De: Assunção Costa Lima - "Histórias da minha rua"
Paragem de autocarro e outras coisas e loisas da Rua Clemente Meneres
A paragem de autocarro em Clemente Meneres, no Carregal, não é de agora. Foi colocada ali logo após a inauguração do primeiro troço do túnel de Ceuta (30/07/2005). Nesse dia alguns cidadãos presentes na inauguração reclamaram junto das autoridades presentes da falta da paragem e, passados poucos dias, ela ali apareceu. Só que foi sol de pouca dura: com obra ainda no início da Rua D. Manuel II os engarrafamentos de trânsito foram tais que foi desactivada e só reactivada agora.
A paragem existia já antes da obra, mas situada no topo do jardim, na rua Dr. Tiago de Almeida, onde agora se situa a primeira saída do túnel. A necessidade e utilidade da paragem é indiscutível: para além de servir toda a zona com particular relevo para os utentes do HGSA e quem a ele se dirige, é uma paragem intermodal já que serve os transportes que seguem pela Rua do Rosário, os que seguem pela Rua D. Manuel II e os que seguem pela Rua Alberto Aires Gouveia.
Realmente a sua colocação é um monumento à falta de planeamento da obra: para cumprir a necessária missão de intermodalidade a paragem tem de ser colocada na rua Clemente Meneres, onde a sua existência parece não ter sido planeada. A praça de táxis ali colocada é indispensável face à proximidade do HGSA e não se vislumbra para onde possa ser mudada, o estacionamento reservado a ambulâncias e viaturas de socorro na rua Dr. Tiago de Almeida é também inevitável dado que dentro do perímetro do HGSA não existe capacidade para tal.
Fica apenas a dúvida sobre a localização da paragem na rua Clemente Meneres. Os larguíssimos passeios e os vários rampeados de acesso a edifícios privados parecem tornar aquele ponto como único para a sua colocação. Curiosamente colocada num dos pontos onde o passeio é um pouco menos largo, frente a dois edifícios em ruína, aí não perturba qualquer morador ou casa comercial. Porém parece-me que seria possível deslocá-la para um ponto mais próximo do Instituto de Medicina Legal entre duas das muitas rampas ali existentes, ou eliminar alguma ou algumas das rampas (trata-se de interesse público que, parece-me, se deverá sobrepor ao privado). Reduzindo os passeios o trânsito não seria afectado. E essa redução seria uma obra de caridade feita à rua. Efectivamente os passeios são usados essencialmente como local de estacionamento, por vezes em duas filas chegando mesmo a impedir a circulação de pessoas a pé. Servem também de atalho de trânsito para viaturas de menor dimensão (motorizadas, carros pequenos, etc.) sempre que o trânsito atasca. Passando aí diariamente mais que uma vez, cuido sempre de não ser atropelada no passeio... Também já tenho sido invectivada por não sair de cima do passeio quando alguma viatura quer sair ou entrar no “estacionamento”. E esta hem?!... Tentando obviar esta questão a CMP faz por vezes fiscalizações ao local rebocando os infractores e aplicando, presumo, as correspondentes multas. Ora aí está uma excelente fonte de receita... Há dias colocou na rua, para o efeito, uma viatura de serviço e um rebocador. Só que, como não tinha onde os estacionar, teve de os colocar em cima do passeio! Fantástico!...
A estreita faixa de rodagem tem ainda causado algumas situações curiosas. Qualquer obstrução na rua, por pequena que seja e por pouco tempo que dure, provoca engarrafamentos que chegam a atingir a Rua de Ceuta! Recentemente um autocarro dos STCP avariou, ao fim da tarde, a meio do troço da Rua Clemente Meneres entre a Travessa do Carregal e o Beco do Paço. O engarrafamento foi tal que foi necessária a intervenção da polícia para reordenar o trânsito, fazendo-o circular pela rua Dr. Tiago de Almeida. Nesse dia, para aceder ao meu local de estacionamento, com acesso pela Travessa Jaime Rios de Sousa, tive de a descer em contramão (claro que com a devida autorização policial)! E mais esta hem!?....
O autocarro avariado só pôde ser retirado bastante mais tarde. Interrogo-me sobre o que sucederia se, naquele lapso de tempo que foi considerável, ocorresse algum problema (por exemplo um incêndio) nos prédios que se situam na Rua Clemente Meneres a jusante do ponto onde o autocarro a obstruía. Seria, certamente a confusão total. Numa cidade de becos e vielas onde o acesso a viaturas de socorro é muitas vezes dificultado pela estreiteza das vias, ter criado, voluntariamente, mais uma é, do meu ponto de vista, uma aberração. Mas, cada um tem a aberração que merece e, pelos vistos, os “carregalenses” merecem esta...
Os poucos locais de estacionamento autorizado estão, naturalmente, sempre ocupados. É um excelente negócio para o arrumador (perdão, eng.º de tráfego) lá do sítio. Residindo ali tenho, por vezes, de efectuar cargas e descargas para a minha residência e de transportar de e para a viatura uma pessoa idosa com dificuldades motoras bem como alguns dos meus netos, todos ainda bebés. Se paro na rua entupo o trânsito, se paro no passeio (se aí tiver lugar) posso ser multada. E mais esta hem?!...
Já agora mais um detalhe: desde há largos anos (bem antes de começar a obra) que a drenagem das águas pluviais no troço da rua entre a Travessa do Carregal e o Beco do Paço era péssima. Bastava um pouco mais de chuva para que a inundação atingisse os passeios chegando a água a entrar por baixo das portas dos edifícios dessa zona. A circulação a pé tornava-se impraticável, não só pela água existente nos passeios como também pela água levantada pelas viaturas que passavam na rua. Feita a obra era de esperar que o problema tivesse tido solução. Mas não teve e parece mesmo estar pior. Em dias de chuva começa a inundar logo no princípio da rua e o lençol de água estende-se até meio do troço entre a Travessa do Carregal e o Beco do Paço. No Verão a simples água de uma cabeça da rega automática do jardim que estava mal direccionada provocava inundação! E mais esta hem?!...
Também não foram colocadas papeleiras em toda a rua e o pimenteiro do serviço de incêndios colocado junto ao edifício nº 54 não só continua com a mesma tampa partida que tinha antes da obra como foi colocado a uma distância do edifício que o torna perigoso para os invisuais que ali circulem.
Coisas da minha rua e de uma obra que se quis prima...
Assunção Costa-Lima