De: Paulo Pereira - "Regionalização"

Submetido por admin em Sexta, 2007-03-16 23:58

Concordo totalmente com o Rui Valente que estamos já numa fase de tentativas quase desesperadas para conseguir um sistema político eficaz e justo para o Porto e para o Norte. Só uma região com uma dimensão mínima pode bater o pé a Lisboa. Mesmo uma Área Metropolitana é muito pequena para ter relevância numa discussão séria com o poder central.

O facto, que é aqui quase consensual, é que com este regime centralista (há alguém que não perceba este ataque frontal ao Metro do Porto, adiando novos investimentos para 2009, quando se gasta centenas de milhões de euros por ano no Metro de Lisboa), o Porto e o Norte só perdem e muito. A enorme subida do desemprego e os baixos salários dos que têm emprego, só podem ser contrariados com uma deslocalização de serviços públicos para o Porto e para o Norte, e com estratégias rápidas de apoio ao desenvolvimento empresarial, decididas e geridas regionalmente. Ao mesmo tempo precisamos de um mecanismo de responsabilização, o que só se consegue com políticos eleitos e não com comissários nomeados directamente ou indirectamente em Lisboa.

A democracia representativa, com partidos, é até ao momento a única forma de governo que funciona (mais de 2 séculos de boas experiências em muitas partes do mundo, e muito más experiências de outros regimes), por isso não adianta pensar que alguém vai descobrir outra forma de estruturar uma democracia. Quem quer ter protagonismo político relevante deve ingressar num partido ou ajudar a fundar um novo, sem que isso signifique que todos os cidadãos não possam ou não devam intervir dando a sua opinião, mas não devemos esconder esta realidade: política activa implica quase sempre partidos, mesmo os ministros ou deputados independentes só lá estão enquadrados num contexto partidário que ganha eleições. Os partidos enquadram e amortecem as opiniões e ideias dispersas de cada indivíduo e sintetizam uma estratégia para colocar em prática essas ideias.

O importante é decidirmos ter a regionalização o mais rápido possível, já que depois dessa decisão tudo é muito simples (se bastou 1 ano para fazer a actual Constituição nacional, talvez 6 meses bastem para uma lei orgânica das regiões) e podemos copiar o exemplo de 2 ou 3 países da União Europeia. Ter regionalização é ter muito mais capacidade de dirigir os nossos destinos, pois temos uma capital que não entende nem quer entender o resto do país. Mas temos de ser Nós os do Porto e do Norte a querer. Sem uma determinação forte e realçando permanentemente as pequenas diferenças em vez dos grandes interesses comuns, perderemos sempre.