De: José Silva - "Estratégia de desenvolvimento dos transportes no Norte de Portugal"
1. A construção da Ota e libertação dos terrenos da Portela é uma PPP propositadamente cara para alimentar lobbies financeiros, imobiliários e da construção civil. A Portela não está assim tão saturada e com investimentos sensatos resolve-se o problema.
2. Através de práticas monopolistas do futuro dono da ANA, a Ota irá drenar a utilização do aeroporto do Porto, contribuindo ainda mais para o não desenvolvimento da região Norte e desvalorização do património imobiliário. A alternativa Portela +1, ou um novo aeroporto na margem sul, salvam Pedras Rubras.
3. A aviação civil consome 7% do petróleo mundial. Estamos no «Peak Oil», ou pelo menos no «Imposed Peak Oil», onde os produtores de petróleo, Rússia à frente, vão cobrar preços mais altos pelas suas matérias primas. Investimentos faraónicos em aeroportos é neste cenário uma medida suicida.
4. O Norte e Centro ainda são regiões industriais e exportadoras que necessitam de custos de transporte competitivos. Continuar a escoar mercadorias para a Europa via TIR não é sensato. O sensato é apostar nos portos e ferrovia. Assim faz todo sentido ligar o porto de Aveiro à linha da Beira Alta, como está a decorrer, e usar o Porto - Braga - Vigo para transporte de mercadorias. O que não faz sentido é que a linha do Douro e o ramal de Leixões, que liga o respectivo porto à ferrovia, não estejam a ser usados neste segmento. O que se passa com a intermodalidade rodo-ferrovia-portuária em Matosinhos, alguém sabe? O Porto de Leixões tem capacidades que o de Aveiro não tem e que precisam de ser potenciadas!
5. A modernização ferroviária, passageiros e mercadorias, como alternativa à rodovia para «combater» o Peak Oil, passa pela alteração de bitola e não pela existência de TGVs (comboios de alta velocidade, +300 kmh); estes só são rentáveis para elevadas distâncias. Para Portugal e para o Norte, comboios como o Alfa Pendular, de velocidade elevada (+200 kmh) servem perfeitamente.
6. O traçado Porto-Minho-Vigo em AP deverá ser bem estudado. A proposta do actual governo é Porto - Ermesinde - Trofa - Famalicão - Braga - PLima - Valença, sendo Braga - Valença em novo canal. Este traçado passa por concelhos que totalizam cerca de 400 000 pessoas. Alternativamente um traçado mais litoral que aproveite o ramal de Leixões a linha Vermelha do Metro do Porto e a linha do Minho a partir de Barcelos, servindo também 400 000 pessoas, passando por Vila do Conde - Póvoa - Barcelos - Viana - Cerveira - Valença, seria MUITO MAIS BARATO e libertaria verbas para SIMULTANEAMENTE avançar com a linha «Trans-Minho», ligando Guimarães - Braga - Barcelos - Viana e quem sabe um metro dentro de Braga. Cabe aos bracarenses saberem escolher e evitarem também o centralismo de Braga no Minho... A Ota também está(va) decidida e porém... Adicionalmente, o traçado de velocidade elevada pelo litoral permitiria sua utilização por comboios sub-urbanos e por exemplo a criação da linha Porto-Viana.
7. No tráfego rodoviário de passageiros, as autarquias devem agarrar-se rapidamente a projectos de construção de metros ou comboios sub-urbanos, aproveitando linhas existentes ou desactivadas, um pouco à semelhança do Metro do Porto. Porém, nunca confundir metro (ligeiro, mais lento, mais frequente, menores distâncias entre paragens) com comboio sub-urbano (mais pesado, rápido, menos frequente e com maiores distâncias entre paragens). É necessário evitar novos erros como é o caso do Metro do Porto para a Trofa, Vila do Conde / Póvoa do Varzim ou para a zona do Vouga.
8. Adicionalmente, a recuperação do troço final da linha do Douro entre Barca d'Alva e Fregeneda permitiria a sua utilização turística. Também a modernização da ligação rodoviária entre Bragança e Sanábria colocaria o nordeste transmontano a 3 horas de Madrid por TGV.
9. Além dos metros actuais (do Porto e Mirandela), do Metro do Mondego em planeamento, deve-se equacionar o Metro em Braga (cidade, metro Agueda - Aveiro - Gafanha (linha do Vouga Sul), Metro em Vila Real e Metro Espinho / Feira / SJoãoMadeira / OAz / Ovar (linha do Vouga Norte). Quase todos eles aproveitariam linhas estreitas antiquadas e com traçados à medida da tecnologia e urbanismo do início do século XX, bastando pequenas adaptações.
10. Com investimentos sensatos, todo o Centro e Norte de Portugal podem dotar-se de infra-estruturas ferroviárias a baixo custo, capazes de substituir importações de petróleo em alta, valorizarem património imobiliário urbano e exportarem competitivamente os bens cá produzidos. É preciso pressão da sociedade civil junto do poder local e central. Passe a palavra divulgando este artigo.
José Silva – Norteamos