2012-12-16
- Casa da Música: Corte de 30% leva à demissão da administração
- Nuno Azevedo acusa Estado de faltar à palavra em relação à Casa da Música
- O Estado "faltou com a palavra à Casa da Música". E se os mecenas também o fizerem?
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- Manuel Pizarro diz que Governo foi irresponsável na Casa da Música
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- JMP contra deslocalização da "Praça da Alegria" para Lisboa
As elites do Porto querem (e bem) a Casa da Música com o orçamento que previam? Ok, não é assim tanto, paguem os 10% que faltam. Desconfio que o problema é mais com o corte ser só 20% no Centro Cultural de Belém, por comparação com os 30% na Casa da Música... Pois bem, corte-se também 30% no CCB. Houve promessas incumpridas por parte do Estado? Está mal, mas é outro problema: não era suposto a administração da CdM ser constituída por gente experiente, que não se fia em promessas que não estão explicitadas preto no branco? A Casa da Música só deve contar com o Estado para a parte da Educação, por contrato de prestação de serviços. Já agora, administradores de entidades subsidiadas pelo Estado não deviam nunca receber mais que o Presidente da República ou o Primeiro Ministro. Nunca. Além disso, ao analisar a composição da equipa da Casa da Música (página 106 e seguintes) parece haver ali muito onde poupar.
Quanto à RTP, a empresa no seu estado actual é indefensável, no Porto ou em Lisboa. Grande parte do que faz não é serviço público, é apenas subsidiar uma casta. Não se combate o centralismo defendendo rendas injustificadas pagas pelo Estado a quem não consegue mercado nos privados. Acho especialmente desfocado defender o "Praça da Alegria". Se por hipótese absurda se considerasse que esse programa era serviço público (com cantores pimba e consultas de astrologia...), esse serviço seria de bom grado prestado pelos canais privados sem qualquer custo para o Estado. Mais: a eventual fuga para Lisboa deste tipo de produção (ou mesmo de outros) é uma excelente oportunidade para a iniciativa privada nortenha, desde o Porto Canal às inúmeras pequenas empresas que agora vivem debaixo da saia da RTP/Porto, tantas vezes sem qualquer justificação às custas de todos nós. Combata-se o centralismo sim, mas defendendo apenas o verdadeiro serviço público, que pode ser com especial competência garantido pela RTP/Porto.
1 - Estas fotos tiradas este mês no Porto: sem abrigo “abrigados” deste frio e desta chuva na lateral do Teatro de S. João (lonas das obras) e também no Pingo Doce da Praça Velasquez - “Sabe bem pagar tão pouco (aos trabalhadores)".
2 - No site da Casa Viva, e em associação com a Assembleia Popular do Porto: «Como se sabe, aumentou, muito, o número de pessoas a viver na rua. Os grupos de malta que já por lá estavam não se misturam com os "novos pobres". Dormem por turnos, não têm perto lavandarias, banhos públicos ou sítios onde dormir. Tudo quanto é instituição do Porto está pelas costuras, o assistencialismo instituído está a fazer distribuições de comida e de material de primeira necessidade, mas não está a chegar.(…) Não se pode viver a dormir por turnos, com medo, na rua, com este frio e com com tanta casa para aí a mofar. (…) A Assembleia Popular do Porto e a CasaViva convidam todos os que acham que a desagregação social em curso merece uma tentativa de levantamento de ideias sobre hipóteses de solução que não sejam só remendos e côdeas, para uma conversa.(…) E, acima de tudo, precisa-se de casas para ocupar, antes que morra gente de frio!»
3 - E no site Esquerda.Net em que se chega à conclusão do que já se sabia desde que foi assinado o programa de “ajuda”: que somos todos Gregos, perante a Banca. O jogo de chutar a crise para os mais fracos faz com que haja uma ligação directa entre a Alta Finança Internacional e o sem abrigo que dorme na lateral do Teatro S. João (2008-2012).
O banco que jogou na imobiliária grandes fundos e que os perdeu na bolha de 2008, que por sua vez contaminou outros bancos, que por sua vez foram salvos e recapitalizados com fundos públicos que foram por isso aumentar as dívidas dos estados europeus, que por isso foram empurrados para programas de “ajuda” internacionais, que por sua vez impuseram aos povos o pagamento integral dessas dívidas das quais não têm culpa, e cuja austeridade convictamente aplicada pelos respectivos governos a mando do FMI e da Banca baixa salários e provoca caos económico, passando a classe média para classe baixa e a classe baixa para miserável, e a miserável directamente para a rua, como se vê andando pelas ruas desta cidade, o Porto. Quem tenha olhos para ver que veja e cabeça para pensar que pense e aja, que é para isso que estamos neste planeta.
- Tertúlia: Estruturas antigas de madeira: reabilitação vs substituição, hoje (terça-feira) pelas 21h30, no auditório do Grupo Musical de Miragaia (Rua Arménia n.º 18, em Miragaia), sugestão de David Afonso e de Tiago Ilharco: "A sessão vai contar com a presença dos seguintes especialistas: Arq.º João Mendes Ribeiro (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra / João Mendes Ribeiro Arquitecto, Lda.), Eng. Jorge Branco (Universidade do Minho) e Eng. Miguel Santos (STAP – Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S.A.). A moderação ficará à responsabilidade de Tiago Ilharco (APRUPP)."
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Fotografias:
- Cinema Batalha a rachar, fechado após o fracasso de reabilitação de iniciativa privada. Foram gastos cerca de 1.000.000 de euros em obras de reabilitação pelo proprietário privado antes de ter fechado novamente. O programa “Cinema” tinha sido eliminado deste Cinema na reabilitação feita. Talvez daqui a base do fracasso, descolar o edifício do seu programa original.
- Edifício na Rua Formosa, onde era o “Banco do Brasil” (anos 80)… Após a SRU ter esvaziado este quarteirão há meia dúzia de anos, é este ainda o aspecto desolador de todo o quarteirão, (assim mesmo) à vista de todos: um quarteirão abandonado à pressa devido a um qualquer cataclismo (“o cataclismo SRU”) neste far-west e à vista de todos, turistas e não-turistas. Parece que explodiu um engenho da Al-Qaeda e toda a gente achou normal haver um edifício de 7 pisos esventrado em plena cidade do Porto…
A memória (é mais) uma coisa que falta à direita no poder. Daí o seu falhanço na implementação da SRU. A sua falta de cultura e memória históricas redundam no primarismo e na barbárie das suas abordagens (neo-liberais) e imobiliárias no frágil tecido urbano do Porto. O estilo super-quarteirão a vender como um conjunto a preços super caros num país e cidade de gente cada vez mais pobre e sem crédito não é com certeza a abordagem mais eficaz e inteligente (sobretudo) depois de 2008. Rest in Peace S. R. U. Aqui não há a desculpa da Troika que acaba com tudo… Isto é apenas uma espuma dos dias: a SRU tinha de morrer devido às suas contradições internas. Custe o que custar, doa a quem doer, isto não é também uma questão de “Ruis” (Rios ou Moreiras), é antes uma questão simples de estratégia. Não compatível de todo com “stands de venda” (frente a S. Bento), inúmeros cartazes “(não) se vende” (quarteirão Corpo da guarda). A direita que aprenda com os seus erros, erros decorrentes da estupidez da sua própria ideologia.
Coisas que a SRU não quis saber, por falta de cultura e de memória histórica:
(Breve cronologia da Reabilitação do Centro Histórico do Porto)
- Anos 30-50: Demolições entre a Ponte D. Luís e a Praça da Liberdade. Criou-se um melhor acesso automóvel à Ponte, “higienização” do centro medieval, “libertou-se” a Sé das casas em frente e laterais.
- Em projecto e no PDM (anos 50-60, Robert Auzelle), viadutos, edifícios modernos, parques de estacionamento, demolição integral do Barredo/Mercadores.
- Criou-se uma ferida, a “pedreira”.
- A necessidade de preservar o centro histórico veio com o 25 de Abril.
- Anos 70 e 90: projectos de Siza Vieira para “coser” as malhas, não realizados. Mas arrancou o CRUARB lado a lado com o SAAL (1974) para preservar o centro histórico (alojando “provisoriamente” as gentes nas torres do Aleixo).
- CRUARB: Direito à participação popular e realojamento “in situ”. 3000 pessoas (750 famílias) foram transferidas.
- A partir de 1976: “pastiches”, por ex. na Lada (elevador do Barredo) ou novos materiais à mistura.
- 1982: O CRUARB passa a ser tutelado pela Câmara. Mesmo número de funcionários, mas agora sem pesquisa histórica e tipológica. É alargada a zona da intervenção.
- 1996: "Porto, património da humanidade”… Recuperação do conceito “cada parcela, uma habitação”.
- A partir de 2000: Extinção CRUARB e Fundação Zona Histórica / Criação SRU, conceito imobiliário e unidade-quarteirão privada integral. Preço caríssimo, tempos demorados de obra/expropriação, demolição integral dos interiores, fim da pesquisa histórica. Centro para ricos viverem, não para realojamento popular.