De: F. Rocha Antunes - "Aprender é importante"
Meus Caros
A regionalização é muito importante para o Porto porque permitirá ultrapassar esta situação ridícula de uma região desta importância ser gerida de forma independente em cada concelho, com uma lógica que valorizando excessivamente o que sociologicamente são as maiorias relativas de cada terra, nos conduziu à actual situação de total ausência de estratégia de desenvolvimento comum. Sabendo-se hoje que a verdadeira competição é entre regiões, não é preciso alongar o diagnóstico para saber que nesse campeonato nem sequer conseguimos formar uma equipa, quanto mais ir a jogo.
Por ser tão importante é preciso que todos os que a consideram essencial, e eu sou um recém-convertido nesta matéria, percebam uma coisa elementar: ainda não está ganha! Teremos que ter um referendo e é preciso que nesse referendo a ideia tenha mais votos a favor que contra. O que significa que é preciso conquistar votos a quem no referendo inicial votou não. Como eu.
Não resisto a fazer um paralelo com o que se passou com o referendo ao aborto: no primeiro referendo, a sobranceria dos apoiantes do Sim foi tal que muitas pessoas se sentiram ofendidas e, na dúvida, votaram Não. No segundo, mais recente, foi do lado do Não que se sentiu essa sobranceria, e o Sim ganhou. Também aqui parece demonstrado que as posições extremadas ou primárias prejudicam mais do que beneficiam o lado que as assume.
Quando vejo aqui defender a prática política de que Alberto João Jardim é o expoente máximo, de um populismo despesista ao estilo do presidente de Gondomar, ou quando vejo diabolizar os lisboetas de forma primária e bacoca lembro-me das razões porque da primeira vez votei contra a regionalização: na dúvida, não dar espaço ao que de pior o populismo trás. Não vejo que vantagens esse tipo de linguagem traga para a causa. E sei o mal que pode trazer: uma nova derrota, essa sim trágica, da ideia de regionalização. Os fins não justificam os meios.
Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário