2011-12-25
Já aqui ocasionalmente tenho falado do que vou observando, e daquilo em que vou participando, no partido em que milito, o PSD. Há anos que insisto na importância de os cidadãos serem mais activos no uso das ferramentas que a Democracia nos fornece, seja lá qual for o partido que escolham. Por isso, para terminar o ano e porque me parece educativo, aqui ficam alguns comentários adicionais a propósito das eleições que vão ocorrer no final de Janeiro para os órgãos concelhios do PSD/Porto. Estou certo de que "telenovelas" equivalentes ocorrerão nos outros partidos...
Nas eleições passadas existiram duas listas para a Comissão Política Concelhia. Descrevendo de forma (demasiado) simplista, uma era liderado por Paulo Rios e apoiada pela "facção Rui Rio", outra era uma lista alternativa que faz oposição interna (leal) há vários anos, encabeçada por Luís Artur Pereira. Na altura não conhecia Paulo Rios e fiquei mal impressionado com o facto de o ponto aparentemente principal salientado pela candidatura ser precisamente o facto de ser apoiada por Rui Rio. De objectivos, programa, etc., falava-se pouco. Além disso era a "lista da continuidade". Sabendo que anteriormente a liderança da concelhia era de uma agressividade gratuita e sofria de "partidarite" aguda, resolvi optar por votar na lista concorrente. A mudança seria só por si uma vantagem, mas a minha escolha não venceu.
Entretanto fiquei contente por ter perdido, porque Paulo Rios se revelou um bom líder: dialogante, sem agressividade, aberto à participação de todos, aproveitando boas ideias. Um estilo totalmente diferente do anterior. Alargou muito a participação dos militantes, chamou mais gente ao partido, e terminou com um processo exemplar de escolha interna da proposta para reorganização das freguesias.
As novas eleições vêm aí. Mais uma vez de forma muito simplista, existem três tipos de militantes: os da "facção Rui Rio", os da nova "facção Menezes", e os que (como eu) não pertencem a facção nenhuma (não vão em "carneiradas") e querem é debater ideias e escolher projectos. A "facção Rui Rio", que quer evitar que Menezes venha para a Câmara do Porto, pensou em empurrar Paulo Rangel para a liderança da concelhia, como primeiro passo para uma candidatura à Câmara. Rangel, ao contrário do costume, ainda foi ao plenário de militantes. Queria certamente "sentir o ambiente". Mas não encontrou nenhuma vaga de fundo. Além disso, digo eu, não teria o mínimo perfil para este cargo, apesar de ter muito valor noutros aspectos.
Do outro lado aparece Ricardo Almeida, até agora o único candidato. Tem a seu favor a clareza de se ter apresentado à luta. Tem contra si tudo o resto: o de ter ficado tristemente conhecido como "deputado voador", o de não se lhe conhecer qualquer proposta concreta ou ideia política relevante ao longo de tantos anos na política (nunca teve vida profissional fora da política - agora está na Gaianima), o de indiciar uma escolha prematura (embora ele a negue) de Menezes como candidato à Câmara, o de estar envolvido num estranho caso de inscrição muito recente (e entretanto suspensa para averiguações) de 300 novos militantes.
Paulo Rios tem algumas dificuldades de disponibilidade para se recandidatar (é deputado, tem a família no Porto e vida dividida entre Porto e Lisboa), mas ainda terá tentado uma candidatura de equilíbrio, integradora. Sem sucesso. As facções Rio e Menezes estão em plena batalha, e muitos dos que supostamente estavam acima desta pequena política afinal vão-se posicionando conforme lhes parece mais vantajoso. Ou "defendem-se", afastando-se da procura de soluções. Resultado: aparentemente existirá uma única candidatura que me parece totalmente insatisfatória. De tal modo que, não fosse o facto de eu desconhecer quase completamente as estruturas do partido e de os militantes não me conhecerem (excepto os poucos que participam nos plenários e debates internos), até eu me candidataria a este cargo para o qual não tenho qualquer vocação... Mas pelo menos ficava com a consciência tranquila de ter feito o que estava ao meu alcance para encontrar uma alternativa. Atendendo a que dificilmente teria mais do que o meu próprio voto (e eventualmente o da minha mãe que também é militante :-) ), aqui fica o desafio a que apareçam mesmo outros candidatos. Eu não quero ter de votar em branco.
BOM ANO!
PS: Espero que compreendam que isto é um incentivo a que apareçam mais militantes para que haja votos internos suficientes de gente de mérito que mude este triste cenário. No PSD e em todos os outros partidos. A Democracia nunca será saudável sem partidos saudáveis.
Simpatizo com limitações grandes ao uso de automóvel nas cidades. Nestas situações há quase sempre um problema do ovo e da galinha que acaba por ser pretexto para ir adiando as medidas necessárias: não há transportes públicos suficientes e adequados porque as pessoas usam muito o carro, e as pessoas usam muito o carro porque não há transportes públicos suficientes e adequados. (Além de transportes alternativos como a bicicleta, etc.) É preciso "desencravar" a situação, mesmo que isso crie transitórios desagradáveis.
Posto isto, compreendo a introdução de novos parcómetros com uma ressalva: a de que se criam zonas reservadas de aparcamento gratuito para residentes antigos na cidade. Lembro que quando, por exemplo, os meus pais resolveram escolher casa, ainda não era obrigatória (nem sequer habitual) a existência de aparcamento privativo nos edifícios residenciais. Mais: era suposto haver facilidade de estacionamento na via pública, pois na altura foram previstos lugares mais que suficientes para esse efeito. Eu ainda sou do tempo em que se jogava à bola no meio da rua na zona do Covelo, porque só passava um carro de vez em quando. A minha mulher fazia igualmente as brincadeiras de infância com os miúdos amigos dela numa das ruas paralelas à Constituição...
Ora esses residentes antigos não têm culpa da ausência de políticas sensatas de mobilidade e de gestão da cidade. Devem agora ser obrigados a suportar uma renda adicional, nem que seja só para ter o carro a maior parte do tempo parado porque andam a pé? Não basta o incómodo de não terem lugar perto de casa quando voltam de se abastecer no supermercado? Já quanto a novos habitantes, a situação é diferente: esses sabem com o que contam ao escolher casa.
Em reposta à mensagem e apelo do José Pedro Ferraz, faço outro repto:
Sim a mais parcómetros no centro das cidades e que os mesmos ajudem a financiar mais e melhor transportes públicos, como mandam as boas práticas.
E a propósito disto, deixo a sugestão de uma intervenção sobre o financiamento dos TP que todos deveríamos ver com atenção. Desejo a todos um excelente 2012, de preferência a depender menos do carro.
- Aleixo: o início do fim, de Pedro Bismarck
- Tradução do Relatório ICOMOS cujo original tinha há 15 dias sido publicado aqui n'A Baixa por Rui Rodrigues, de Célia Quintas e Vítor Silva
- Fotogaleria Placas toponímicas - Símbolos de um velho Porto que não desaparece, de Pedro Rios
Esta pequena notícia passou despercebida, o que é pena porque se trata de um claro sinal dos tempos. A Polícia Municipal do Porto terá impedido a realização de um concerto numa sala de espectáculo devidamente licenciada para esse efeito. Não estamos a falar de qualquer sala de espectáculos, é apenas o decano dos teatros portuenses, o Teatro Sá da Bandeira. O problema é que nem a provecta idade desta instituição a protegeu dos avanços de um recém-chegado, o Hotel Teatro, que se terá sentido incomodado com o ruído do negócio vizinho.
No site do hotel pode ler-se que «O Hotel Teatro nasce no mesmo lugar onde, em 1859, se inaugurava o Teatro Baquet. 151 anos depois ergue-se, no mesmo local, um hotel que recria esse ambiente ímpar, requintado e boémio do Teatro. As portas saúdam todos os que visitam com o poema de grande poeta romântico portuense – Almeida Garret. / A recepção representa uma bilheteira, onde cada hóspede adquire um bilhete para aceder ao seu quarto». O hotel não só se apropria de uma memória que não lhe diz respeito, como também não parece ser capaz de a respeitar, efabulando uma imagem em torno conceito «giro» de teatro, oferecendo um simulacro, uma coisa postiça aos seus clientes. Entretanto, o Teatro verdadeiro, o seu vizinho, vê-se acossado e impedido de desenvolver a actividade para a qual se encontra legalmente credenciado porque isso incomoda os hóspedes do teatro faz-de-conta.
Quando o postiço toma o lugar do real, é ultrapassada a linha imaginária que delimita e contém a identidade das comunidades: já não somos o que somos, somos aquilo que os outros julgam que nós somos. Por meia dúzia de patacas fazemos números de circo como teatralizar um hotel ou hotelificar um cinema (como o caso Cinema Águia), (re)calcando, para esse fim, o mais possível a nossa própria identidade. Disneyficamo-nos para inglês ver («Como optámos por uma decoração tão neoclássica, há pessoas que acham que recuperamos o palácio», como dizia Pilar Monzon a propósito de outro hotel recentemente inaugurado no Porto, o Palácio das Cardosas) e com isso perdemos de vista a evidência de que uma cidade não pode viver apenas do turismo e que até mesmo os turistas precisam de algo mais do que hotéis e um cenário para se sentirem atraídos por uma cidade. Não será, com certeza, por causa dos quartos de hotel que um turista visita uma cidade, por mais alegóricos e folclóricos que estes sejam. As cidades postiças, que se vestem para seduzir, não convencem o turista que, por definição, aspira à autenticidade do lugar. A autenticidade não se define e nem se aponta ao visitante, porque este terá a competência para a pressentir e apreciar. A autenticidade resulta da vida quotidiana das pessoas e da qualidade das suas acções que têm lugar (e fazem o lugar) no espaço urbano de uma forma espontânea, não dirigida para o consumo do olhar do estrangeiro. Tenho muita dificuldade em perceber que mais-valia podem trazer estas manobras de branding urbano replicadas um pouco por todo o mundo. Autenticidade implica autoctonecidade, isto é, o direito de conduzir a sua vida pessoal e social segundo os padrões culturais específicos e únicos de um lugar.
O trabalho, a cultura e as pessoas constituem a paisagem humana das cidades. O Porto foi e, apesar de tudo, ainda é uma cidade de cultura. A música, o teatro e o cinema fazem parte do nosso ADN e apenas precisamos que nos deixem continuar assim, prescindindo de imitações e, sobretudo, não nos podemos permitir que o simulacro se sobreponha ao real. Termino lembrando que o mesmo Teatro Baquet, cujo ambiente o Hotel Teatro diz recriar, ficou tristemente célebre pelo horrível incêndio de 20 de Março de 1888 no qual morreram carbonizadas mais de uma centena de pessoas. Em honra das vítimas erigiu-se, no cemitério de Agramonte, um monumento fúnebre com os restos de ferro retorcido e demais materiais. Mas esta parte da história não tem lugar na disneylândia.
DIZ NÃO À COLOCAÇÃO DE MAIS PARCÓMETROS E À PRIVATIZAÇÃO DO ESTACIONAMENTO NA VIA PÚBLICA NO PORTO
A Câmara Municipal do Porto, no quadro da concretização da privatização da exploração dos parcómetros, prepara-se para aumentar em 260% o número de lugares de estacionamento pago na via pública, alargando este sistema a várias zonas onde actualmente se pode estacionar sem custos. Assim, acrescentam-se mais despesas ao aumento brutal do custo de vida e à diminuição generalizada dos rendimentos. Esta medida, a concretizar-se, vai agravar a situação de moradores, de quem trabalha e se desloca para o Porto. Aqueles que residem nas zonas afectadas e precisam de lugar para estacionar passarão a ter de pagar uma mensalidade. O comércio tradicional e muitas micro e pequenas empresas vão ser ainda mais asfixiadas. Com isto, apenas um qualquer grande grupo económico vai beneficiar.
Consulta aqui os mapas com a localização dos actuais e dos futuros arruamentos "premiados" com parcómetros, de forma a poderes verificar como se trata de uma decisão errada e grave. Subscreve o abaixo-assinado contra este processo. Contribui para parar esta negociata! Perante estas malfeitorias protestar é um dever. DIVULGA!
Pel'O Movimento Dizemos Não a Mais Parcómetros no Porto
José Pedro
- Donos das esplanadas de Parada Leitão reúnem-se com a Câmara, sugestão de Carlos Oliveira: "Esta notícia é um escândalo, já vale tudo... nem comento!"
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Não percam a série de reportagens com o título "Caminhos de Portugal”, que a TV Globo começou ontem a difundir. Retive, com agrado, esta frase do primeiro entrevistado: “Não chegou a crise aqui”. E lembrei-me daquilo que me disse o Alex Gomide, um dos primeiros amigos que conheci quando cheguei ao Brasil e lhe falei da crise económica que atravessa o nosso país: “Corta o S, foi isso que nós fizemos e deu certo”. Entenderam? É simples, apaguem o S da palavra Crise. Fica “Crie!”
Um abraço para todos e Bom Ano.
Pedro Aroso
Brasília, 29/12/2011
Convocatória para conferência de imprensa aberta do MPN - Movimento Partido do Norte, o Partido das Regiões
Sábado 31 de Dezembro, 15 horas, Rua de S. Brás - "Contributo para o desenvolvimento e a criação de emprego em Portugal"
1. De acordo com o Secretário de Estado Adjunto Carlos Moedas, "Fevereiro é o mês decisivo da avaliação da reforma da economia portuguesa" (Público, 29.12). Do que tivemos conhecimento, os Governos continuam a demonstrar uma consequência de se terem formados tantos juristas no País, dado ser simplesmente um conjunto de articulados legais, que neste momento não serão o detonador do desenvolvimento, pese embora os bloqueios que se corrijam. Consideramos que temos mais um Governo falho de acções concretas no tecido empresarial e na Economia, porque não os conhecem e não estão vocacionados. Fica aqui um contributo do MPN, complementar a estas medidas.
2. No MPN entendemos desde logo crucial uma mudança da perspectiva, considerando-se o mercado interno como prioritário para o nosso desenvolvimento.
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Acto 1: “É com vinagre que se apanham moscas“ - "Sempre que há um problema em OportoCityTown mando logo, logo, os bulldozers para o demolir.”, diz o Xerife de OportoCityTown… “– É assim em OportoCity que tratamos os problemas! Qualquer problema: Apanhamos moscas com vinagre, onde outros tentam com insecticidas. Tratamos da droga com explosivos onde outros tentam com programas médicos e «políticas»" e ainda: "- Eu sou como o povo, também não gosto de políticos!” Em coerência, foi então demolida toda a droga do bairro de S. João de Deus. Os edifícios com a droga dentro.
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