De: Cristina Santos - "Jornadas da Reabilitação Urbana"

Submetido por taf em Sábado, 2007-03-03 23:56

Teve lugar hoje na ESAP no Largo de S. Domingos a primeira conferência promovida e participada por cidadãos interessados na revitalização da cidade do Porto. Salvo melhores conclusões:

A única forma de reabilitar a Baixa é iniciar, depois de iniciar, acumular experiência, conhecimento aplicado, partilhar tudo isso e reagir. Como bem explicou o Francisco Rocha Antunes, não há razões para continuar na apatia, apesar da reabilitação ser um investimento pouco explorado é um dos únicos investimentos rentáveis e garantidos para os próximos anos.

A reabilitação urbana parece-nos complicada, porque o Estado a monopoliza e regula de forma burocrática*, parece-nos tudo difícil porque só olhamos para grandes projectos como o Loop ou as Cardosas, mas a par destes podem vingar outros, que vão preencher o tecido, auxiliar o sucesso dos grandes e receberem factores de valorização e rendimento. Se projectos como o Loop ou Cardosas vingarem, o mercado na cidade não pára, portanto é do interesse de todos pequenos, médios e grandes, criar este «cluster».

Vocês imaginam o valor que um apartamento para férias pode ter, nas proximidades destes projectos? Uma loja? Um café, Um restaurante?

«Cada caso é um caso» para cada investimento, um projecto, uma promoção, uma obra, conforme se trate de restauro, reabilitação ou renovação. Há que encontrar uma resposta adequada, o promotor terá essa função, o de encontrar um projecto que corresponda às expectativas de mercado e à disponibilidade temporal e financeira do investidor. As melhorias e facilidades só vêm com a experiência.

Temos excesso de casas, excesso de arquitectos, excesso de construtores, se estão quase todos na falência, porque não arriscam juntos? O proprietário investe o edifício, o arquitecto o projecto, o promotor a promoção e o construtor a obra - mini OPAs, para combater aquela OPA ameaçadora que o José Silva denunciou. Os factores essenciais estão conjugados, terminamos infra-estruturas na cidade, estão em curso vários projectos de envergadura, temos ligações à Europa, ao turismo, agora há que preencher o plano intermédio. Seja ao nível do quarteirão, seja à escala individual.

José Silva demonstrou que face à actual conjuntura política não podemos ficar à espera do Estado, temos que criar alternativas. Estando o poder em Lisboa é natural que lá se concentrem os serviços públicos, e o nosso peso é mínimo nas decisões centrais, mas podemos criar outras atractividades, por exemplo um turismo acessível que gere rendimentos para um turismo cada vez melhor. O Porto não pode ficar à espera que Portugal arranje dinheiro e que o Governo nos atribua uma fatia justa. Há pressão para que o investimento se situe em Lisboa, as outras cidades devem procurar alternativas, não há dinheiro suficiente, temos que ser nós a gerá-lo, temos um mercado global que visa o lucro, vamos explorá-lo, investimento nas habitação e habitação para turismo.

* Na próxima sessão será abordada esta questão, será que é tão dificil como se pensa?
--
Cristina Santos