De: Rui Valente - "De Lisboa, para o Mundo!"

Submetido por taf em Sexta, 2007-01-26 17:45

Ao ler o mais recente post de Alexandre Burmester, lembrei-me imediatamente daqueles "optimistas" que amiúde neste espaço refutam como urtigas as opiniões mais contestárias (como é o meu caso) a que muito civilizadamente chamam "choradinho" ou "muro das lamentações".

Já aqui escrevi várias vezes a ideia que faço da política e dos políticos em Portugal, da subordinação incompreensível com que muitos portuenses (e não só) aceitam a prepotência do poder central e as regras de uma democracia-alibi forjada à perfeição para albergar a incompetência e a desonestidade de muitos políticos. O caso da vereadora do urbanismo da C. M. Lisboa é apenas a ponta de um icebergue cuja dimensão exacta nunca chegaremos a conhecer, mas que nos deixa imaginar o muito que ainda ignoramos e nos permite interiorizar definitivamente a certeza de que aquilo que se faz na capital não é exemplo para ninguém, seja em que área for. Para aquelas pessoas que tanto se melindram com as críticas feitas ao poder central configurando-as em toda a sorte de complexos e de provincianismos, eis aqui mais um excelente exemplo de cidadania! De Lisboa, para o resto da parvónia!

E o que dizer da atitude de João Cravinho? Que nos sabe dar a volta a "todos", com oportunas intervenções críticas ao próprio Partido sobre o combate à corrupção, ao mesmo tempo que faz as malas para ocupar um suculento "tacho" na Administração do Banco Europeu? Ora, confessem lá se estes senhores não sabem muito mais e melhor olhar pela vidinha deles do que pela vida do país (Durão Barroso, deu o exemplo...)? Digam lá agora se a política não é o trampolim ideal para se subir na vida? Enquanto no Governo, João Cravinho foi um dos que mais bloqueou a campanha pró-regionalização, pouco tempo após se ter mostrado favorável à ideia. É assim. Afinal, o que é preciso é ginástica mental e moral, porque nós cá estamos para os aturar, em nome da sacro-santa democracia!

Por isso digo que, comparado com estes artistas, Pinto da Costa é um aprendiz de feiticeiro. Em Lisboa, e por toda a Nação Benfiquista, anda tudo ansioso a esfregar as mãos de contente convencidos que Maria José Morgado vai tirar da cartola da "justiça" um coelho cadastrado por todo o tipo de crimes e com o nome do Presidente do F. Clube do Porto. Cá para mim, algo me diz que a montanha vai - à imagem de outras montanhas antigas - parir um rato. Apenas com uma particularidade, não desprezível: é que, a este ratinho chamado Pinto da Costa, os portuenses ainda estão em dívida, porque projectou e projecta como ninguém o nome do Porto por esse mundo fora, através do futebol (que é o seu domínio), ao contrário daquilo que acontece com outros ratões da política, pregadores de transparências e lizuras a quem só devemos desprezo e a impotência de não poder metê-los na ordem, no momento e no sítio certos.

Rui Valente