De: Pedro Lessa - "Mentalidades"
Caro FRAntunes
Eu percebi bem o que quis dizer no seu post. Tanto eu como o Francisco sabemos que existem comerciantes, ou associações entre eles, em certas zonas que já fazem esse serviço voluntário. É certo que são precisas muitas mais.
O meu desabafo foi no sentido que, precisamente por existirem esses esforços por parte de alguns comerciantes, geralmente atribuem-lhes as responsabilidades de todo o mal do comércio tradicional e por conseguinte generaliza-se.
Outro aspecto do meu desabafo refere-se também à enorme injustiça relativamente à situação de se pagarem impostos para evitar precisamente esse "serviço voluntário forçado". Os comerciantes não têm esse dever de limpar as ruas, e no entanto alguns ainda o fazem. E depois são esmagados, é o termo, com todos os impostos e obrigações para com o Estado. E o Estado é implacável com quem não cumpre (e deve-o ser). Daí eu desabafar que também devemos ser implacáveis com o Estado porque não está a cumprir (englobo neste Estado as Câmaras, claro). E no entanto gastam-se milhões em corridas de carrinhos e os serviços de limpeza com tantas dificuldades. E, para cúmulo, estes senhores ainda nos aparecem com aquele risinho cínico como se tivessem feito a obra que a cidade espera há anos.
O Francisco com certeza que tem conhecimento de todas as taxas ridículas que uma câmara obriga os comerciantes, que por exemplo vai desde a obrigação de se ter uma licença para ter música no espaço comercial, até à licença para se poder colocar na montra um cartaz a anunciar saldos. Já para nem falar no tempo perdido com a burocracia de tais actos.
Já aqui há uns tempos falei nisso, no voluntarismo de alguns comerciantes, existindo como bom exemplo a Assoc. dos Bares na Ribeira. Muitas vezes apresentam-se projectos que deviam ser pagos pela câmara e que no entanto para além de a câmara não o fazer ainda olha de lado para tais voluntarismos como ainda se dão ao luxo de torpedear qualquer iniciativa.
O panorama é muito negro, só não vê quem não quer. E o problema maior não é a Reabilitação de edifícios mas a Reabilitação de mentalidades. Situações inadmissíveis continuam a acontecer no comércio do Porto. Que melhor exemplo precisa para ilustrar a negra situação, quando o exemplo que deu (e muito bem, para mim aquela pastelaria era para fechar) é considerado aqui no blog como despropositado?
Antes das atitudes é imperioso mudar mentalidades.
Cumprimentos,
Pedro Santos Lessa.
pedrolessa@a2mais.com