2012-08-19
São 4 casas, 4 singelas casas. São 4 casas, 4 fantásticos Projectos Modernistas comme il faut. São casas projectadas no âmbito da construção dos grandes empreendimentos de barragens / centrais hidroeléctricas do Douro. São 4 casas projectadas pelo Arq.º Manuel (Carlos Duarte) Nunes para o pessoal dirigente (“Engenheiros”) da barragem do Picote. Também é da autoria do Arq.º Manuel Nunes a magnífica Capela (em breve mostrá-la-ei).
E é assim o “Moderno escondido”: puro, honesto, racional, sem concessões, orgânico na implantação, harmonioso e dialogante com a paisagem ao ponto de, sem sebes nem muros, sem o “conceito” de espaço privativo / espaço colectivo se confundir em harmonia pedras / árvores / casas / o terreno “virgem” (?) a interligar todos estes elementos. Este Moderno é Moderno e é escondido. E é degradado. É uma visão do passado – futuro. É uma visão do que acontece às infraestruturas de grandes empreendimentos barragistas, proclamados inicialmente como “o futuro para as regiões” / “postos de trabalho” / “turistas, muitos turistas”… e, por fim, a óbvia ruína, porque de Arquitectura efémera e dependente do breve momento da construção da barragem se trata. (Qual barragem do Tua.)
Alexandre Burmester, as imagens são uma oferta minha como “resposta” ao belo paramento de betão da barragem do Alto Lindoso que há uns dias publicou aqui n'A Baixa. Tiago e Alexandre: e que tal uma parceria privado-privado? O Tiago entra com a massa (algum Chinês ligado à EDP que queira investir na reabilitação destas 4 maravilhas modernistas?). O Alexandre Burmester e eu faremos os projectos de reabilitação… A “Jessica” quer entrar nesta parceria, ou está indisponível? Isto dava qualquer coisa (€€€) para “Turismo Rural” (o actual e desleixado dono é a EDP, suponho).
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Pista de automobilismo e armazéns de não sei o quê dentro do Parque da Cidade no Porto. A vergonha e incoerência de quem chega à Câmara do Porto criticando a permuta de terrenos no perímetro deste local, para o Plano de Pormenor das Antas. A mesma lógica de quem em 2001 escreveu no livro da Associação Cultural do Bairro do Aleixo que urgia reabilitar as casas e sobretudo cuidar das pessoas. Este é o Porto que temos. Uma vergonha face aos nossos antepassados.
A imagem que aqui serve de ilustração corresponde a uma janela emparedada, como muitas existem nesta cidade. A frase que ostenta diz bem do sentimento que encerra a cidade.
No decorrer da crise que se vive, o pouco que existe de trabalho na área do imobiliário consiste na legalização de imóveis, na pequena recuperação e nas obras de cariz particular. Sejam particulares a legalizar, muitos porque precisam de vender ou de fazer pequenas alterações para melhor se adaptarem aos tempos actuais, sejam empresas porque implantam novos negócios ou na mesma os adaptam, torna-se urgente para os centros das cidades que estas situações sejam rapidamente resolvidas.
Como obras novas não existem, a Câmara limita o seu trabalho de apreciação de projectos essencialmente a estes temas. Com uma redução de cerca de 60% do volume de trabalho, esta e as outras Câmaras do País dedicam o trabalho dos departamentos de Urbanização, obras e fiscalização a estes assuntos. As Câmaras por este País fora, compreendendo a situação e tendo nesta circunstância maior disponibilidade de meios humanos, têm vindo a auxiliar os munícipes nestes processos, sendo que por vezes de formas rápidas e até expeditas, ultrapassando por vezes a patetice da actual legislação.
Ao contrário a Câmara do Porto, que parece viver outros tempos e outras realidades, mantém a mesma postura de tempos idos. Os processos demoram eternidades, exigem-se regras e procedimentos que complicam e empatam os processos. Não vou dar exemplos, não só porque seriam muitos, mas porque para além desta escrita azedar ia também estragar o meu dia. Deixo aqui apenas a imagem plasmada na porta de um bar do centro da cidade, sábado à noite, cujo aviso foi despachado pelo Sr. Vereador do Pelouro da Protecção Civil, Fiscalização e Juventude (?deve ser?) a mando de uma incompetente de nome Cristina Douteiro, que mandou fechar um bar no r/c de um prédio supostamente sem Licença de Utilização, como quase todos os do centro da cidade, mas por maior competência ou por especial favor deixou a funcionar no mesmo prédio outro bar no primeiro andar. As razões devem ser muito fortes que só ela e o seu Vereador devem saber.
Bem haja Sr. Vereador e douta Cristina pelo bom entendimento da realidade, mas por cá vocês não fazem falta nenhuma. Não basta a crise ser a que é, que a Câmara ajuda a agudizar.
“Por cada tijolo que me cega, eu te saúdo”
Alexandre Burmester
Uma organização que desleixa assim o seu património e a cidade não merece o estatuto de Fundação.