De: Rui Valente - "Regionalização+Protagonismos+Recrutamentos"

Submetido por taf em Sexta, 2007-03-16 18:05

ACERCA DA REGIONALIZAÇÃO
Seria de uma grande utilidade para todos nós, se fizéssemos algum esforço para aceitarmos como princípio, quando procuramos alternativas para o que funciona mal - como é o caso da governação do país - chame-se ela Regionalização ou outra coisa qualquer, que ninguém é senhor e dono da moderação no que à interpretação sobre o assunto respeita. A Regionalização, como tudo, terá os seus inconvenientes mas tem, sem dúvida, tantas mais vantagens quanto durante anos a fio os governos sucessivos deste país tiveram e têm tendência para a macrocéfala concentração do poder, como vem sendo constatável. Portanto, não me parece que haja aqui qualquer sintoma para a criação de mitos, mas antes tentativas (já quase desesperadas, é certo) de optar por outro tipo de governabilidade.

PROTAGONISTAS POLÍTICOS
Se é verdade que fazem falta os protagonistas políticos do Norte, essa verdade adquire maior projecção quanto é certo que eles não existem. Na Câmara do Porto, os políticos da oposição são o que se sabe. Por indolência ou por conveniência, parecem ter ficado impressionados com o discurso "anti-berro contra Lisboa" do nosso dinâmico autarca, fazendo questão de estar tranquilos e caladinhos ou então de falarem quando não é preciso. Os do PS, é claro, sentem-se espartilhados pela famosa disciplina partidária e à falta de ousadia, pelo caminho, obrigam-se a ir engolindo uns sapinhos ou uns sapões, como foi o caso de Francisco Assis (ontem na RTP) a dizer ámen ao contestadíssimo projecto da OTA.

RECRUTAMENTO PARTIDÁRIO
Não me parece necessariamente obrigatório que um cidadão que contesta os partidos e a política por eles exercida, tenha que se inscrever como militante para os poder criticar com mais autoridade, porque é ele mesmo cidadão que, através do voto, lhe confere essa autoridade. O que, diga-se, é pouco porque, quando o eleito não tem valia, os cidadãos são obrigados a aguentá-los, no mínimo 4 anos. Na realidade, aí, o cidadão passa a ter pouca autoridade decisória, mas continua dono e senhor de uma outra autoridade, não tão objectiva, mas indiscutível, que é a de dizer aquilo que pensa. Além disso, pessoalmente, não me revejo muito nas potencialidades desta democracia onde é permitida a aldrabice compulsiva dos seus mais altos representantes, o que em nada os dignifica. Para além disso ainda, os partidos adquiriram má reputação, por culpa própria, porque se habituaram a fazer promessas sem quase sempre as cumprir, por terem um discurso populista na oposição e outro "dito" mais realista quando no Governo, mas que, em muitos casos, ultrapassa o discurso utilizado em ditaduras.

Rui Valente

PS - Procurando ir de encontro às preferências do Dr. Rio Fernandes em evitar o diálogo, optei por esta forma de registo, mas assumo que esta é a minha resposta ao seu comentário, sem que tal belisque minimamente a consideração e respeito que, enquanto pessoa continua a merecer-me.