De: Alexandre Burmester - "Cultura o que és e para que serves?"
Pegando no tema da Cultura e num post que aqui foi colocado e pouco comentado, de Carlos Araújo Alves em 16/11, e porque na altura tive outros “valores que se levantaram” relacionados com o post: “Ao Vereador - «Leitor Activo»”, não tive oportunidade de comentar este tema. Mas como nunca é tarde, faço-o agora.
Analisando os dias que correm, em que a Indústria zarpou para a exploração da mão de obra dos países ex-comunistas como a China e outros, os Serviços administrativos para os países “Call Center” como a Índia, as empresas estão sedeadas nos paraísos fiscais, e são dominadas pelos cada vez maiores grupos económicos tradicionalmente Europeus e Americanos, mas que se vão tornando Russos, Japoneses, Árabes, ou tão Globais por pertencer a tantos… que a pergunta que sobra é onde a Europa e nós em particular em Portugal nos devemos situar no futuro próximo? Qual a aposta a fazer?
A solução é óbvia e tem quase só uma resposta – Cultura.
(Este é um tema demasiado complexo para poder ser exposto num post de um Blogue, mas assim mesmo vou levantar alguns aspectos, na expectativa de acrescentar alguma coisa à discussão que actualmente se faz por aqui.)
E é a Cultura porque:
- - Pelos anos de Conhecimento de que somos depositários da nossa História;
- - Pela forma e estrutura educacional, que nos faz culturalmente “revolucionários”, “contestatários”, “conceptualistas” e “criativos”;
- - Pelo Património da nossa civilização que continuará a atrair cada vez mais forasteiros. (O Egipto ainda nos leva a visitá-lo pelas suas Pirâmides.) Se a nossa civilização baseada nas Pirâmides ou Templos passou por Gregos, Romanos, Idade Média, Renascimento, Idade Moderna, Revoluções Industriais, e a tantos outros movimentos mais ou menos modernos, continua a criar e a produzir um sem número de objectos que são referência no panorama Mundial;
- - Pela capacidade de vender Mundialmente a “Imagem”, a “Marca” e o Status. (Por muito que o Toyota se pinte de vermelho nunca será um Ferrari);
- - Pelos padrões estéticos que orientam o desenho, a música, a imagem, a moda…, que regulam as tendências mundiais, e que serão sempre a origem da “mais-valia” criativa do artista, independente da produção industrial do produto;
- - Pela fasquia de qualidade que atingimos, e que se situa bastantes furos acima da geral;
- - Pela forma de vida “civilizada” que serve de padrão comportamental mesmo nos países mais díspares culturalmente;
- - E finalmente, pelos padrões sociais e políticos que a Europa atingiu, e que a maioria dos outros Países anseia e que dificilmente concretizarão.
Pelas razões, em tópicos, acima apontadas deveria entender Portugal, porque a Europa e os Países civilizados já o entenderam há muito, que o investimento na Cultura é bem mais importante e mais lucrativo que os TGVs e as OTAs. E que se a Festa da Música poderá só dar 1% dos proveitos do Euro do Futebol, só custará 0,01% deste. (Sem desprestigiar o Futebol, que também é cultura.)
Por estas razões acho que a Câmara do Porto faz o investimento correcto na Reabilitação da Baixa, na tentativa de privatizar o Rivoli (embora apenas apresente razões monetárias), e uma avaliação completamente incorrecta, porque ignora e é ignorante, dos investimentos Culturais que deveria fazer na cidade.
Alexandre Burmester