De: TAF - "Cheguei agora da conferência..."
... e queria deixar aqui umas impressões rápidas.
1) Nota muito positiva para o evento. Ao contrário do que é costume nestas ocasiões, não houve "palha" nem dos oradores nem do público. Arlindo Cunha, Artur Santos Silva e Helder Pacheco tiveram intervenções interessantes e complementares. Não houve propriamente grandes novidades, mas fez-se o ponto da situação, levantaram-se questões relevantes, deu-se uma perspectiva histórica. O ambiente foi sereno sem ser morno. A sala foi pequena para o número de pessoas, com muita gente de pé até perto da uma da manhã.
2) Parece-me que da parte da SRU ainda há uma perspectiva muito "estatista", ou "intervencionista", do processo da reabilitação do Porto. Apesar de Arlindo Cunha ter sublinhado o papel da iniciativa privada, fico com a sensação de que a SRU ainda não assimilou completamente o facto de que só deve ser um "catalisador" do processo de reabilitação urbana.
Quem vai concretizar a renovação do Porto vai ser a sociedade civil, a iniciativa privada. A SRU só está lá para desbloquear o processo, dar o exemplo e colmatar as falhas da actuação privada. Por isso faz-me impressão ouvir falar tanto em planos e estratégias. Eles são necessários, mas só para a "espinha do peixe". Não se queira ensinar aos privados aquilo que eles sabem fazer melhor do que as entidades públicas. Deixemos a cidade respirar e crescer sem super-protecção.
Preocupa-me a excessiva tolerância que vejo na SRU em relação à apresentação de resultados concretos com alguma rapidez. Como bem lembrou Santos Silva, são os casos de sucesso que vão chamar gente e servir de alavanca a mais renovação e mais investimento. Não podemos esperar 10 ou 20 anos para sentirmos mudanças palpáveis. Não se pode aceitar que só haja nessa altura feedback significativo das políticas que estão a ser aplicadas agora porque, se elas se revelarem ineficazes, aí já será tarde demais e não sobrará nada para reabilitar.
É importante que a iniciativa privada assuma o seu papel. A SRU e a Câmara estão, melhor ou pior, a esforçar-se. Santos Silva sugeriu à SRU um sistema de garantia mútua para apoio a bons projectos privados que não encontrem resposta adequada no sistema financeiro - que o assunto não seja esquecido.
Gostaria de ver muito mais gente a mexer-se sem esperar apoios públicos nem condições ideais. Também gostaria de ver Gaia integrada no Porto como um primeiro passo (apenas o primeiro) para uma gestão do território mais sensata. Isto e outras coisas...
Foi um bom aperitivo para as Jornadas. ;-)