De: Pedro Figueiredo - "Equipamentos"
CASA CINEMA MANOEL DE OLIVEIRA- A casa de cinema Manoel de Oliveira tem a enorme desvantagem de se localizar - quem sabe - num dos sítios menos interessantes para um equipamento de uso público: atrás de uns condomínios, entalada entre um estranho jardim perto da Católica e uns prédios e outros, por entre um conjunto de vivendas... Não basta ser na Foz, não basta ser na zona ocidental para se estar numa "boa-zona". Muito naturalmente, parece ter sido um caso de facilitismo relativamente ao terreno que estaria disponível com as condições possíveis, não as condições necessárias. Mesmo que abrisse estaria fadado a não resultar, aparentemente pela má e escondida localização. Com a perda de massa crítica da cidade, só um lugar central e que concentrasse várias valências desse mesmo "cinema" (Cineclube + Casa Manoel de Oliveira + outra coisa qualquer) teria dignidade e representação.
CINEMA BATALHA - É incompreensível que se diga - como já ouvi várias vezes - que "o Cinema Batalha é um problema não-público" (só) porque a sua posse é privada. Como é que aquele edifício (e não outro), naquele lugar (e não noutro) pode alguma vez não ser do mais alto interesse público, que possa eventualmente justificar - quem sabe, a sua nacionalização, a sua municipalização, a sua ocupação por comodato ou outra situação mais ou menos criativa que faça jus à sua grave situação, aparentemente surreal. O carácter privado daquela propriedade é assim tão sagrado que justifique a perda não-reparável daquele recurso?
TEATRO CAMPO ALEGRE - O Teatro do Campo Alegre é outro equipamento que fica "tão bem localizado" que apetece tanto lá ir... entalado também entre o nó da auto-estrada e o viaduto, por entre ruas inóspitas e sem casas. Quem lá ouse ir de autocarro e saia no final das sessões, terá autocarro? E quanto esperará?
CASA DAS ARTES - Não há explicação possível nem plausível que justifique que um equipamento daqueles e com aquela arquitectura estivesse fechado 9 anos... para "reparar o telhado". "Temos portanto excesso de cinemas no Porto", está visto. Eram 64 em Lisboa e 16 no Porto em 1985 e eu já achava poucos quando tinha dez anos.