De: Cristina Santos - "Ainda a entrevista"
Ponto 1 – O senhor Presidente e bem está a assumir em relação aos Bairros sociais a posição de senhorio. Diz também que de 4 em 4 anos os inquilinos poderão beneficiar de um programa que lhes permite comprar materiais para obras a realizar nas casas municipais por 30% do custo real.
Quando os bairros foram ocupados estavam novos e nem isso evitou a sua degradação precoce, como pretende garantir a médio longo prazo a conservação e o respeito pelas obras realizadas? O grosso dos 50 mil inquilinos continua no desemprego, as rendas foram aumentadas, a formação cívica é precária, acha que o restauro dos blocos vai só por si devolver-lhes a auto-estima e condições para criarem os seus filhos? A grande maioria dos jovens dos bairros continuam sem ocupação, sem programas de inserção, o abandono escolar é um problema latente, como vai promover a inserção deste jovens que são actualmente um vulcão em trabalho de parto?
E como se dá a inserção social, os inquilinos dos bairros passam a convidar a população para visitar o bairros só porque estão pintados e não metem água?
E os inquilinos que não vivem em Bairros mas sim em casas municipais, esses vão merecer alguma atenção?
Ponto 2 – O senhor Presidente aposta no modelo SRU e nas vantagens que este modelo dá aos privados, para que estes invistam na reabilitação da Baixa do Porto.
Parte portanto do princípio que investidor com olho não deixará passar em branco esta oportunidade, mas será que a atracção de investidores não passa também pela recuperação do ambiente da Cidade, da mobilidade, da limpeza, da segurança, dos espaços verdes?
E na eventualidade de os investidores não investirem nos próximos 3 anos, o que restará de positivo, não existe esta hipótese, foi estudada esta probabilidade?
Gaia está a apostar numa dinamização do Centro histórico (ribeirinho) já alojou ocupantes dessas áreas e apresenta um plano estratégico, pensa que o Porto tem vantagens em coordenar forças em aliar-se a este projecto, o que difere entre os 2?
Ponto 3 – O senhor Presidente no mandato anterior apostou muita da sua força na tentativa de inclusão dos arrumadores, como se verifica os problemas de droga e exclusão não acabam com a reintegração de um grupo, é um processo contínuo, que exige uma força e presença constante, a droga não acabou e todos os dias há novos toxicodependentes. Estão identificados os locais de maior concentração e derivação deste fenómeno, está a ser feito algum apoio directo nesses locais? Os arrumadores continuam a ser identificados? E no que diz respeito ao controle e rasteio de doenças como a tuberculose acha que a CMP tem responsabilidades nessa matéria? Depois de 3 anos de experiência no programa Porto Feliz acha que valeu a pena, vai mudar alguma coisa ?
Ponto 4 – O senhor Presidente é um acérrimo defensor da linha do Metro na Avenida da Boavista, acha que este projecto ainda é possível? Como pretende defendê-lo junto do Governo Central? Não acha que beneficiava a AMP uma gestão independente das receitas, uma autonomia regional que evitasse a disparidade que existe entre os avanços de Lisboa depois da Expo 98 e o Porto em 2006?
Bem, isto era o que eu gostava de saber, não quer dizer que seja o mais importante, no entanto penso que será unânime que para pôr Rui Rio à prova o confronto directo com situações passadas não é a melhor opção, para «entalar» Rui Rio é preciso falar-lhe do futuro, só assim podemos medir a sua valia.
Quanto às jornadas, concordo com a organização proposta por Rio Fernandes, não me ofereço como oradora, como já viram tenho um escasso poder de síntese, distribuam tarefas, as me tocarem serão cumpridas.