2013-01-27
No mesmo dia, no mesmo jornal – Público 29 de Janeiro de 2013 –, duas notícias que podem tudo ter a ver uma com a outra: “Reabilitação do Bolhão só terá verbas do QREN, se houver sobras” e “Se o Estado não tem dinheiro para a cultura, é preciso inventar saídas”. Na indisponibilidade de verbas do QREN, tudo indica que a Câmara do Porto irá seguir o seu “plano de lavagem da cara ao Bolhão”, com os 735 mil euros inscritos no Orçamento Camarário. A habitual política nortenha do “caldo verde”. Mas não há mesmo outras opções?
Num dos artigos acima referidos, das conclusões dos encontros internacionais de gestão cultural realizados a semana passada em Madrid, por não ser possível depender apenas do Estado para a criação artísticas: “… não há dinheiro mas existem ideias, fulcrais para que se inventem novas formas de financiamento, é possível continuar a criar, é possível ganhar dinheiro com a cultura, só é preciso descobrir como. Às vezes das formas mais inesperadas. Não existem fórmulas, há que arriscar” e um apelo à colaboração entre o Estado e o sector privado.
Esperar que o Estado seja a solução para os problemas começa a ser uma questão do passado, sendo a crise uma oportunidade de transição de um modelo obsoleto de financiamento para um modelo de colaboração. John Holden, professor de Política Cultural na City University of London, destaca a importância da revolução tecnológica, que deve ser vista como uma oportunidade: “… cada vez surgem meios alternativos para angariar fundos, como as plataformas de crowdfounding…, dado que as pessoas dão valor à cultura, como se pode ver pelos grandes museus, que estão sempre cheios, e os espectáculos e concertos tantas vezes esgotados”.
Regressando à nossa telenovela da reabilitação do Mercado do Bolhão, na falha da resposta pública, porque não a sua entrega directa aos cidadãos do Porto, em vez desta intermediação que não tem sabido dar respostas aos problemas? Os 20 milhões de euros poderiam ser objecto de uma oferta pública de subscrição de acções destinadas aos privados, aos cidadãos do Porto: 100 mil habitantes, investindo 20 euros cada, ou uma qualquer outra combinação, seriam suficientes. Isto mesmo, o mal amado capitalismo também pode dar boas respostas, como modelo popular de intervenção no financiamento de projectos, neste caso a reabilitação do imóvel.
Proponho a criação de uma sociedade municipal que integre o edifício do Mercado do Bolhão, que seria objecto de avaliação, e que depois proceda à entrada de novos pequenos accionistas, minoritários. Os resultados das rendas do espaço, definidas a partir de um valor fixo e de uma percentagem das vendas, tal como nos modelos de gestão dos centros comerciais, seriam afectos à remuneração dos capitais investidos, pela Câmara e pelos cidadãos. Uma parte substancial, afecta a programas de promoção e de animação turística da cidade, dado que a importância e a rentabilização de uma cidade passa pela sua promoção. E para isso é necessário que se aposte mais numa estratégia de marketing cultural e turístico.
“Não se pode esperar que nos resolvam os problemas, nós fazemos parte da solução”. É preciso renovar e inovar, os modelos antigos não são mais rentáveis nem fazem sentido.
José Ferraz Alves, Movimento Partido do Norte
Antes de ter os candidatos formatados e formados à medida dos amigos / conhecidos / interesses dos Partidos existentes, talvez fosse indispensável pensar-se o que se pretende para o Porto (e - até - talvez para o País!); e a partir daí ver com objetividade quem terá mais perfil para minimamente fazer "qualquer coisita", a bem do "bem da cidade"!
Como é evidente o que está a ser como única(s) alternativa(s) de facto não terá a qualidade, o perfil, o cariz que o Porto merece! E chegou (ou não!) o tempo de fazer tudo diferente, a começar por não nos termos de nos sujeitar aos caprichos pessoais sempre dos mesmos e ao aniquilamento da democracia, pelos métodos utilizados nestes últimos 20 anos! Em todos os Partidos. Em todo o País!
E a guerra pelas autarquias de Norte a Sul, não está a ser por estas, mas única e exclusivamente pelos interesses partidários e pessoais, instalados, de sempre, dos mesmos! Até quando continuaremos a ajudar a manter a situação? Isto é verdadeira democracia?
Vai decorrer hoje, dia 31 de Janeiro (quinta-feira) pelas 21:15, no Cinema STOP, mais uma tertúlia da APRUPP, desta vez dedicada à temática dos chamados Centros Comerciais de “primeira geração” que predominaram durante os anos 70 e 80, agora obsoletos e abandonados face à construção desenfreada dos recentes “mega-shoppings”, perdurando no centro das cidades como que perdidos no tempo.
Pretende-se pois trazer à discussão possíveis estratégias para a revitalização destes equipamentos, identificando as suas potencialidades e analisando possibilidades de novas ocupações, ajustadas aos novos padrões de consumo do morador do centro da cidade, e de que forma estas intervenções se podem assumir como instrumentos de reabilitação urbana.
A sessão vai contar com a presença de vários testemunhos, nomeadamente José Rio Fernandes (FLUP), Maria Encarnação Sposito (Universidade de São Paulo), Miguel Graça (Arquiteto), Anselmo Canha (Centro Comercial STOP) e Marina Costa / Artur Mendanha (Centro Comercial Bombarda). A moderação ficará à responsabilidade de Jerónimo Botelho (APRUPP).
Mais pormenores aqui.
Hoje, 31 de Janeiro, pelas 16h, será apresentado no Café Guarany (Avenida dos Aliados), por Rui Moreira, Economista, Presidente da Associação Comercial do Porto e ex-Presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana “Porto Vivo”, e por Teresa Sá Marques, Geógrafa, Professora Associada da FLUP e membro do Conselho Diretivo do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, o livro organizado por mim e por Maria Encarnação Beltrão Sposito “Nova vida do velho centro nas cidades portuguesas e brasileiras” que além de textos iniciais dos organizadores e de Teresa Barata Salgueiro, reúne o contributo de especialistas em geografia urbana de Portugal e Brasil que tratam os centros de grandes e médias cidades portuguesas e brasileiras.
Após a apresentação, terá lugar um debate sobre as dinâmicas recentes das áreas centrais e o papel dos principais agentes na sua transformação.
A entrada é livre.
1. ANÚNCIO. Próximo dia 31 de Janeiro, 21h30 no Centro Comercial STOP, Rua do Heroísmo junto ao cemitério do Prado do Repouso, a APRUPP, Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Protecção do Património organiza uma tertúlia dedicada ao tema das galerias comerciais e centros comerciais que existiram / ainda existem e que actualmente definham/desapareceram de todo da paisagem urbana do Porto - “Vida e Morte dos Pequenos Centros Comerciais”.
2. VIDA. Por mim, nascido em 75, ou seja, criado nos anos 80, a memória bem viva é a de adolescente ávido do consumo parolo e fixe das galerias e centros comerciais, trocos e peanuts, ir ao Sirius, ir ao cinema ao Foco, ao Lumière, ao Pedro Cem, ao Stop, ao Brasília, ir ver os punks à entrada do Dallas… - “Altamente, um prédio espelhado…!”. Depois espreitar as novidades do Rambo/Rocky e do Schwarznegger/Comando nos video-clubes (nem sequer tinha tv a cores em 85, quanto mais vídeo…), lanchar qualquer coisa mais “fast” e menos “food”, comprar chiclets e bollicao… "experimentar o desenvolvimento”, portanto…
3. ARQUITECTURA. Como intervir com Arquitectura em Galerias Comerciais?
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