De: António Alves - "Bicicletas e também eléctricos"
Cara Cristina Santos
Bicicletas no metro de Lisboa? Acredito que sim, mas olhe que eu nunca vi e ando nele quase dia sim, dia não. Pode ser que haja quem as use, mas são certamente menos do que aqueles que andam com elas no metro do Porto. Tenho visto algumas, não muitas vezes, no metro do Porto, principalmente na Linha da Póvoa aos fins-de-semana. As estações em Lisboa são muito pouco funcionais nesse aspecto: são fechadas com aquelas maquinetas de controlo de acessos. Não dão jeito nenhum para fazer passar uma bicicleta por lá. Muitas nem sequer elevadores para deficientes têm. Tem a certeza que essas suas vendedoras não vieram de Viena?
Outra coisa é o metro na Boavista. Para chegar ao mar e ao parque da cidade não é obrigatório descer a Boavista. Esse é apenas o caminho mais fácil, mais a direito e mais barato de levar mais uma linha a Matosinhos. Tem apenas um grande senão: não é o percurso mais útil. Será apenas uma obra de fachada, ou de 'regime', que não resolverá qualquer dos problemas a que se propõe. O metro deve servir o Campo Alegre, a Pasteleira, Serralves e a Foz, que é onde há gente. Deve também, preferencialmente, ser subterrâneo. Na Boavista seria muito mais avisado meter lá um eléctrico igual aos de Viena, por exemplo. Ou então um troleicarro, como fazem em Salzburgo. Já agora não nos esqueçamos que ainda faltam duas linhas prioritárias: Gondomar e prolongamento da Linha de Gaia até Santo Ovídio. Talvez um dia destes, no intervalo das suas contemplações umbiguistas, isto é, de olhar embevecido para os lindos, faraónicos e caríssimos projectos da Ota e do TGV, o governo de Lisboa decida alguma coisa.
António Alves