2013-09-01
Veda-se o acesso ao rio, instalam-se estas lindas construções, cobra-se pela entrada, e pronto: temos o Porto Wine Fest em Gaia.
Comentários para quê?
Pessoalmente prefiro um Estado/Município que deixe à gestão privada, sem subsidiar, sem favorecer e sem intervenção, aquilo que compete aos privados. O financiamento público é feito com base na projecção de rendimentos e poupança dos privados. O Município do Porto, ao não realizar dívida excessiva, permite que no futuro os privados possam por via de rendimentos e poupanças escolher onde pretendem investir, ao invés de não poderem vir a investir em nada, nem usufruir de poupanças, por obrigação para com a garantia que está por detrás da dívida pública. Na prática não acontece, porque as poupanças e rendimentos de hoje foram hipotecados há uns anos atrás pelo Estado nacional mas, se fosse este o modelo geral, o mercado privado de investimento provavelmente teria outra folga a curto-prazo.
Não pretendo elencar nada, o que interessa é o futuro, mas temos de atender que há coisas simples como a organização, a segurança, o reforço da iluminação, recuperação de zonas degradadas e bairros, que favoreceram os investimentos privados, sem isso não acontecem. A propósito de bares e animação nocturna, em jeito de apontamento, não estou por dentro, mas gostaria de partilhar que nas duas vezes que fui à Assembleia em 2012 assisti a contestação serrada por parte dos outros partidos, em peso, à movida nocturna, há as actas onde se pode confirmar.
Em suma, são pontos de vista, apreciei a gestão, concordo inteiramente com o modelo macro e micro levado a cabo. Se vier melhor, cá estarei para assumir que considerava excelente por não ter conhecido melhor. A minha contagem está encerrada, é um desmérito estarmos a discutir Rui Rio e os dias, até parece que não falta fazer nada nesta cidade.
Não sei se o defeito é meu, contudo não encontro na minha memória sobre todos os presidentes de Câmara do Porto nenhum que fosse tão mau como este. Mas deve ser defeito meu porque há sempre pior. Percebo o elogio de ter feito uma gestão económica e financeira da Câmara bem feita, até porque as contas estavam mal e até porque logo à entrada criou um enorme buraco, chamado “proibição de construção no Parque da Cidade”, mas afinal não é isso o mínimo que se pode exigir em quem nos representa? Mais ainda porque, se pouco ou nada fez, em que é que havia de gastar dinheiro? No mínimo haverá que gerir o erário público. Mesmo assim há opiniões... porque quem não investe e não ajuda quem investe, nem está a criar riqueza nem a deixar que os outros o façam, logo a contribuir para a desgraça geral. O presidente da Câmara desempenha o cargo que obriga a fazer exactamente o contrário.
Quem olha para esta cidade que ao longo dos últimos anos teve a sorte de ter tido um aeroporto renovado, sediada uma companhia de aviação estrangeira que faz mais por nós que aquele buraco nacional chamado TAP e que foi responsável por nos ter colocado no mapa turístico internacional; Um enorme incremento de Hostels e de Alojamentos Locais, motivados pelo turismo, que vieram renovar muitos edifícios, sem qualquer outra ajuda da Câmara que não fosse a complicação sempre maior nos processos de licenciamento; Uma geração de empresários de restauração e de bares que conseguiu animar uma área do Porto que definhava e que hoje é a única que se encontra viva no centro, sem qualquer apoio por parte da Câmara, atrevo-me a dizer exactamente o contrário; Uma área de “Cultura” que por si é uma referência nacional e que também renovou outras áreas da cidade, seja pela Casa da Música, por Serralves ou pela Miguel Bombarda; Os eventos havidos na cidade, por escolha terceira e sem outro compromisso que não o arrasto por parte da Câmara (excepção às corridas de popós da geração vinyl).
A grande pergunta que se deve fazer, para nos situarmos na homenagem a prestar ao nosso edil, é o que fez a Câmara por tudo isto?
- Pelo Turismo e pelos investimentos privados, porque da Câmara do Porto apenas veio recentemente arranjar algumas ruas no centro histórico, apenas complica os procedimentos e as patetices de Licenciamento;
- Criou a SRU e bem mas, como não podia deixar de ser como tudo com o que lida, conseguiu criar uma birra com o Governo e deitar tudo a perder;
- Pelos bares e restaurantes, dá ordens expressas de fecho e presta a ajuda do tempo burocrático de respostas que mais simplificam em falências;
- Pelo urbanismo, este edil vai no 4º Vereador, que finalmente é perfeito – não faz nada;
- Pelo centro não foi capaz de motivar, organizar, obrigar, os comerciantes a lutar pelas suas ruas de Santa Catarina, Sá da Bandeira, Batalha, Santo António, Firmeza, etc,... e tudo se transformou em lojas de chineses, paquistaneses e cambodjanos;
- Pela Rotunda da Boavista, considerado um 2º centro do Porto, conseguiu espantar o Corte Inglês para Gaia com resultados à vista;
- Consegue ter o trânsito mais tortuoso do País sem nunca ter pelo menos um prémio internacional e ainda ter a única avenida da cidade dividida em várias.
Fico por aqui que não me vou pôr a fazer o balanço destes últimos anos, o que não me compete e a lista é demasiado comprida. Agora precisava de saber nesta réstia de democracia que existe, e já que temos um dos grandes democratas sentado nesta Câmara, porque foi a pessoa que mais dialogou e soube ouvir em tantas situações que se criaram nestes anos, que raio de homenagem será para fazer quando se for embora. Cá eu sugiro uma festa popular com aquelas barracas típicas dos eventos à Câmara, com um palco em ráfia, música Pimba, cachecóis da Ferrari (que do futebol é promíscuo) e com o título “Até que enfim – vai e não voltes”.
A APRUPP [Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Protecção do Património] tem vindo a promover o debate em torno do tema da reabilitação urbana e da protecção do património junto das candidaturas autárquicas de vários concelhos do país, tendo desafiado os seus associados e demais cidadãos a apresentarem sugestões para a elaboração de uma carta de recomendações sobre a reabilitação urbana e a protecção do património dirigida a todas as candidaturas das próximas eleições autárquicas.
O Porto, contudo, por se tratar da cidade onde a APRUPP foi fundada e pelas suas características únicas, merece-nos uma atenção particular. Assim, convidamos todos os portuenses a participarem nas tertúlias “PORTO: Reabilitação Urbana, Património e Cidadania” no Bar do Edifício AXA, na Avenida dos Aliados, sempre entre as 18:30 e as 21:00. (Consulte calendário em baixo).
Venha conhecer as propostas dos candidatos para a reabilitação urbana e protecção do património do município do Porto.
Participe! Tem questões, dúvidas, críticas ou sugestões a fazer para a reabilitação do nosso património? Envie-nos um email: geral@aprupp.org. A APRUPP encarregar-se-á de fazer chegar o seu contributo aos candidatos.
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AGENDA:
- Dia 03 - Rui Moreira (Cand. Independente)
- Dia 04 - José Soeiro (Cand. BE)
- Dia 05 - Debate com os candidatos à CMPorto: "Ambiente, urbanismo, natureza e qualidade de vida no Porto. [consultar mensagem de divulgação]
- Dia 06 - Nuno Cardoso (Cand. Independente)
- Dia 09 - Pedro Carvalho (Cand. CDU)
- Dia 10 - Manuel Pizarro (Cand. PS)
No dia 5 de setembro de 2013, às 21:15, realiza-se no auditório da AICCOPN (Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas do Norte) um debate entre os candidatos, nas eleições autárquicas de 29 de setembro próximo, à presidência da Câmara Municipal do Porto.
Local: Rua Álvares Cabral, 306, Porto (perto da Praça da República; metro Lapa).
A entrada é livre e gratuita e não está sujeita a inscrição prévia. Venha e traga os seus amigos, colegas e familiares.
Temas: qualidade de vida, ambiente, património, urbanismo, mobilidade, energia, governança, natureza.
O debate será moderado pela jornalista Arminda Deusdado (responsável pelo Programa Biosfera, na RTP 2, já várias vezes premiado como programa de excelência ambiental) e nele intervirão, pela ordem alfabética, os seguintes candidatos que aceitaram o convite: José Soeiro (Bloco de Esquerda), Manuel Pizarro (Partido Socialista), Nuno Cardoso (independente), Pedro Carvalho (Coligação Democrática Unitária) e Rui Moreira (independente). Note-se que todos os candidatos como tais conhecidos até final de julho de 2013 foram convidados pelos organizadores.
A organização é uma iniciativa Agir em Convergência resultante da colaboração das associações APRUPP – Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Protecção do Património, Campo Aberto – associação de defesa do ambiente, AMO (Associação Mãos à Obra) Portugal e cidadãos a título individual, e tem o apoio da AICCOPN – Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas do Norte.