinha admitido que essa era a melhor solução, e o que é que achavam disso?

Bem, o Christian le Petit pediu informações à mesa e quando percebeu do que se tratava e do autor do projecto em curso na nossa avenida, não conteve o riso, disse que era melhor não responder e só se ria – Enfim, ficou bem patente a opinião da mesa sobre a proposta de Siza Vieira.

....

Nota 1 - Existe um contrato social entre Estado, residentes e entidades que é feito por zonas e tem como objectivo aproveitar e incentivar as pequenas iniciativas civis, sejam elas relativas à mobilidade ou a qualquer outro assunto da Cidade.

Nota 2 - Não referi no post anterior que tudo aquilo que foi descrito exigiu milhares de contos de investimento, suportados pelo Governo, UE e pelas Regiões, na maioria dos casos ainda não houve um retorno efectivo do dinheiro despendido e já preveem investir outros milhares em melhorias - nomeadamente novas linhas de Metro, Jardins, Rios pelo centro das Cidades...

Nota 3 - Le Arvorósiza, coincidência ou não é assim que soa o nome do arquitecto quando pronunciado em francês...
--
Cristina Santos