2006-10-29

De: TAF - "A falta de jeito"

Submetido por taf em Sábado, 2006-11-04 21:46

Rui Rio tem um talento especial para ser deselegante e desagradável, mesmo quando toma medidas eventualmente acertadas. É que, da maneira que as anuncia e aplica, agrava o clima de aparente guerrilha constante entre o Executivo e a cidade… Um Presidente de Câmara que cria tão má imagem da (e na) região não percebe qual a missão que lhe foi confiada pelos munícipes. Tratando-se de quem se trata, nem vale a pena tentar explicar-lhe.

Veja-se o caso do fim dos subsídios. Parece-me genericamente bem. Sem conceder subsídios uma Câmara não cai tão facilmente em tentação de fazer favores aos amigos, não se calam possíveis vozes contestatárias com um apoio “simpático”, não se criam vícios nem dependências que são piores do que drogas.

Mas faz sentido anunciar a decisão neste tom, qual Guardião da Virtude? Como se todos os subsídios fossem mal utilizados? Para logo de seguida dizer que afinal pode haver “situações altamente excepcionais”?

Não me canso de repetir que é a sociedade civil que tem de resolver os seus problemas, até porque da Administração Pública já não há muito a esperar (eu já ficava contente se não nos complicasse a vida…) E o que faz a Oposição? Em vez de se mexer e mostrar que é capaz de resolver os problemas com imaginação, limita-se a queixar-se dele, "o Mau", e a entrar em depressão. Estão bem uns para os outros...

Por exemplo, haverá alguns grupos de Teatro (mas provavelmente apenas uma minoria deles) que merecem apoio. Por que razão não hão-de ser os próprios cidadãos e empresas do Porto a angariar as verbas que completem as receitas insuficientes de bilheteira? Se o caso é assim tão importante para a cidade, não existirá sequer uma minoria mais esclarecida com capacidade para suportar estes custos, num mecenato nem que seja informal? Das duas uma: ou a cidade não merece os artistas que tem, ou os artistas não merecem o apoio que reclamam.

Obriguemos a autarquia a concentrar-se nos assuntos que exclusivamente lhe cabem, e avaliemos o Executivo pelo seu desempenho nisso.

De: Cristina Santos - "Foi o fim dos samurais"

Submetido por taf em Sábado, 2006-11-04 18:21

Há vários tipos de cultura, a cultura empresarial, a cultura das gentes, a cultura do homem culto, a cultura da batata, até há cultura de esquerda... Chama-se cultura a uma ideia ou tradição que passa de geração em geração. A cultura do povo é tomar conhecimento pela representação de mitos, tradições, de usos e costumes, que ao encerrar a tela nos deixam uma moral de vida, um problema ou uma resolução.

Ao Governo compete criar esses parâmetros. É cultura mostrar-nos a vida da Amália, assim como será cultura representar a vida das gentes do Centro Histórico, será cultura uma peça sobre Fernando Pessoa, será cultura um espectáculo sobre o pequeno ditador. Será repetitivo outro espectáculo de Shakespeare. Será cultura a vida dos Almada, a do Chico Fininho, a de D. Pedro, o homem que nos deixou o coração na Lapa.

Agora não sei o quem tem a ver a cultura, que é uma coisa subjectiva, com a cedência a privados de um teatro municipal, nem Rui Rio cedeu o espaço por problemas financeiros, nem sequer com isso deixou de subsidiar espectáculos. O que esta aqui em causa, é uma má ideia, uma estupidez completa.

Numa época em que se pretende prender o povo à Baixa, não se dão esses exemplos e por mais que queiramos entender isto como uma questão de ordem financeira ou liberal, traz-nos mais prejuízos que lucros, o Francisco pode pensar que agora vamos ter mais gente nos espectáculos do Rivoli, eu diria que não era preciso isto para se conseguir, os privados vão inventar novas companhias, ou os bilhetes vão ser mais baratos, vamos fazer no Rivoli o que já se faz no TSJ?!

Foi uma má resolução, a atitude correcta seria recuperar o Rivoli, todos os que promovessem espectáculos sobre o Porto, a História do Porto, seriam apoiados, todos os outros plágios ou cultura em rede teriam lugar em outros locais, seria uma aposta no Porto, nas gentes, na auto-estima. Seria pelo menos uma ideia sobre a aposta cultural do executivo.

Quanto à atitude do Hélder em afirmar que é a última vez que vem a este blog, diria que é esse tipo de atitude da malta da cultura que afasta o povo, um homem que promove cultura está sempre disponível para a discussão, as discordâncias servem de inspiração. A cultura tem que aceitar, muitas das críticas são justas, resta-lhe criar sátiras sobre isso e analisar-se a si própria, mas nunca abandonar a discussão.

Quer dizer, é a minha opinião, mas também não sou exemplo nesses embrenhados culturais, cultura para gente fina como eu é o Mingos & Os Samurais e cá vai um grande abraço de parabéns a Rui Veloso e a Carlos Tê que tão longe levaram o nosso Porto.

«Cantou baixinho no comboio
Ganhou uma força secreta
E nesse dia lá no bairro lembro-me eu
Falou-se da partida do berto poeta»

--
Cristina Santos

De: TAF - "Um concerto privado na noite do Porto"

Submetido por taf em Sábado, 2006-11-04 13:44

Concerto no Porto

Concerto no Porto

Concerto no Porto

Concerto no Porto

Concerto no Porto

Concerto no Porto

Concerto no Porto

Concerto no Porto

De: F. Rocha Antunes - "Surpresa atrás de surpresa"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 23:42

Caro Hélder Sousa

Se calhar supreeendo-o de vez se lhe disser que também não percebo para que existe um Ministério da Economia. Pelo menos nisso estamos de acordo. Aliás, se reparar bem, também me parece que o próprio Ministro da Economia não percebe muito bem para que aquilo serve.

Agora, quanto à Cultura, não me atrevo a dizer-lhe o que é. Mas ocorre-me falar de diversidade, tolerância, serenidade, capacidade de abstração, gosto, tudo isto a propósito da facilidade com que disparou sobre a pretensa ignorância alheia, neste caso a minha. Mas isso é o menos. O mais é a reacção. E a facilidade com que se classificam os outros. Deve ser a tal doença dos carimbos, que afecta tanta gente neste País.

Aprender a viver em comunidade é um exercício de cidadania. E dizem que a Cidade e a Cultura se confudem. Às vezes dá para duvidar. Mas eu não duvido.

Francisco Rocha Antunes

PS. É escusado promover-me a ilustre que eu de ilustre não tenho nada: não pertenço a nenhum partido ou agremiação colectiva com interesses gerais, não pertenço a nenhuma Igreja ou seita, trabalho por conta própria e faço prédios.

De: Hélder Sousa - "Surpresa das Surpresas"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 18:31

Há algumas opiniões que nos surpreendem porque são ou inesperadas, ou originais, ou controversas, ou elaboradas, ou sugestivas, ou porque estão em desacordo com as nossas mas nos fazem pensar sobre outros pontos de vista. Depois há aquelas que não fazem qualquer sentido e que deviam ficar com quem as tem para não estragar o bom nome das pessoas. A opinião que o ilustre F. Rocha Antunes dá sobre o Ministério da Cultura não só é original, excêntrica, despropositada e reaccionária mas tolamente ignorante de toda a história das sociedades contemporâneas e daquilo que se passa no Porto.

Poderíamos pegar num dos parágrafos e substituir algumas palavras simples e teríamos outra opinião idêntica mas, por exemplo, sobre o Ministério da Economia.

A saber:
«Eu nunca percebi para que serve o Ministério da Economia. É seguramente uma limitação minha, porque acho tão estranho existir um Ministério da Economia como acharia estranho se existisse um Ministério do Comércio Justo ou um Ministério da Convivência Pessoal. Mas se há alguma coisa para que devia servir era para ajudar a que fossem convenientemente usados processos de intercâmbio para todos os tipos de expressões colectivas que se dedicassem à importantíssima tarefa de nos fazer perceber a importância de gerir a nossa vida pessoal

(pois é: é tão ridícula esta nova versão como a original!)

Na verdade o ilustre F. Rocha Antunes anda tão longe da realidade que nem sequer se apercebeu que a Cultura não serve para “NOS ENTRETER CONVENIENTEMENTE”. Esta proximidade entre Cultura e entretenimento colectivo é algo que não se vê desde, pelo menos, os tempos da velha senhora!

Está também longe da agenda cultural da cidade, porque apesar de todas as tentativas que têm sido feitas ainda há muitas coisas nesta terra que ultrapassam a esfera do teatro experimental – o Sr. Antunes lá deve saber o que é teatro experimental! – para além do ‘entretenimento’ que nos chega do Brasil.

Mas vá lá: citar Woody Allen (um AUTOR ‘experimental’, no sentido mais abrangente da palavra ‘experiência’, penitencia-o de algumas penas.)

Hélder Sousa – pela última vez neste blogue
--
Nota de TAF: Caro Hélder, receio que não tenha compreendido a natureza deste blog. A Baixa do Porto é um espaço público onde escreve qualquer pessoa que assim o deseje, desde que seja sobre o Porto e cumpra regras mínimas de civismo. Aquilo que é colocado online não é filtrado em função da opinião que expressa nem de quem escreve. É o mais democrático, no verdadeiro sentido do termo, que consigo imaginar. Qualquer opinião, em Democracia, é legítima. Tanto a minha, como a sua, como a de FRA. Têm todas lugar aqui. Espero que voltem sempre. Bom fim de semana! :-)

De: Rui Valente - "A Praça Marquês de Pombal"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 18:26

Caros participantes

Já passaram pela Praça Marquês de Pombal? Não? Então, façam o favor de por lá passar e de olhar bem para aquilo que é suposto serem canteiros para flores e plantas. É de uma tristeza confrangedora! Aquela praça já está concluída há uns meses e o ambiente "típico" de inacabado permanece a olhos vistos. De que estará à espera a autarquia? Será assim tão dispendioso o arranjo digno daquele jardim?

Numa época em que as consciências parecem finalmente começar a despertar para as questões ambientais, por cá persiste o desprezo pela natureza. Tal como na nova marginal de Matosinhos, na marginal de Leça também não querem nada com árvores. Cimento e alcatrão, para certos "experts" da nossa praça, são o paradigma do progresso e do bem estar social. Se calhar, as árvores toldam os horizontes dos ambiciosos...

Ah, se eu fosse árvore... A ser tão secamente renegada por alguns humanóides, fazia-lhes a vontade suprema, desaparecia das suas vistas cegas e insensíveis, ia para bem longe, deixava-os em paz na companhia dos seus bunkers e das suas inóspitas avenidas, até sentirem o ar rarefeito comprimir-lhes os pulmões e perceberem definitivamente que não é através do betão que se obtém o oxigénio.

Pena é que quando a natureza responde a estas agressões (como, de ano para ano, se constata acentuadamente) seja injusta e arraste nos seus flagelos reactivos milhares e milhares de inocentes. Pena é que a natureza ainda não seja capaz de fazer justiça de forma selectiva. Aí outro galo cantaria...

Rui Valente

PS-De facto, Luís Filipe Menezes devia estar do lado de cá do Douro. Mas, tanto melhor para o outro lado do Porto. Tanto melhor para os gaienses.

De: TeoDias - "Trânsito e peões"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 18:09

Carro da Polícia em transgressão em Carlos Alberto

Esta foto foi feita esta manhã, ainda não tinha dado a minha olhadela quotidiana à "Baixa do Porto". Dois ou três passantes comentavam o facto, do género: "bom exemplo", "merecia uma foto", "e em frente de uma passadeira". Não era tarde nem era cedo, tirei a máquina do bolso e...

O título veio depois: "Atribulações de um peão nas praças do Porto" ( não sei como, talvez o título de um livro de Jules Verne lido na juventude) - Praça Carlos Alberto - 3 de Novembro 2006, pelas 11h15m

Abraço e bom fim de semana.
TeoDias
Ruas do Porto

De: Lucília Pinto - "O Granito e o Ferro de PortoGaia"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 17:56

Junto enviamos notícia relativa à inauguração da exposição polinucleada do V Safari Fotográfico Juvenil, subordinada ao tema "O Granito e o Ferro de PortoGaia", acto que decorrerá nas instalações do Instituto Multimedia (Rua das Taipas, nº 76 – Porto), no dia 6 de Novembro, 2ª feira, às 15.30 horas, presidido pelo Senhor Vereador do Pelouro da Juventude e Educação da CMP, Dr. Gonçalo Gonçalves.

Gratos pela atenção dispensada, subscrevemo-nos, atenciosamente.
O Departamento de Comunicação
Lucília Pinto
Instituto Multimédia

(...) A selecção das fotografias foi efectuada por um júri composto por Maria do Carmo Serén, representante do Centro Português de Fotografia, e por conhecidos fotógrafos (Manuel Magalhães, Pereira de Sousa e Viana Basto).

A mostra estará distribuída por vários locais: Instituto Multimédia, BoganiCafé, Café Âncora D’Ouro, Café do Cais, Café Guarany, Café Progresso, Livraria Lello e Restaurante Chez Lapin a partir da próxima 3ª feira e ficará patente até finais de Dezembro.

Apenas na sede da entidade organizadora (IM), na Rua das Taipas Nº 76, será possível ver-se o conjunto das fotos premiadas pelo júri. Apenas fazendo o percurso por todos os locais será possível apreciar todos os trabalhos seleccionados. (...)

--
Nota de TAF - Dado que este vereador vai estar presente, vale a pena perguntar: E o "deputado voador", também? Para que não se deixe esquecer o que não pode ser esquecido.

De: Cristina Santos - "Porque o Porto não os merece"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 17:44

Porque para mim a Cultura não é entretenimento, porque o Rivoli é um símbolo da Cidade, porque não se retira a alma ao povo, porque não se explora a Torre dos Clérigos, porque simplesmente há salas de espectáculos fechadas que a CMP podia ceder à exploração, porque pagamos e vamos continuar a pagar a muita gente para seleccionar e promover espectáculos que eduquem e formem o povo, porque pagamos a vereadores e acessores que nem num recinto com nome feito conseguiram fazer nada e isso tambem é uma despesa sem receitas.

Deixo-vos com o passado, com o mérito e o orgulho, exposto num artigo de Carlos Romão, porque não há dinheiro que me pague a emoção destas fotografias.

De: Pedro Lessa - "Praças e trânsito"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 11:58

Mais uma vez recomendo a leitura da crónica do Arq.º Manuel Correia Fernandes, já devidamente apontada pelo Tiago, é pena é que as duas crónicas anteriores não tenham sido colocadas on-line, no JN. Como lá se pode ler, estas crónicas terão continuidade, a estar atentos portanto (esperemos que o Sr. Vereador também).

Quanto ao trânsito, e consequente mobilidade no Porto, questionada por Miguel Oliveira, temo, infelizmente, que será uma miragem muito, muito longínqua na nossa cidade. Numa Câmara que, à falta de políticas estratégicas, metropolitanas e de planeamento futuro (lembram-se das discussões aqui no blog nas eleições?), nem tem política de gestão corrente da cidade, a mobilidade é algo que passa ao lado dos ditos senhores.

Concretizo com um pequeno exemplo elucidativo. Quantos dos portuenses saberão que já é possível chegar de carro a S.Bento/Mouzinho descendo pela Av. da Ponte? Imagino que poucos. De facto, já é possível a circulação nesta Avenida, mas em sentido contrário, proporcionando de futuro (espero eu) um descongestionamento no percurso que antigamente se fazia de quem do Jardim de S. Lázaro (agora, de quem vem da Ponte do Infante) se dirigia para a zona da Ribeira (Fontaínhas, Poveiros, S. Lázaro, D. João IV, Passos Manuel, D.João I, Av. dos Aliados, Praça, S. Bento e Mouzinho).

Mas, mas, e cá vem o exemplo prático do total desinteresse dos serviços de trânsito, quem decidir tomar o novo percurso repara que desde os Poveiros até à Av. da Ponte ainda lá estão todos os sinais de trânsito proibido. É certo que menciona a Ponte Luiz I, mas a confusão generaliza-se e ninguém usa o novo percurso.

Enfim, todos reparam que a cidade parou, que a cidade não tem funcionários que cuidem dela e no entanto cada vez há mais fiscais a multar quem não estorva, mais carros e furgões último modelo e por aí fora. Deve ser mais uma medida de apoio aos cafés na Baixa, porque quando numa rua de 50 metros chegam uns 6 ou 7 fiscais, depois lá vão todos para o café.

Cumprimentos,
Pedro Santos Lessa
pedrolessa@a2mais.com

De: TAF - "Jornais de hoje"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 08:39

De: Miguel Oliveira - "Mais uma vez Gaia a dar cartas"

Submetido por taf em Quinta, 2006-11-02 23:59

Agora na mobilidade e ambiente! Segundo esta notícia a Câmara de Gaia pretende condicionar o trânsito no centro histórico. É um sistema semelhante ao usado nos bairros históricos em Lisboa controlado pela EMEL. Óptima notícia do ponto de vista ambiental e ordenamento do trânsito, para quando se seguirá o Porto e em que zonas?

Gaia tem desenvolvido um grande trabalho nestes últimos anos, sendo já a meu ver em alguns aspectos o concelho mais inovador e vanguardista da Área Metropolitana de Porto.

P.s. um site muito interessante e útil, aconselho-vos uma visita: Energias Renováveis

Cumprimentos
Miguel Oliveira

De: F. Rocha Antunes - "Para acabar de vez com a cultura?"

Submetido por taf em Quinta, 2006-11-02 13:16

Meus Caros

A defesa dos interesses de cada um é uma das formas mais efectivas de participação na vida da cidade. Tenho apreciado a determinação com que muitos dos interessados em ocupar o Rivoli com os mais variados tipos de "performance" se têm expressado.

Eu nunca percebi para que serve o Ministério da Cultura. É seguramente uma limitação minha, porque acho tão estranho existir um Ministério da Cultura como acharia estranho se existisse um Ministério do Civismo ou um Ministério da Liberdade. Mas se há alguma coisa para que devia servir era para ajudar a que fossem convenientemente usados espaços para todos os tipos de expressões colectivas que se dedicassem à importantíssima tarefa de nos entreter convenientemente.

Há várias salas de cinema fechadas nesta cidade que poderiam ser utilizadas por todos os grupos de artistas nisso interessados e tenho a ideia que a tal organização estatal que se encarrega destas matérias, o dito Ministério da Cultura, poderia arrendar a preços simbólicos aos infelizes proprietários desses mesmos espaços e de seguida disponibiliza-los-ia de forma igualmente acessivel. Nada custa imaginar a criação de vários circuitos de actuações vanguardistas em que se fosse ensaiando formas de expressão capazes de um dia sairem da marginalidade e evoluirem para um qualquer "mainstream".

A verdade é que quem não queira experimentar assistir a teatro experimental deixou de ter oferta entusiamante e com a provável excepção que justifica a regra (a Palmilha Dentada) não se consegue ir ao teatro a não ser quando uma peça que vem do Brasil sobe uns dias ao Porto. Os tais públicos que tinham sido criados emigraram todos?

Em nome da Cultura já se fizeram coisas estranhíssimas nesta cidade. A que mais me impressionou foi a encomenda que foi feita ao Arquitecto Solà-Morales para aquilo que depois foi baptizado como Edifício Transparente. Há responsáveis por essa encomenda que nunca mais deram a cara para explicar aos seus concidadãos que decidiram pedir ao excelente arquitecto catalão um edifício que se limitasse a fazer o remate entre o verde e o mar. Sim, que assumidamente nunca teria uma função dita útil, quiçá, horror dos horrores, comercial. Isto foi o que foi encomendado, em nome da cultura, claro.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

PS. O título deste post foi roubado a um livro de Woody Alen. "Sem penas" e "Efeitos Secundários" completam a trilogia de escritos humorísticos notáveis desse cineasta americano.

De: TAF - "Mais uma «ajudinha» à reabilitação da Baixa"

Submetido por taf em Quinta, 2006-11-02 01:20

- Edifícios classificados vão ter de pagar imposto municipal

Isto e a vontade que os bancos têm de financiar investimentos "exóticos" como os de reabilitação... Não basta um ou outro empreendimento avançar, é preciso muito mais. Eu sei que é um processo lento, mas ainda assim: venham os investidores estrangeiros, que os portugueses mal se mexem!

PS: Apesar de tudo há quem, mesmo com poucos meios, se esforce - Porto ganha espaço para tendências e música alternativas.

PS 2: Venture Firm Is Giving Loans a Try - "It will offer loans of up to $250,000 (...) The loans, which would be unsecured, would carry an interest rate of 6 percent (...) «We view this as a tool of access into deals rather than a money-making proposition»" - gente com visão.

De: Nuno Gonçalves - "Porto Canal"

Submetido por taf em Quarta, 2006-11-01 21:04

De: Joana Carneiro - "Rivoli"

Submetido por taf em Quarta, 2006-11-01 17:57

Sou do Porto (cidade), voto no Porto, nasci, cresci e morei no Porto, até que por forças do casamento e monetárias fui "empurrada" para a periferia. Gostava de deixar uma mensagem sobre tudo o que se tem dito sobre o Rivoli:
- Não me revejo minimamente nestas pseudo-manifestações a favor do Rivoli. Não acredito que os "Senhores do Plástico" e de outros derivados do petróleo estejam a agir de boa fé. Penso que se resume tudo a receber ou não subsídios para continuar a plastificar no Rivoli com médias de assistência de 20 pessoas.

Acredito que a mudança da gestão do Rivoli poderá trazer algo de novo e talvez salas cheias ao Teatro. Poderão argumentar com o interesse público, eu penso que o interesse do público é bem mais importante. Se as salas encherem é sinal que o público adere ao que se lhe está a ser apresentado. Como a cultura, para mim, é relativa, e como estamos a viver em democracia considero que a haver salas cheias no Rivoli é porque as gentes do Porto estão a aderir ao projecto. E como o novo promotor deverá querer público, para existir receita de bilheteira, não vejo onde está o problema. Desde que não façam do Rivoli um supermercado, ou um macdonald's... O importante é existirem espectáculos que atraiam as pessoas e não que as afastem do Teatro, que é o que está a acontecer neste momento. Deixo também uma mensagem aos "Senhores do Plástico" e a todos os que estão indignados com essa medida: candidatem-se à gestão do Rivoli, e cumpram com o objectivo que a Câmara definiu, que é realizar espectáculos de preferência com sala cheias, ok.

Mas eu acho que é como diz o outro: "falam, falam, e eu não os vejo a fazer nada"

Um abraço,
Joana Carneiro

De: Cristina Santos - "Centro Histórico"

Submetido por taf em Quarta, 2006-11-01 16:04

Centro Histórico

No Centro Histórico não se estranha que as pessoas nos interpelem, nos salvem mesmo que não nos conheçam, os marroquinos por exemplo dizem Bom dia a quase todos os turistas que passam. Dirão vocês que os marroquinos não fazem parte da classificação da UNESCO, mas são estes que comprovam a essência humana que caracteriza as gentes do Centro Histórico que a todos acolhem como vizinhos; quem se muda para aquelas ruas nunca mais se sente só.

É um universo de pessoas emotivas, reagem aos primeiros impulsos, à tradição e ao dever do cumprimento das tarefas de socialização.

As mulheres já não usam os tanques públicos, mas mantêm o orgulho na roupa corada exposta na fachada, como se insistissem em negar a existência da máquina de lavar. Mantêm os vasos nas varandas e num ocioso cumprimento de dever regam-nos contra a ferrugem que escorre há anos da serralharia, são tudo comportamentos de socialização, rituais, como ajudar o vizinho, limpar a casa aos sábados de manhã - a mulher mais despachada é mais louvada no bairro.

A D. Augusta conta-nos que antigamente pegava em 2 baldes de água, esfregava aquele soalho que até ficava a brilhar, viviam 8 famílias naquele prédio, os meninos dormiam todos num quartinho uns virados para a cabeça, outros para os pés, eram 5 mais 1 menina. Dava-lhes banho no quarto do fundo, enchia um alguidar de água e com uma caneca lava-lhes a cabeça.

A D. Augusta insiste que o soalho não apodrecia, abriam-se aquelas janelas de par em par, secava tudo num instante e não era aquilo que hoje se vê, tudo a cair.

As opiniões são tão convictas que perante elas a gente nova retém-se a olhar para os edifícios, fachadas com mais de 100 anos, excesso de lotação, mau uso e mau zelo, travejamentos de madeira intactos, telhados apodrecidos, mas afinal que segredo mantêm aquelas pedras gastas?

Não conseguimos superar esta arte, por mais técnicas que usemos as cantarias reabilitadas ficam sempre piores que as velhas, e depois levantar um soalho velho, refazer um telhado e verificar que aquele prédio tem troncos de madeira praticamente novos, que as fachadas não se mexem e são de fácil recuperação, isto aninha-nos a um canto com medo de não conseguir refazer uma arte com a resistência que aquela apresenta, uma arte que dure 150 anos, sob um uso intenso e abusivo.

Uma arte que permitiu construir e enfeitar, todos os edifícios têm um desenho, um azulejo, uma característica que o distingue, será que daqui a 100 anos vão dizer o mesmo daquelas letras em bronze que afixamos nos prédios de condomínio?

E as janelas? A D. Augusta diz que tinham muitas janelas porque não havia luz, agora mesmo com luz mantemos os estores fechados, portanto não se trata só de edifícios também se trata de modos de vida, no mundo global não há lugar para personalidade, para ostentar a data num edifício, é tudo muito inócuo e passageiro.

Mas devíamos cunhar a data de construção nos edifícios que sabemos que vão ficar para a posteridade... Pois as conversas no centro histórico dão-me sempre algo para matutar.
--
Cristina Santos

De: Cristina Santos - "Humor tripeiro"

Submetido por taf em Terça, 2006-10-31 18:17

Os meus caros amigos nem imaginam, o Executivo não conseguiu aprovar uma proposta na última Assembleia, é incrível, mas segundo o site da CMP foi isso mesmo que aconteceu. O CDS absteve-se e a CDU e PS votaram contra a atribuição de um subsídio ao Teatro Art'Imagem. Parece que agora esta companhia vai processar a CMP para exigir essa atribuição.

Bem, isto de requerer subsídios pelo Tribunal é no mínimo eloquente, mas quem é que provoca estas guerras do «faz-me passar tempo»?! Quer dizer, o Executivo agora queria atribuir um subsídio à companhia? E não conseguiu aprovar a proposta?

Há uma coisa que sempre apreciei no Porto, é o sentido de humor, não há local no país que represente tão bem a criatividade e o humor como a nossa querida Cidade. No Porto faz-se oposição com ironia, discorda-se de um negócio ou de uma acusação com uma frase de sentido dúbio mas de alcance certeiro. Do mais rasca ao mais erudito, no Porto todos alcançam o sentido de uma piada nem que esta seja dita no meio de uma missa, não interessa onde nem porquê, o Porto desperta sempre na ironia, na metáfora, no sarcasmo cómico.

O Executivo também tem o seu sentido de humor, diga-se que não é tão certeiro quanto o do Pinto da Costa, mas transmite alguma piada nos seus discursos e frases avassaladoras mesmo quando vai à TV e isso eu aprecio. Lembro-me de uma na campanha, que o Presidente disse qualquer coisa em relação à mudança radical de equipa, que não era grave, era uma questão de encontrar os interruptores para fazer luz.

Por exemplo, o Dr. Filipe Menezes por mais que se esforce não consegue ter a piada que Rui Rio tem, então esta última do não conseguiu aprovar a proposta embora ele quisesse muito, é de partir o coco a rir.

Quer dizer eu acho, acho piada, acho que é mesmo uma das melhores, certeira, até justa e bem divertida.

Nestes últimos dias no Porto, a chamada “democracia representativa” esteve no seu melhor. O tal “estado de direito” também. Este Outubro portuense foi (é, mas tem de deixar de ser) o Outono do nosso descontentamento. Os factos aqui passados com o movimento de protesto contra a privatização da gestão do Rivoli e todo o enredo maquiavélico que culminou com o “chumbo” do apoio ao Festival “Fazer a Festa”, por o Teatro Art’ Imagem se recusar a assinar a cláusula censória que obriga “a abster-se de, publicamente, expressar críticas que ponham em causa o bom nome e a imagem do Município do Porto...”, mostram à saciedade e à sociedade do que é capaz esta maioria “democrática”, que nos governa como vassalos despojados de todos os direitos de cidadania.

Em ambos os casos o silêncio e a cobardia políticas foram as deixas utilizadas pelos dois principais actores - o Vereador da Cultura e o Presidente da Câmara, que não souberam subir ao palco da democracia para representarem os um dos papeis para que foram escolhidos: dialogar com os seus oponentes e defender em público os seus argumentos. Não souberam pois governar em democracia. Estes actores não mereceram a escolha.

Foram, afinal, dois “Homens sem Cara”, título premonitório da peça que o Teatro Art’ Imagem estreará no próximo dia 8 de Novembro.

Quando os governantes deixam de ouvir os seus “governados” e atiram para o caixote do lixo abaixo-assinados com mais de dez mil assinaturas, o que nos resta? A indignação contra a “indignidade democrática”.

E, a propósito: chamar “ocupas” aos que sempre estiveram no Teatro Rivoli para verem ou apresentarem espectáculos, é, pelo menos, um erro de “semântica”. Ocupantes são os que nunca por lá passaram (ou fizeram-no em desfiles políticos), porque sempre fugiram da cultura como o diabo da cruz. Ao legar a responsabilidade da gestão do nosso teatro municipal para outras mãos que não as do município, o Presidente democraticamente eleito, e que se esqueceu de referir este “pormaior” no seu programa eleitoral, exime-se a cumprir uma das principais tarefas do seu mandato: a defesa do património cultural e identitário da cidade.

Que desolação democrática foi ver a atitude da maioria em Reunião de Câmara, onde se pediu a retirada da queixa-crime, sem uma única palavra, sem um único argumento, utilizando apenas o seu voto e o seu silêncio. É pouco em democracia. Os problemas políticos e de cidadania não são casos de polícia.

No outro caso do dia da dita reunião: a votação do protocolo de atribuição de apoio ao Teatro Art’ Imagem, pela realização do Festival “Fazer a Festa”, o senhor Presidente, democraticamente eleito por maioria absoluta, “travestiu-se” de Tartufo. O seu voto e da sua bancada a favor do Protocolo foi um acto de requintada hipocrisia política. O Senhor Presidente sabia que o Art’ Imagem não assinaria o Protocolo com a cláusula censória - há mais de dois meses que a vem recusando. Ao agir assim atirou o ónus da culpa para a oposição, que tem vindo a votar contra os protocolos que incluem a proibição de tecer críticas ao município.

Mas foi-se mais longe: para que a opinião pública ficasse com a ideia de que o subsídio chumbou por causa dos votos contra da oposição, o CDS/PP pela primeira vez não vota com o PSD, abstém-se. Para “viabilizar o subsídio” declara em jeito de Tartufo Júnior, Álvaro Castelo Branco, “popular” de partido e Vice-presidente da Câmara. O Príncipe dá então a mão a Tartufo.

Mal vai a maioria absoluta que das regras da democracia só conhece o voto. Que esta semana “horribílis” lhes caia democraticamente em cima. Afinal quem põe em causa a imagem do Município do Porto?

Termino com as palavras de um actor Galego a quem dei conta do ponto censório que consta do protocolo de apoio à actividade cultural: “volta, Salazar, estás perdoado!”

T’arrenego Satanás, digo eu, fazendo figas.

José Leitão
Declaração de interesses: director do Teatro Art’Imagem.

Nota final para os Senhores Vereadores da maioria: “Tartufo” é uma peça de Moliére, traduzida em português e facilmente acessível, em qualquer livraria. De “O Príncipe” de certeza já ouviram falar.

De: David Afonso - "Cultura no Porto"

Submetido por taf em Segunda, 2006-10-30 16:00

1. Parece que o PS Porto vai promover um debate sobre a política cultural desta Câmara. Eu sou daqueles para quem toda a arte é intrinsecamente política, mesmo quando aparenta o mais completo alheamento relativamente a este assunto. Contudo, uma coisa é aceitar a essência política de todo o acto cultural como uma condição desse mesmo acto e, outra, é aceitar a partirização da cultura. O que o PS pretende fazer é cavalgar a onda de justo descontentamento que a convulsão do Rivoli (e não só) provocou nos agentes culturais. Mero oportunismo, portanto. Lamento que o maior partido da oposição se limite a este comportamento meramente reactivo e não seja capaz de se afirmar como uma alternativa política à altura da cidade, ou seja, de marcar a agenda com os seus próprios projectos e não com a denúncia das insuficiências do dr. Rui Rio. Situação tão mais lamentável quando o PS até tem gente capaz na área da cultura, tal como o vereador eleito, Miguel von Hafe Pérez.

2. Partidos à parte, também me parece que é chegado o momento de os criadores, produtores e agentes culturais em geral reflectirem muito seriamente sobre o papel da cultura na cidade do Porto. Seria importante convocar um Congresso de Agentes Culturais do Porto, onde se discutissem não apenas as contigências presentes (Rivoli, Miguel Bombarda, Batalha, etc) e a política cultural desta ou daquela administração municipal, mas, sobretudo, as estratégias futuras e a possibilidade de se aliarem esforços no sentido de tornar a produção e criação artísticas menos dependentes dos humores político-partidários. Enfim, o ideal, seria até que este processo culminasse numa plataforma interdisciplinar comum com a missão de racionalizar os recursos e a programação. Impossível? Não sei. Mas lá que seria bonito de se ver, lá isso seria...

3. E agora algo completamente diferente (ou talvez não): Alguém sabe do que é feito dos ateliers da Lada? Este projecto (do arq. Virgínio Moutinho) está ao abandono desde 2001 ou é apenas impressão minha? Dão-se alvíssaras a quem nos trouxer novas sobre este equipamento cultural.

David Afonso
attalaia@gmail.com
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Nota de TAF: o Janeiro noticia hoje o debate sobre o Rivoli.

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