2013-03-10

De: Carlos Oliveira - "E que tal pararem de destruir o património?"

Submetido por taf em Quinta, 2013-03-14 20:05

Cartazes


Viva a demagogia! A Câmara do Porto tem agora um inimigo. Os graffitis e os cartazes nas paredes, pelo que se vê nesta notícia do site do presidente, ups da Câmara do Porto... E depois dá o exemplo colando cartazes dos seus eventos nas paredes privadas da Cidade! Este executivo continua a ser o rei da demagogia!

De: Judite Maia Moura - "Escarpa do Rio Douro V"

Submetido por taf em Quinta, 2013-03-14 19:44

O sonho de vir a ter um percurso de sonho

E estamos chegados à pior das piores fases… Diríamos que inimaginável para quem não a conhece. É mesmo difícil decidir se devemos começar a descrever a realidade pela parte das casas se pela consequência das casas. Estamos a falar do Bairro de São Nicolau, que se estende ao longo da Rua Gomes Freire / Passeio das Fontainhas, a um nível mais baixo do que rua. O acesso à sua primeira parte é feito por uma ponte em ferro, que passa por cima da linha férrea actual – degraus, corredor, mais degraus e mais degraus e finalmente uma rampa.

No fim desta rampa estende-se um corredor, também ele em rampa, e começam as casas – de um lado do corredor é a linha férrea actual, bem encostada à rede de separação, e do outro lado as casas, difíceis de distinguir onde acaba uma e começa a outra. Curiosamente, no meio delas, surge uma com escritos de “vende-se”. Para quê e a quem? – foi a pergunta que nos surgiu. Mas talvez tenha uma razão de ser… Falámos com alguns dos moradores e uma das famílias ali residentes teve a gentileza de nos mostrar parte da casa, que tinham restaurado recentemente, e a casa é nada mais do que três casas: numa têm a sala e a cozinha; na seguinte têm dois quartos, um deles interior; e a terceira, que não vimos, é o quarto de banho, recentemente construído. Talvez a casa que se encontra à venda seja na esperança de que algum dos outros inquilinos queira fazer o mesmo… As casas têm uma senhoria, que os inquilinos mal conhecem, pois nunca lá vai, e pagam as rendas numa associação.

O Bairro de São Nicolau, já o tínhamos sabido por uma assistente social em 2010, não tem saneamento. E então? As pessoas fazem as suas necessidades fisiológicas em baldes e, depois, lançam o conteúdo pela Escarpa abaixo. Foi assim que nos foi contado em 2010 e foi assim que nos confirmaram os moradores agora. Aquele quarto de banho é uma excepção, mas também não nos foi escondido que os canos de esgotos despejam para a Escarpa, pois não têm outra solução. O correr destas casas onde estivemos continua, mas fomos aconselhados a não tentar aceder por ali, pois no fim do corredor bem estreito seguem-se escadas antigas, onde também já faltam alguns degraus, o que as torna perigosas. Não podemos esquecer que o desnível continua e as casas começam a estar cada vez mais em baixo em relação à rua. No fim deste correr de casas há certamente alguém que se dedica à agricultura, pois terminam num galinheiro seguido de hortinhas.

Depois desta zona cultivada existe ainda mais um correr de casas, inacreditavelmente degradadas, que além de não terem saneamento, como as anteriores, não têm também abastecimento de água. Aqui já estamos praticamente no Largo das Fontainhas, e o caminho de terra batida, entremeado com algumas escadas, termina nos lavadouros públicos das Fontainhas, junto à Ponte do Infante, estes ainda em actividade. Aliás é nestes lavadouros que os moradores das últimas casas se vão abastecer de água, embora exista lá um aviso de “água imprópria para consumo”. E o lixo? Em toda esta extensão, de umas centenas de metros, escada acima e escada abaixo, calor escaldante no Verão e lama no Inverno, existe um contentor de lixo em cada extremo do Passeio das Fontainhas, a uma boa distância de uns duzentos metros um do outro… Qual é então a solução? Atirá-lo Escarpa abaixo, tal como se lançam os dejectos, por ordem de quem manda e poderia fazer alguma coisa! Algum de nós será capaz de se colocar no lugar destes moradores? Eles pagam um aluguer para ali viverem!

Feita a descrição do Bairro de São Nicolau no nível da sua vivência, vamos então, novamente, ao nosso Ramal da Alfândega, para vermos a realidade lá em baixo… Se à outra lixeira chamávamos a “lixeira grande”, a esta não podemos chamar nada mais nada menos do que a “fossa”. É só uma questão de verem as fotografias. Aqui, na linha férrea, tínhamos parado à entrada do segundo túnel e o inacreditável aguarda-nos à saída desse túnel.

Já Confúcio dizia que “O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre exige tudo dos outros.” Assim, Voluntários da AMO Portugal quiseram exigir de si em primeiro lugar e ir ao local e ver com seus próprios olhos, com seus próprios sentidos e sentimentos, aquela triste realidade, um misto de lixo e de esgotos e de tudo quanto se possa imaginar e não imaginar. Passaram lá uma manhã de Maio e agora têm a possibilidade e o direito de poder contar toda a verdade sobre o que encontraram. E estes esgotos, estas escorrências bem visíveis pela Escarpa abaixo, onde vão parar? O que estará mais perto delas? O rio, claro! É só ir à Marginal e vê-las todas lá, com canos e sem canos, fazendo o regalo das tainhas que muitos vão, depois, pescar e comer… Neste local existe uma porta com acesso a umas escadas que vêm aceder ao Bairro de São Nicolau. Dependendo das condições atmosféricas, e provavelmente não só, essa passagem ora está aberta ora está vedada por uma rede. Nesta altura a porta está vedada com a rede e líquido cai, tipo cascata, pelas escadas abaixo, atravessa a linha férrea e continua a cair para a Marginal.

Avançando um pouco mais no percurso, uns cento e cinquenta metros talvez, mesmo por baixo da Ponte do Infante, chegámos à boca do último túnel do percurso, um pouco assustador, cheio de escorrências nas suas paredes e que, pelo que nos disseram na Câmara do Porto, vai terminar na Alfândega, justificando, assim, o seu nome de Ramal da Alfândega. Mas, para levar também até ao final os maus tratos da Escarpa, ali mesmo ao lado do túnel tem uma outra boca, mais pequena, por onde escorre líquido, muito líquido, vindo de cima e que desaparece pelo chão, sabe-se lá para onde… Ou melhor, tendo em conta tudo o que se viu antes de chegarmos aqui, não restarão dúvidas de que será mais um a ir descarregar ao Rio Douro…

... Publicado também no site da AMO Portugal. Ver álbum de fotografias aqui.

De: TAF - "À revelia da Lei..."

Submetido por taf em Segunda, 2013-03-11 23:14

... as Finanças do Porto deixaram de reconhecer a isenção de IMI para os imóveis situados no Centro Histórico do Porto. Tanto quanto saiba passava-se uma situação semelhante apenas com as Finanças de Évora. Parece que se propagou. Contaram-me este caso há pouco:


Ofício das Finanças


Isto, além de violar tudo o que a CMP e a SRU vêm dizendo sobre os benefícios para quem investe no Centro Histórico, é tristemente irónico na precisa altura em que o Governo, pelo Ministério da Economia, lança também esta iniciativa. Ministérios das Finanças e da Economia: organizem-se, por favor! Voltarei a este assunto mais tarde.


De: Pedro Figueiredo - "Casas fechadas, trancas à porta, pobreza na rua"

Submetido por taf em Segunda, 2013-03-11 22:42

Em Faria Guimarães


Cada vez se vêm mais casas encerradas “por atacado”. Conjuntos inteiros pertencentes a um mesmo proprietário. Casas fechadas, trancas à porta. “Por questões de segurança” se fecham as casas. Ninguém diz “por uma questão de humanidade” (…) “Por uma questão de humanidade”, ninguém diz “abro as portas da minha casa devoluta para que quem precise de um tecto o tenha". Sim, de graça. sim, para que usufrua da propriedade de outrem para suprir a sua vital necessidade de tecto. Ninguém diz.

Ninguém quer admitir que faz sentido os proprietários impotentes, que não podem, não querem, não conseguem reabilitar as suas propriedades as podem e devem (moralmente) abrir e deixar okupar por quem precisa. É que são cada vez mais os que precisam. É o cúmulo do desperdício casas fechadas, trancas à porta, pobreza a viver e dormir na rua.

A desigualdade como sistema. O Porto uma cidade muito desigual. Dois bons “temas” para as Autárquicas que se avizinham.

De: TAF - "Uma organização refugiada na clandestinidade"

Submetido por taf em Domingo, 2013-03-10 23:19

1ª Avenida


Quando pensava que Portugal, apesar das dificuldades, era um país em que os cidadãos viviam em liberdade usufruindo dos seus direitos fundamentais, eis que descubro que afinal há uma organização que se sente obrigada a viver na clandestinidade, com contacto quase inacessível ao comum dos mortais. Imagino que o facto de gerir recursos públicos obrigue os seus membros (quem serão?) a uma vida de quase clausura, isolando-os assim das inevitáveis pressões dos interesses instalados.

Há portanto um grupo, de composição desconhecida, de corajosos e abnegados cidadãos que cumprem a arriscada missão de gerir o "1ª Avenida". Não tendo eu na altura consciência da natureza confidencial desta organização, tentei ingenuamente contactá-la no passado dia 19 de Fevereiro a propósito desta Convocatória Aberta para Projectos Artísticos, cujo prazo termina no próximo dia 17 deste mês. Estando divulgados dois endereços de mail para contacto, enviei uma mensagem para ambos solicitando esclarecimentos adicionais. A mensagem veio devolvida: os endereços não existiam. Tentei então o formulário disponível no site; a mensagem foi dada como recebida, mas nunca respondida. Não havia indicação de contacto telefónico. Fui pessoalmente ao edifício do 1ª Avenida na Avenida dos Aliados mas, naturalmente, só lá estava o segurança que me informou que eu deveria tentar outra qualquer forma de contacto. Como eu tinha recebido um mail de divulgação (honra que nunca esquecerei) enviado pelo curador do projecto, enviei-lhe também por essa via as minhas dúvidas. Nada feito. Insisti. Nada feito. Insisti. Nada feito. Descobri que havia uma página do Facebook e foi assim que confirmei que a organização era real, existia mesmo, pois alguém me respondeu a uma mensagem que lá deixei a perguntar como a contactar.

A 28 de Fevereiro recebi finalmente um primeiro esboço de resposta. Devido seguramente a limitações da minha capacidade de entendimento, não fiquei esclarecido. Insisti. Voltei a insistir com cópia para os outros parceiros do projecto: Porto Vivo, Porto Lazer, Câmara Municipal. Etc., etc.. Nada feito: não me respondem ao que pergunto. Sugerem uma reunião mas não indicam data, nem local, nem outra forma de contacto. É ver a transcrição dos mails abaixo. A data limite aproxima-se. Mas não me queixo. Uma organização na clandestinidade não se pode dar ao luxo de se expor demasiado. O simples facto de continuar a existir já é prova do valor que injustamente não lhe tem sido reconhecido pela sociedade em geral. Viva a Invicta Cidade do Porto!