2011-07-31
A não perder este vídeo sobre a absoluta ausência de policiamento nas noites da Baixa (é que nem sequer o estacionamento selvagem é punido):
Confesso que quando vi anunciado este concurso pensei que poderia ter a sua piada ver surgir algumas propostas para o local, muito embora o achasse pouco pertinente uma vez que existe um projecto com sentido já aprovado e em construção. Muitos outros locais da cidade abandonados e em mau estado, bem poderiam por isso ter sido preferidos à Praça de Lisboa para um evento desta natureza. Achei entre outras coisas que trazia a discussão da cidade para o plano das ideias desenhadas e dos conceitos de Arquitectura, o que aliás se pode ler na Acta do Júri: «teve como objectivo provocar um amplo debate, não apenas em torno deste espaço paradigmático da cidade do Porto, mas sobretudo, em torno do processo de reabilitação urbana “enquanto projecto partilhado e informado, participado e discutido”. Apostando no modelo do concurso de ideias, como instrumento democrático de participação nas decisões políticas, esta iniciativa procurou afirmar as vantagens do debate de ideias e do envolvimento da comunidade nos processos que conduzem a cidade.»
Qual o meu espanto quando outro dia ao consultar o site do concurso onde se anunciam os trabalhos premiados e vejo os respectivos trabalhos e as conclusões do Júri:
«Assim, o número de propostas recebidas (117, provenientes, para além de Portugal, de países como o Japão ou o Brasil, e enviadas por arquitectos, designers e cidadãos em geral), demonstrou uma vontade clara de participação e mobilização. Mas revelou também, uma certa avidez pela ‘solução arquitectónica’ e um certo formalismo, que produzindo respostas/imagens possíveis, não resultaram, na sua maioria, de um pensamento crítico e informado sobre o sítio/processo em causa, promovendo não raramente modelos/linguagens convencionais e importados. Porque não se tratava tanto de escolher entre imagem a ou b, mas entre estratégias capazes de identificar problemas, colocar questões, ensaiar respostas criativas e mobilizadoras, tanto do sítio em questão como da própria cidade. Neste sentido, foram seleccionadas cerca de 30 propostas que se revelaram pertinentes para um debate a prosseguir futuramente. E deste grupo, 3 mereceram destaque pelo suporte crítico e pela criatividade que evidenciaram, mas também pela capacidade de formular novas dinâmicas de espaço público e de envolvimento da comunidade. As 3 propostas premiadas partem da ideia de “vazio” reutilizado, e não de edifício camuflado de “vazio”, que constituiu a resposta mais comum e mais óbvia para a maioria dos concorrentes.»
1º Lugar
2º Lugar
Mas afinal onde estão as vantagens dos debates de ideias? Onde estão as propostas pertinentes, capazes de criar um diálogo com a cidade? Será que o debate de ideias, a Discussão Pública pertinente para a cidade e para a vida dos cidadãos centra-se neste “vazio reutilizado”? Afinal não eram ideias de Arquitectura que se pretendiam, mas antes de conceitos intelectuais de linguagem hermética para uma discussão democrática e popular.
Alexandre Burmester
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Nota de TAF:
"- Ora temos aqui um espaço vazio, o que podemos fazer com ele?"
"- Solução: vamos deixá-lo como espaço vazio para que as pessoas possam pensar no que fazer com ele."
Que fixe. Estava a ver que ninguém falava nisto. Claro que concordo com o Alexandre.
Segundo Margarida Felga, do blogue “oblogouavida”, eis uma versão muito bem apanhada da teoria subjacente às negociações entre a CMP e os okupas. Genial. Obrigado, Margarida.
… Mas há mais, muito mais para okupar nesta cidade. Por exemplo, okupar no jardim do Marquês este pequeno edifício vilmente abandonado pelo poder público faz “anos”… Poderá ser de futuro um pequeno centro de apoio a idosos – tipo “para tirar dúvidas sobre net, informática, enviar coisas por causa das reformas ou outras coisas on-line que os senhores mais velhos têm dificuldade…” – um pequeno centro de apoio, já que os senhores – e muito bem – okuparam eles próprios o jardim para lazer de jogatina, vermelhinha, copas, sueca ou bisca… Um autêntico centro de convívio ao ar livre… que dá gosto ver e é a inveja dos centros de dia escuros, silenciosos e televisivos onde despejamos os senhores a as senhoras para o silêncio e o esquecimento. O contrário do Marquês, portanto. Quanto ao pequeno edifício… Okupem-no, carago…, malta da Fontinha, do Colectivo CasaViva, ou os senhores da sueca nos intervalos do Casino…
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Cito aqui o Arquitecto Souto de Moura em discurso directo no jornal “O Tripeiro”, parte da sua entrevista nesta última edição - lúcido, claro, simples, com princípios e com carácter no seu discurso. Não fala em “eduquês”, não fala em “economês”, não fala em “direitês” e também não fala em “arquitectês”… o que se torna portanto uma lufada de Ar Fresco nesta era dos credores, em que o humanismo (a arquitectura é um dos últimos “Humanismos”…) está ultrapassado pela tecnocracia, pela burocracia e pela dívidocracia… É ler o resto da entrevista. Comprem “O Tripeiro” e não terão o vosso dinheiro mal empregue…
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Como é evidente aquela faixa pespegada na Ponte D. Luís, que bem nos mostra, talvez não seja "vandalismo", será antes "desrespeito" a todos nós, e "provocação" ao presidente da Câmara do Porto. Quanto ao desrespeito a todos nós, é mesmo mau, e deve não acontecer. Quem quer alinha, quem não quer não alinha, mas de facto "não havia necessidade" de estar ali o letreiro... não é necessário. E acho que devemos alinhar, mas não assim.....
Quanto à putativa provocação ao Presidente da C.M. Porto, convenhamos que este propositadamente se coloca sempre a jeito a ser provocado, e depois fica na mesma. Faz de propósito, mas... é pena... As Tripas do Porto, a homenagem a Diogo Vasconcelos, as inaugurações de exposições CULTURAIS no Porto (Serralves, Fundação EDP, Casa da Música, e muitos mais locais), variadas conferências que não as organizadas pela CMPorto, talvez devessem ter de contar sempre com o Presidente da Câmara. Já a total separação do Futebol é diferente, são áreas que não necessitam de se "misturar"... O resto... dá azo a isto...
Há coisas que de facto custam a perceber. O ATL do Centro Social do Barredo era, tanto quanto julgo saber, o último ATL ainda a funcionar no Centro Histórico. Tendo as refeições das crianças passado a ser asseguradas nas instalações das escolas que frequentam (o que faz sentido se forem devidamente acompanhadas durante esse período), pelos vistos a viabilidade económica destes espaços terá deixado de existir. É isto que não percebo, pois o horário das 15h30 às 19h00 (ou 17h30 às 19h00, conforme os casos) continua a não ser coberto pelas escolas, e as crianças sem sítio onde ficar (isto além dos períodos de férias lectivas).
Vejamos. Primeiro, custa-me a crer que sejam necessários 5 centros sociais para nove mil e tal pessoas (Centro Social de S. Nicolau, Centro Social da Vitória, Centro Social do Barredo, Centro Social da Sé e Centro Social de Miragaia). Já iniciei contactos para compreender se se trata só de falta de diálogo e cooperação, ou se há realmente razões para esta situação. Segundo, que custos tão elevados implicará a abertura de um ATL num horário tão reduzido? Não são necessários funcionários a tempo inteiro, os custos com arrendamento de instalações são inexistentes (ou são imóveis próprios ou são cedidos gratuitamente), há apesar de tudo alguma comparticipação da Segurança Social, os próprios pais estariam dispostos a suportar uma mensalidade razoável, há largas dezenas de "clientes" potenciais e pais preocupados.
Alguém me explica? Isto é inevitável, ou há solução? Por mim, estou activamente à procura dela e não me parece que ela tenha de vir da Administração Pública.
Quem autorizou isto? Patrocinado pelo Continente, Sagres e Delta, e aparentemente com a conivência da Câmara de Gaia.
in Público de 30-07-2011
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