De: Mário G. Fernandes - "A SRU e o património"
A preocupação pela falta de respeito da SRU em relação ao património, aqui recentemente expressa por Jorge Garcia Pereira, não é nova, infelizmente. Também já aqui expressei preocupação sobre a eventual posição da SRU no que toca à preservação dos valores patrimoniais. Receei, na altura, que a necessidade de atrair investidores fizesse a SRU ter critérios demasiado largos e ajustados ao querer daqueles. Defendi, então, que no caso de Sá da Bandeira se não devia seguir o "puro fachadismo" (2005/05/19), mas antes a "preservação dos elementos mínimos definidores da essência da morfologia do conjunto edificado ... as fachadas, as profundidades e as empenas de cada edifício, provavelmente o tipo de telhados" (2005/05/21). Não foi sem fundamento que também referi: "espero que a SRU não vá por aí, mas temo-o" (2005/05/17).
As razões para o temor baseavam-se no facto de saber que a Braga Parques, proprietária de grande parte do quarteirão de D. João I, não queria o impecilho de tanta preservação a aumentar os custos da obra. Para fazer um parque de estacionamento subterrâneo era mais fácil ficar só com as fachadas e era isso que a empresa pretenderia. Não foi isso que o arquitecto contratado pela SRU entendeu. A Braga Parques juntou-se com os restantes proprietários e apresentou um projecto alternativo, da autoria do Arqº Burmester, que propõe a preservação apenas das fachadas dos edifícios de Sá da Bandeira, ou seja, o que a Braga Parques sempre quis. E preservar as fachadas já era uma concessão.
Mas, afinal, quem faz a cidade? Não é a câmara porque deu poderes à SRU e a dispensa de planos de pormenor; não é a SRU porque quer fazer obra e necessita de agradar aos investidores; é a Braga Parques com o arquitecto que ela escolhe. Curiosamente, comparando-os, o primeiro projecto e o segundo diferem pouco e, no essencial, a diferença está nesta questão: um é mais preservador, o outro é mais arrasador e libertador... da Braga Parques.
Cumprimentos.
Mário Fernandes