De: F. Rocha Antunes - "O Porto agradece?"
Caro Rui Valente
Não tencionava voltar a ter de me dirigir a si para falar destas coisas mas o respeito que todos me merecem,incluindo o Rui Valente, obrigam-me a isso. Eu não lhe chamei nem bacoco nem primário, mas qualifiquei um texto seu como bacoco e primário, porque de facto o considerei, ao texto, como primário na opinião que formula a propósito dos lisboetas, onde se inclui, por exemplo, parte significativa da minha família.
Já não é a primeira vez que o Rui Valente se acha no direito de me julgar como mau cidadão por eu não apreciar as suas classificações primárias sobre os lisboetas, e está no seu direito. Foi também a única pessoa aqui, em quase 3 anos de blog, que me disse que eu não tinha o mesmo direito que as pessoas que aqui nasceram, e me fez ver que eu seria quando muito tolerado se me portasse bem. Eu não sou nem mais nem menos que qualquer outro cidadão e não lhe reconheço nenhuma autoridade especial para falar contra mim em nome do Porto. Quem chegou aqui depois, a este debate, foi o Rui. Eu já cá estava, portanto essa sua pretensão de me dispensar é, também ela, bacoca e primária. Repare que é da pretensão que falo, não de si. É que é diferente, embora nem sempre me pareça que faça essa distinção.
Este blogue é um espaço público civilizado no qual eu, como tantos outros, contribuimos o melhor que sabemos para discutir a Baixa do Porto - a recuperação da Baixa e os problemas da cidade e eu não abdico de participar nele só porque alguém se acha mais puro e se arroga ao direito de me dispensar. Quem não convive bem com opiniões diferentes não sou eu. Por mim, podem vir todos dizer o que lhes apetecer. Eu apenas não abdico de ter, sempre que achar, a minha opinião. Mais do que um direito, sinto a obrigação de defender a pluralidade deste espaço. Especialmente dos fundamentalistas, venham de que lado vierem.
Francisco Rocha Antunes
morador e eleitor em Miragaia