2010-08-08
Fazer contas a sistemas como o das vias sem custos para o utilizador (e com custos para todos, os que as utilizam ou não), como nos propõe o interessante texto de José Castro, ajuda a demonstrar como a matemática ou a economia não marcam o fim da política.
Estes sistemas podem ser vistos como um problema de ciências do ambiente, ou de engenharia de transportes, que sustentaria o pagamento nas estradas e a gratuitidade do ferroviário, ou de geografia política, que diria que a haver auto-estradas sem portagens elas deveriam beneficiar a CIM do Tâmega, mas serve também para alimentar conflitos Norte-Sul (no caso), ou litoral-interior, ou ainda do Algarve contra os outros.
Na base política mais ideológica (e político-partidária), penso que é interessante ver como aqueles que se identificam com a direita procuram alargar o conceito de utilizador-pagador à saúde e ao ensino, na mira de uma economia mais sustentável mas que leva ao aumento das desigualdades (ver o pequeno e belo livro Ill Fares the Land, de Tony Judt); a esquerda procurando manter uma sociedade mais igual para todos, modernizada e actualizada em sucessivas reformas, com alguns destes (muito poucos na Europa, nenhuns nos Estados Unidos e bastantes em Portugal) a acreditar que quase tudo (incluindo auto-estradas, o que é raro noutros países) deveria ser universal, gratuito e gerido pelo Estado, apesar de as experiências que conhecemos de economias geridas pelo Estado não terem tido um grande sucesso (com excepção da China, comunista e capitalista, merecedora de um outro debate).
Tudo resumido: eu defendo que os hospitais devem ser pagos por todos, mesmo pelos que têm saúde e defendo que, em Portugal, os que não têm automóvel, ou não o usam, não devem pagar todos os custos associados à construção e gestão das auto-estradas. Se se pretende discriminação geográfica e o reforço da competitividade do Norte no quadro nacional, que se favoreça antes de mais o Tâmega (e que se encontre outras formas), porque, a meu ver, perde-se capacidade reivindicativa para o Porto e para o Norte ao se pretender vantagens para quem vive ou usa a via rodoviária rápida mais encostada ao mar, numa desigualdade inaceitável (até para galegos) com os utilizadores (e empresas) da ligação Valença - Ponte de Lima - Famalicão - Porto ou Amarante - Penafiel - Paredes - Porto, assim como com todos os portugueses que não têm automóvel e tantas e tantas outras empresas!
A próxima sessão do transparência hackday realiza-se no próximo sábado à tarde no hacklaviva. Para quem não conhece, o objectivo deste projecto é explorar a informação pública e criar mecanismos para que os cidadãos consigam criar algum conhecimento a partir do grande volume de informação que alguns sites governamentais disponibilizam.
Neste momento temos 2 projectos em curso que trabalham a informação do site da Assembleia da República. Através de um dos projectos que anda à volta da actividade dos deputados, já disponibilizamos um serviço ultra-básico que permite a exploração dessa informação e, inclusive nos permitiu criar estas visualizações sobre os Nomes dos deputados e as suas Profissões.
O outro projecto visa explorar a informação do diário da Assembleia da República que contém as transcrições das sessões da assembleia. A ideia é conseguir responder a um conjunto de perguntas diferentes das que aparecem por exemplo nas estatísticas que o parlamento divulga anualmente.
São projectos que têm naturalmente uma vertente tecnológica por trás mas que também vão precisar de outro tipo de competências para chegar a bom porto, sejam designers, jornalistas, estatísticos, ou qualquer pessoa que ache este tema interessante. Apareçam que nós conseguimos arranjar algo para vocês fazerem.
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blog.osmeusapontamentos.com
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Luís Gomes e Alexandre Burmester – ambos com razão!
De facto aqui o Porto está a passar um mau bocado e o continuado folhetim do Centro Materno-Infantil do Norte, o mais actual do que por aqui acontece, é mais um episodio. Triste episódio! Nunca achei que Rui Rio não fosse sério. Nunca achei também que fosse um bom Presidente para a CMP. Se a seriedade é uma necessidade e Rui Rio tem-na, quanto a isso nunca deu provas em contrário, bem pelo contrário – as verdades dizem-se! - teria de ter muitos mais atributos para ser um Presidente que fizesse mais pelo Porto, e não fez, e já nem vai fazer. E pena é, se quando sair não vier por votos para o Rui Moreira! Note-se que estou à vontade dado que nunca votei pelas áreas de Rui Rio, nem mais à direita! Logo não estou a defender o que quer que seja de establishment político. Mas vejo no Rui Moreira a pessoa agora indicada para fazer mais pelo Porto, dado que é também sério, não quer protagonismo, dado que o tem tido por mérito próprio ao longo da vida. Logo pode achar-se e está em condiçoes de ser genuinamente pelo Porto! Por certo não vão conseguir ou até não vai querer. E é pena!
E o Porto não vai precisar de revoluções, mas de mais senso e mais vontades unidas pelo Porto e única e exclusivamente pelo Porto, pelo Norte, se não quiser deixar de ser o que ainda pode ser. E não se querem de forma alguma protagonismo em torno de pessoas, mas as pessoas hoje mais capazes paras serem pelo Porto e pelo Norte! Não vamos querer que o Porto seja “o” Norte mas que o Norte seja maior, seja uma força, seja o Norte que o país se habituou a ter, com o Porto incluído e com um crescimento que passa pela Maia, por Gaia, por Matosinhos, por Guimarães, por Braga, por Famalicão, por Caminha, e sendo o Porto ainda o Porto, enquanto é tempo tem espaço para ser parte do Norte unido em torno do progresso, do desenvolvimento, do país que não sempre centralizado em Lisboa!
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Está a decorrer e muito bem no Museu da Presidência (Lisboa) uma exposição de Carros de Chefes de Estado. Como é evidente estas exposições têm o mérito de a todos nós – simples anónimos cidadãos – ser possível através destas viaturas conhecer a nossa história recente, que muitos nunca conheceram e outras depressa esqueceram! Sendo que este género de eventos não deve ser privilégio sempre e só da capital, de Lisboa, onde tudo sempre mais fácil e ao que observamos mais “obviamente” vai acontecendo e acontece.
Ao que parece, o Museu da Presidência tenciona estacionar esta colecção no Porto, no Museu dos Transportes – Alfândega – estando ainda a ser afinada a ideia. Esperemos que pelo mais baixo custo para o erário público a ideia fique bem afinada e que aqui no Norte possamos ver também esta exposição e, se não for no Porto, que seja em Gaia, em Braga, em Famalicão, em Guimarães, em Vila Real, na Régua, mas seja aqui no Norte. De cá agradecemos.
Augusto Küttner de Magalhães
Um dia, Gaia, Matosinhos e Maia vão oferecer ao Porto a possibilidade de voltar a ser cidade. Não será porque qualquer um dos seus Presidentes se candidate ao Porto, será mais pelo simples facto dos seus habitantes o tomarem de assalto, como o fazem na noite e nos fins-de-semana junto ao Mar (e ainda bem), e será sobretudo porque estas cidades crescem e irão tornar-se maiores e mais importantes que o Porto, a este restará o privilégio de estar mesmo no centro estratégico.
Nunca suspeitei que pudesse haver uma administração Camarária no Porto tão cheia de medos e de fantasmas, e pudesse fazer tão pouco pela cidade. Não fosse sempre o Porto a “cidade do Norte”, a tal “Invicta”, e não devesse ter um peso e uma voz forte em contraposição ao centralismo e às opções do governo. Confesso que não me lembro, e já conheci muitas Presidências nesta cidade, de uma que pautasse por tanta inactividade. Os Vereadores quando mostram algum serviço levam com os patins e são despedidos. Só em Vereadores do Urbanismo já vamos no 4º. A quebra em taxas de Urbanismo na Câmara deve ser superior aos 60%. Espero que não chegue para pagar os salários de tanta gente, e espero que o Rui Rio cumpra o que preconiza para o País, isto é, baixe as despesas da Câmara.
Tirando as querelas e os eventos pimba espalhados pela cidade, nada mais acontece. Não há reabilitação, não há animação do comércio de rua, não há requalificação urbana, não há soluções inteligentes para os bairros camarários, não há uma política de transportes, não há urbanismo (só PDM), e nem mesmo uma política para uma rua que seja. Não há soluções urbanas consistentes.
Como não se podem fazer revoluções só resta deixar acabar este mandato, porque aqui o Rio não pode continuar, e esperar que a burrice popular não volte a votar nos mesmos populistas. Que venham os próximos. E espero, o que já aqui disse antes, que o Rui Rio vá a Ministro das Finanças ou algo parecido, porque com aquele jeito que tem de “conversador e apaziguador”, talvez consiga convencer os professores, os Magistérios, e a excessiva função pública do que é necessário. Talvez consiga fazer de contabilista que é o que este País precisa.
Boas férias
Alexandre Burmester
O dossier do novo hospital pediátrico do Norte arrasta-se há demasiado tempo, como todas as boas novelas à portuguesa. Essa boa novela precisa claro de Luís Filipe Menezes.
A CMP possui um entendimento sobre como e onde deve ser o referido equipamento. O Governo tem um entendimento diferente. Tome-se como exemplo a escolha por um organismo público, a Universidade do Porto, versus a CMP. Hoje percebemos a asneirada que foi concentrar um conjunto de faculdades na Asprela. As urbanizações cresceram desordenadas, como cogumelos e ao sabor dos interesses imobiliários. De tal forma que até a estação de metro do Pólo da Asprela foi de inserção difícil na malha urbana.
Parece-me natural concentrar conceitos conexos: CMIN junto da Maternidade Júlio Dinis. Não deixa de fazer menos sentido o CMIN junto do HSJoão, pois sendo este um equipamento para o Norte, faz sentido estar o mais próximo das rodovias de ligação aos principais eixos do Norte. Justifica-se uma alteração do PDM? Eu creio que sim. Aliás nesse ponto eu concordo que a actuação da CMP foi pouco acauteladora, uma vez que à data de revisão do último PDM (2005, creio) poderia e dever-se-ia ter criado condições para que, em ambas as localizações, os obstáculos fossem eliminados.
Termino este post voltando ao início: estou absolutamente convencido que Luís Filipe Menezes será o escolhido por Passos Coelho para ir a votos no Porto. Não compreendo, por isso, como é que se continuam a alimentar folhetins Porto - Gaia. "Gaia quer", "Gaia oferece", "Gaia lança", sempre numa atitude de "o meu carro é melhor do que o teu". Gaia tem a sua obra, o seu caminho feito desde há muitos anos, a obra está feita. São cidades complementares, e não concorrentes.
Abraço
Luís Gomes
- O caderno "Cidades" do Público de hoje foca os blogs locais:
- Post a post se muda a cidade
- Perfis
- Há países onde um blogue local é o blogue de uma rua ou de um bairro
- Ruin'Arte, via A Barriga de um Arquitecto (ver vídeo do Expresso também)
- "Um primeiro passo", se calhar no sentido errado: o “Desenho e realização de bairros para populações com baixos rendimentos” ou é aplicado a toda a população, ou então repete o erro dos bairros sociais. Já tenho comentado o assunto, por exemplo no JN.